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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Já dizia Maquiavel - Estratégias nada novas para escândalos sempre atuais


Já dizia Maquiavel

A relação entre o povo e a política pauta-se por alguns fatores que invariavelmente moldam as ações e reações de ambos os lados. Destaco: necessidades, desejos, medo e confiança.
A relação com os desejos e as necessidades manifesta-se na velha prática do escambo entre propostas e votos. Os políticos surgem com suas propostas e promessas, e o povo, a partir de suas necessidades e desejos, troca seu voto pela aspiração de saciar suas demandas. Fatalmente essa relação influenciará direta ou indiretamente nos outros fatores, elencados logo acima, visto que proposições não cumpridas podem incorrer na perda da confiança instaurada entre eleitor e candidato.
Quanto ao medo e à confiança, estamos passando por uma revolução destas relações, invertendo papéis e obrigando as partes a adotarem novas posturas e estratégias no intuito de equalizarem as energias despendidas por ambos os lados.
Sobre o medo, e refiro-me ao medo de perseguições e de medidas que prejudiquem a coletividade, podemos perceber uma inversão de posições, pois boa parte da população encontra-se menos oprimida em sua clausura social, apartada do mundo das informações e dos direitos, passando a poder manifestar seus dramas para os quatro cantos do mundo pela internet, e pelas mídias que se vêem obrigadas a divulgar os fatos com maior fidelidade, por serem confrontadas pelos fiscais da verdade - os próprios envolvidos nos fatos e que agora também produzem e editam seus conteúdos – transferindo assim o temor, para o reverso da moeda.
São agora os opressores que precisam lidar com a possibilidade de se verem enredados em crises capazes de ocasionar-lhes terríveis pesadelos, são os amedrontadores que passaram a temer grampos, arapongas, passarinhos tuiteiros e demais artimanhas populares de mobilização e revolta.
A questão da confiança, que perpassa todas as outras citadas neste texto, rege-se pelo gangorrear de informações e desinformações que circulam pelos canais oficiais ou não de comunicação. Com a exposição ostensiva de todos os atores políticos, ora propositais, ora inadvertidamente, pode transmutar seguidores em perseguidores, aliados em algozes e caçadores em caça diante dos olhos inquisidores dos votantes da nação.
Na esfera política, onde seus players são cada vez mais obrigados a conviverem com múltiplos olhos sobre suas condutas, apoios e abstenções, um passo mal dado, uma fala fora de hora, um afago na cabeça errada pode custar arranhões de credibilidade que fatalmente doerão lancinantemente nas urnas.
Em tempos de CPMI X Mensalão, de cachoeiras pluripartidárias que deságuam em cargos públicos, veículos de comunicação, empreiteiras, e se aprofundam nos três poderes, também surge o jogo do ”quem desiste primeiro”, onde todos querem acusar, na tentativa de intimidar os oponentes fazendo-os cessar suas investidas. Sendo assim, vemos acusados querendo ser acusadores, usando suas siglas para instaurar ou presidir comissões de inquérito, se antecipando aos oponentes e pedindo esclarecimentos aos seus apaniguados, atos que para alguns, são mais estratégias de defesa do que realmente indignação e busca pela verdade, talvez uma adaptação do famoso cavalo de tróia, que carregava em si a estratégia para derrubar as defesas do oponente.
Reforço meus apontamento com os dizeres de um dos maiores estrategistas políticos da história da humanidade, Nicolau Maquiavel, que, em uma época de impérios monárquicos, teve a lucidez de postular estratégias para manutenção do poder, o qual sabemos também ser objetivo primário dentro da política. Chamo uma reflexão que pode deixar várias pulgas atrás das orelhas de nosso povo, mas que certamente se faz importante, pois já estamos todos cansados de pizzas e fumaça. Disse: “Quando precisa, até o diabo passa por santo!”

Marcos Marinho
Consultor e professor de Marketing Político.
twitter: @marinhomkt

3 comentários:

  1. Marcos, confesso que desta vez precisei ler seu artigo duas vezes para entende-lo. A primeira vez fiquei completamente perdido, na segunda pelo contrário fiquei em nostalgia com a perspectiva que o mesmo apresentou. Quando abri a caixa de texto para escrever tudo o que me veio na cabeça o "fera" que trabalha aqui na agência tirou toda a minha concentração para falar durante 20min do jogo do Goiás e do Atlético Mineiro que aconteceu ontem. Então vou reler o texto novamente para assim poder expressar o que queria a poucos minutos atrás. ¬¬

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  2. Agora sim...

    Marcos, primeiramente parabéns por outro excelente artigo. Estas relações que moldam as ações e reações de ambos os lados de nossa política: Necessidades, desejos, medo e confiança, o que vem em primeiro lugar? Será que é o medo do resultado de uma CPI? No submundo de nosso cenário político nossos ratos, ops, nossos representantes pela primeira vez estão aprendendo a rebolar, enrolar e desenrolar com um só movimento. E a confiança? Essa que ficou quase que duas décadas em primeiro lugar, agora nem se ouve falar depois que a polícia federal conseguiu as escutas telefônicas. Como você disse, a necessidade agora é de apontar, se quem tem boca vai a Roma, quem tem dedo não vai a CPI. O brasileiro depois que aprendeu a usar as redes sociais deixou de ter apenas dois olhos e parou de ter medo para ter desejo de mudança. Mas no final, com quem fica a responsabilidade das necessidades? E eu que pensava que essa ficava em primeiro lugar, acabou ficando em último hem...

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  3. GRANDE MM... tenho muito a aprender com vc man!!!
    Excelente texto, PARABÉNS!!!

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