Desistiu-se de ensinar a pescar?
Em atendimentos ao mercado
empresarial, através de minha empresa de consultoria, tenho partilhado das
agruras enfrentadas pelos empresários, geradas em sua maior parte por políticas
equivocadas e impostos acochantes, praticados pelos governos.
Dentre as demandas que me são
trazidas durante os atendimentos, destaca-se sobremaneira a falta de
mão-de-obra. Entendam que não me referi à mão-de-obra especializada, pois é
claro que essa também é escassa, falo de trabalhadores sem qualificação
técnica, destreinados, com conhecimentos primários que possuam em si simplesmente
o desejo de conquistarem seu sustento de maneira digna, através do esforço e da
dedicação pertinentes aos trabalhadores dessa nação.
Sabemos que temos praticamente
dois caminhos para suprimir a carência de profissionais dentro das empresas:
treinamos e formamos ou buscamos no mercado. O problema é quando esse
profissional não está disponível ao mercado, quando não encontramos pessoas
ávidas pelo crescimento pessoal e profissional, e dispostas a serem treinadas e
preparadas para incorporar as frentes de trabalho. Quando a maior dificuldade
das empresas reside, não na disponibilidade para treinar, mas na inconteste
ausência de pessoas interessadas em ocupar os postos disponíveis de trabalho,
surge uma questão: Como se explica a relação entre o excesso de vagas ociosas
no mercado de trabalho, e mais uma vez reforço que cito as vagas que não exigem
experiência ou capacitação técnica, e o excesso de “bolsas” e políticas assistencialistas
custeadas pelo dinheiro público?
De antemão deixo claro que não
sou contrário às ações que visam proporcionar condições melhores de vida aos
carentes e necessitados, levanto este questionamento por perceber que na
prática esse critério é bastante distorcido e, portanto, além de não acessar a
todos os carentes e necessitados, também cria uma massa de “ociosos
remunerados” que vêem na dependência contínua dos cartões distribuídos pelo
governo uma forma de renda mais fácil e menos extenuante que o bater ponto em
obras ou no chão de fábricas e oficinas mecânicas.
Obviamente que muitas pessoas são
dependentes das ações sociais a revelia de suas vontades, possuem limitações de
outras ordens que realmente as impedem de ocupar um posto de trabalho e que,
infelizmente, são obrigados a compartilhar as verbas assistencialistas com
pessoas que se escondem nas brechas do sistema, na falta de fiscalização dos
programas e até na articulação espúria de políticos que fraudam as listas de
destinatários destes recursos.
Contrasensual é a palavra que me
surge ao analisar este cenário. Em um país onde políticos de todas as siglas, apresentam
mais e mais “bolsas” alegando uma necessidade de inclusão social das pessoas
que vivem à margem da sociedade, ou simplesmente porque esse tipo de bandeira
agrega votos, viver uma crise de mão-de-obra em vários, se não todos os segmentos
da indústria e comércio, me parece paradoxal. Apoio-me em informações colhidas
em reuniões com diversos empresários de vários segmentos, de contatos com
representantes de instituições como o IEL e SENAI, de leituras nos periódicos e
acompanhamento diário de toda mídia.
Não prego a extinção do apoio aos
carentes, nem condeno as iniciativas governamentais de inclusão social e
melhora das condições básicas de vida para esses brasileiros, suscito sim a
reflexão sobre a necessidade de equalização de esforços, onde toda
“bolsa-sei-lá-o-quê” sirva de fonte de cadastro, fiel, para direcionar seus
beneficiários em condições produtivas aos postos vagos dentro das empresas que
geram grande parte do custeio destas mesmas bolsas, através de seus impostos
pagos. Temos visto que políticas assistencialistas carregam em si benefícios
que acarretam, em muitos casos, o esvaziamento das filas de emprego e dos cadastros
profissionais, gerando uma massa de “ociosos profissionais” que ao fazerem a
soma dos saldos nos cartões de programas assistencialistas percebem aí um
“emprego” com melhor custo-benefício que o oferecido pelas empresas.
Marcos Marinho
Consultor no projeto Empreender do SEBRAE-GO
e professor de marketing na
Faculdade Alfa.
@marinhomkt
mmarinhomkt.blogspot.com.br
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