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terça-feira, 24 de abril de 2012

Desistiu-se de ensinar a pescar? - Governos assistencialistas e sua geração de vagas ociosas no mercado de trabalho.


Desistiu-se de ensinar a pescar?

Em atendimentos ao mercado empresarial, através de minha empresa de consultoria, tenho partilhado das agruras enfrentadas pelos empresários, geradas em sua maior parte por políticas equivocadas e impostos acochantes, praticados pelos governos.
Dentre as demandas que me são trazidas durante os atendimentos, destaca-se sobremaneira a falta de mão-de-obra. Entendam que não me referi à mão-de-obra especializada, pois é claro que essa também é escassa, falo de trabalhadores sem qualificação técnica, destreinados, com conhecimentos primários que possuam em si simplesmente o desejo de conquistarem seu sustento de maneira digna, através do esforço e da dedicação pertinentes aos trabalhadores dessa nação.
Sabemos que temos praticamente dois caminhos para suprimir a carência de profissionais dentro das empresas: treinamos e formamos ou buscamos no mercado. O problema é quando esse profissional não está disponível ao mercado, quando não encontramos pessoas ávidas pelo crescimento pessoal e profissional, e dispostas a serem treinadas e preparadas para incorporar as frentes de trabalho. Quando a maior dificuldade das empresas reside, não na disponibilidade para treinar, mas na inconteste ausência de pessoas interessadas em ocupar os postos disponíveis de trabalho, surge uma questão: Como se explica a relação entre o excesso de vagas ociosas no mercado de trabalho, e mais uma vez reforço que cito as vagas que não exigem experiência ou capacitação técnica, e o excesso de “bolsas” e políticas assistencialistas custeadas pelo dinheiro público?
De antemão deixo claro que não sou contrário às ações que visam proporcionar condições melhores de vida aos carentes e necessitados, levanto este questionamento por perceber que na prática esse critério é bastante distorcido e, portanto, além de não acessar a todos os carentes e necessitados, também cria uma massa de “ociosos remunerados” que vêem na dependência contínua dos cartões distribuídos pelo governo uma forma de renda mais fácil e menos extenuante que o bater ponto em obras ou no chão de fábricas e oficinas mecânicas.
Obviamente que muitas pessoas são dependentes das ações sociais a revelia de suas vontades, possuem limitações de outras ordens que realmente as impedem de ocupar um posto de trabalho e que, infelizmente, são obrigados a compartilhar as verbas assistencialistas com pessoas que se escondem nas brechas do sistema, na falta de fiscalização dos programas e até na articulação espúria de políticos que fraudam as listas de destinatários destes recursos.
Contrasensual é a palavra que me surge ao analisar este cenário. Em um país onde políticos de todas as siglas, apresentam mais e mais “bolsas” alegando uma necessidade de inclusão social das pessoas que vivem à margem da sociedade, ou simplesmente porque esse tipo de bandeira agrega votos, viver uma crise de mão-de-obra em vários, se não todos os segmentos da indústria e comércio, me parece paradoxal. Apoio-me em informações colhidas em reuniões com diversos empresários de vários segmentos, de contatos com representantes de instituições como o IEL e SENAI, de leituras nos periódicos e acompanhamento diário de toda mídia.
Não prego a extinção do apoio aos carentes, nem condeno as iniciativas governamentais de inclusão social e melhora das condições básicas de vida para esses brasileiros, suscito sim a reflexão sobre a necessidade de equalização de esforços, onde toda “bolsa-sei-lá-o-quê” sirva de fonte de cadastro, fiel, para direcionar seus beneficiários em condições produtivas aos postos vagos dentro das empresas que geram grande parte do custeio destas mesmas bolsas, através de seus impostos pagos. Temos visto que políticas assistencialistas carregam em si benefícios que acarretam, em muitos casos, o esvaziamento das filas de emprego e dos cadastros profissionais, gerando uma massa de “ociosos profissionais” que ao fazerem a soma dos saldos nos cartões de programas assistencialistas percebem aí um “emprego” com melhor custo-benefício que o oferecido pelas empresas.

Marcos Marinho
Consultor no projeto Empreender do SEBRAE-GO
 e professor de marketing na Faculdade Alfa.
@marinhomkt
mmarinhomkt.blogspot.com.br

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