Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Mataram o “por quê?”

Entendo como salutar para a evolução pessoal, e social, questionarmos as realidades que entremeiam nossas vidas e direcionam nossas ações e reações. Somos seres guiados por opiniões e percepções, que muitas vezes nos são introjetadas sem nossa consciente anuência.
Vivemos em um mundo de informações que circulam e se chocam com nossos olhos e ouvidos a uma velocidade cada vez mais rápida. Sem termos, muitas vezes, condição de identificar a placa da informação que nos atropelou, temos incorporado às nossas convicções vários paradigmas que não são por nós questionados antes de serem postos na direção de nosso comportamento cotidiano.
A reflexão e o questionamento são os maiores benfeitores da humanidade. O homem apenas alcançou o estágio atual de evolução social e tecnológico em que vivemos por ter, em algum momento, questionado os parâmetros e convicções vigentes em seu tempo, a ponto de confrontá-los e vencê-los. A não aceitação de conceitos e, ainda pior, pré-conceitos, associada à coragem de desconstruir as “verdades” que os detentores do poder usavam para doutrinar, foi preponderante para que a humanidade superasse diversas amarras que lhe coibia a evolução.
Trago neste texto minha angústia por constatar a ausência de reflexão e questionamento entre as pessoas desta geração. Analisando a atitude dos jovens presentes em minhas salas de aula, bem como o comportamento de vários outros grupos sociais em interações mediadas pela internet e suas redes sociais, e também reproduzido em conversas ouvidas nas ruas, filas e demais ambientes públicos, constato a morte do “Por quê?”.
Atribuo grande parte da culpa deste homicídio ao sistema educacional que bitola nossas crianças. Sim, está mais do que comprovado que nosso sistema não estimula a investigação, o questionamento, o desenvolvimento de alternativas e inovações. Colhemos isso nas faculdades e no mercado de trabalho, onde vemos a marcha uníssona de trabalhadores pasteurizados e limitados ao programa que lhes é inserido. Como nos disseram há tempos: “just a brick in the wall”.
Aliada ao despreparo produzido pela educação que nos é posta, temos a alienação fornecida e fomentada pelos governos que, com suas suntuosas verbas de comunicação, direcionam e reproduzem suas verdades de modo que ocupem cada vez mais espaço nas mentes dos eleitores/cidadãos, iludindo-os e convencendo-os a não questionarem, sequer, a possibilidade das coisas serem feitas de outra forma, a possibilidade de termos uma vida melhor, mais justa e digna para todos.
Trago neste texto, também, o pedido para que você duvide de tudo o que transcrevi nas linhas acima. Peço a você que inicie um processo que questionamento sobre todos os paradigmas que moldam e guiam sua vida. Rompa o silêncio dos seus pensamentos, retire os óculos que lhe foram colocados durante sua formação social, examine os dogmas que te proíbem de ser diferente. Ao final, o que espero, é que várias coisas sejam confirmadas e continuadas simplesmente por te fazer feliz. Mas também espero, com maior paixão, que suas dúvidas te convidem para uma nova jornada onde as descobertas o guiarão para a vida que você merece viver.
Marcos Marinho

Professor e Analista político