A política e a arte do ilusionismo
Agora você vê,
agora não! Esta frase é célebre entre aqueles que se encantam pelas artes
fantásticas dos mágicos e ilusionistas que deslumbram platéias em vários cantos
do mundo. Tristemente quase não temos nos dias atuais as grandes lonas
circenses percorrendo as cidades de nosso Brasil.
A arte do
ilusionismo proporciona aos espectadores uma experiência fantástica, produz
surpresas e encantamentos, justamente por transmutar nossas expectativas em
algo inusitado. Sabemos que o sucesso de um número de ilusionismo depende
completamente da desatenção dos espectadores, do piscar dos olhos, do ofuscar
das luzes que entorpecem os sentidos da platéia no momento exato, e durante o
tempo necessário, para que o truque se complete.
Não obstante
podemos encontrar na política grandes atos de ilusionismo. Neste caso, somente
se não piscarmos ou deixarmos nossos olhos se ofuscarem com pirofagias e
pirotecnias, perceberemos as manobras midiáticas que tentam minar nossa expectativa
de vermos respondidas nossas inquisições, transformando-a em luzes, fumaça e
lama para encobrir escândalos, transformando-os em novos escândalos.
Quando o povo,
impassível na platéia dos acontecimentos, com seus olhos e sentidos ávidos pelo
desenrolar do número político, pelo desvendar de todo mistério, acredita ter
chegado ao clímax do espetáculo - boom, flash, click, clap - mais uma série de
sons e luzes, de gritos e sussurros que fazem percorrer entres as fileiras de
atônitos uma nova expectativa: será um novo espetáculo?
Não, o espetáculo
continua. As luzes, fogos e fumaça apenas ajudam aos atores do primeiro ato a
saírem coxia adentro, dando lugares aos novos atores, àqueles que os
substituirão sob as luzes da ribalta, e neste momento nossa platéia já não mais
se lembra do ato antecedente.
Neste cenário
político dirigido por sagazes diretores, que tem ao seu dispor toda
parafernália midiática, econômica e jurídica que lhes permitem tocar o
magistral número de ilusionismo é que a ilusão se manifesta.
Como explicar
o desaparecimento de mensaleiros que há bem pouco tempo se contorciam para
escapar de correntes e cadeados, antes de serem defenestrados pela mídia, nos
palcos das CPIS brasilienses, e que se valeram de uma cachoeira pirotécnica que
inundou os palcos e lhes deu a oportunidade de serem substituídos por
senadores, governadores, deputados, vereadores, empreiteiros, arapongas, e todo
um séquito de funcionários públicos e outros “bichos”? Ilusionismo? Estratégia?
Artimanhas que favorecem ao espetáculo político, que obscurecem e entorpecem os
sentidos da nação, e lhes permitem prosseguir com seus shows espúrios, com suas
cobranças indevidas dos tickets (votos) pagos pelo povo brasileiro, a fim de
participarem deste espetáculo de engodos, permanecendo como ludibriados que, em
um momento estão vendo, e no outro, não.
Marcos Marinho
Consultor e professor de marketing político.
@marinhomkt
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