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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Se os jornais não publicam, vai pro blog! - A política e a arte do ilusionismo


A política e a arte do ilusionismo

Agora você vê, agora não! Esta frase é célebre entre aqueles que se encantam pelas artes fantásticas dos mágicos e ilusionistas que deslumbram platéias em vários cantos do mundo. Tristemente quase não temos nos dias atuais as grandes lonas circenses percorrendo as cidades de nosso Brasil.
A arte do ilusionismo proporciona aos espectadores uma experiência fantástica, produz surpresas e encantamentos, justamente por transmutar nossas expectativas em algo inusitado. Sabemos que o sucesso de um número de ilusionismo depende completamente da desatenção dos espectadores, do piscar dos olhos, do ofuscar das luzes que entorpecem os sentidos da platéia no momento exato, e durante o tempo necessário, para que o truque se complete.
Não obstante podemos encontrar na política grandes atos de ilusionismo. Neste caso, somente se não piscarmos ou deixarmos nossos olhos se ofuscarem com pirofagias e pirotecnias, perceberemos as manobras midiáticas que tentam minar nossa expectativa de vermos respondidas nossas inquisições, transformando-a em luzes, fumaça e lama para encobrir escândalos, transformando-os em novos escândalos.
Quando o povo, impassível na platéia dos acontecimentos, com seus olhos e sentidos ávidos pelo desenrolar do número político, pelo desvendar de todo mistério, acredita ter chegado ao clímax do espetáculo - boom, flash, click, clap - mais uma série de sons e luzes, de gritos e sussurros que fazem percorrer entres as fileiras de atônitos uma nova expectativa: será um novo espetáculo?
Não, o espetáculo continua. As luzes, fogos e fumaça apenas ajudam aos atores do primeiro ato a saírem coxia adentro, dando lugares aos novos atores, àqueles que os substituirão sob as luzes da ribalta, e neste momento nossa platéia já não mais se lembra do ato antecedente.
Neste cenário político dirigido por sagazes diretores, que tem ao seu dispor toda parafernália midiática, econômica e jurídica que lhes permitem tocar o magistral número de ilusionismo é que a ilusão se manifesta.
Como explicar o desaparecimento de mensaleiros que há bem pouco tempo se contorciam para escapar de correntes e cadeados, antes de serem defenestrados pela mídia, nos palcos das CPIS brasilienses, e que se valeram de uma cachoeira pirotécnica que inundou os palcos e lhes deu a oportunidade de serem substituídos por senadores, governadores, deputados, vereadores, empreiteiros, arapongas, e todo um séquito de funcionários públicos e outros “bichos”? Ilusionismo? Estratégia? Artimanhas que favorecem ao espetáculo político, que obscurecem e entorpecem os sentidos da nação, e lhes permitem prosseguir com seus shows espúrios, com suas cobranças indevidas dos tickets (votos) pagos pelo povo brasileiro, a fim de participarem deste espetáculo de engodos, permanecendo como ludibriados que, em um momento estão vendo, e no outro, não.

Marcos Marinho
Consultor e professor de marketing político.
@marinhomkt

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