Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Três semelhanças entre Paulo Garcia e Marconi Perillo.


A política goiana há muitos anos vive uma dicotomia que antagoniza PT/PMDB e PSDB/Aliados. Por tempos essa oposição se deu de forma ideológica, contrapondo planos de governo e poder. As imagens até então trabalhadas por ambos os lados buscavam distanciar-se umas das outras a fim de que os eleitores identificassem facilmente seus representantes legítimos.
 Pudemos ver um “tempo novo” surgindo e assumindo o status máximo no estado, mantendo-se direta e indiretamente no poder jazem quase 16 anos. Acompanhamos recentemente uma campanha pautada na “sustentabilidade”, opondo-se ao crescimento desordenado e degradante ao meio-ambiente, propondo ações coerentes, participativas e socialmente inclusivas em busca de uma cidade melhor. Até aqui poderíamos ver diferenças de discurso entre os dois representantes destas ideologias eleitorais. Porém, em análises recentes, pude perceber uma aproximação intrigante entre as imagens apresentadas pelos líderes dos governos municipal e estadual. Seguem:
Primeiro – Ambos parecem pautar seus governos mais em publicidade do que em ações práticas. A atuação midiática do governo estadual e da prefeitura de Goiânia apresenta ao público eleitor realidades fantásticas, que não condizem veramente com as características do local onde vivemos. São pródigos em apresentar estradas sem buracos, CAIS em perfeito funcionamento, intervenções que aperfeiçoam o trânsito e não prejudicam aos comerciantes, entre outras belas ações. Mimetizam as obras que estão paralisadas e os bilhões em “investimentos” que servirão para afundar o estado em dívidas. Parece-me que no tocante à publicidade ambos já leem a mesma cartilha, equivocada.
Segundo – A postura dos que não devem ou precisam se justificar para seus eleitores. Em momentos diversos podemos enxergar este modus operandi nas exposições veiculadas sobre os referidos políticos. Principalmente quando não se apresentam publicamente para justificar posições ou prestar contas e esclarecimentos sobre suas decisões, ainda que amplamente contestadas pelo povo, pelas raquíticas oposições e entidades civis.
Terceiro – Possivelmente o maior ponto de equalização entre Paulo Garcia e Marconi Perillo reside na cooptação de soldados dispostos a lhes defender os interesses. Seja na soturna ALEGO ou na ajoelhada Câmara Municipal de Goiânia podemos ver, a cada votação colocada em pauta, que os interesses dos generais palacianos sobrepujam quaisquer anseios dos pobres, iludidos e mal representados goianos. Independente de manifestações, silenciosas ou barulhentas, as decisões determinadas pelos principais executivos do cerrado são soberanas e encontram respaldo em seus submissos legisladores.
Quanto ao povo, que assiste a quase tudo pelas telas de tv, restam resignação, decepção, esquecimento e, claro, o tradicional pão e circo que ofertam-lhes diariamente a fim de mantê-los alienados e silenciados, aguardando a próxima atração.
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político
Twitter: @mmarinhomkt

quarta-feira, 17 de abril de 2013

PMDB: o capital que faltava ao homem do dinheiro.


Uma das grandes satisfações de um professor é ver o mercado comprovando para seus alunos uma teoria que foi trabalhada várias vezes em sala de aula. Nas turmas de marketing político disseminamos o conceito de que: “não se ganha eleição só com dinheiro, mas também não se ganha sem ele!”. Os últimos acontecimentos da política goiana, mais especificamente o anúncio de filiação de Júnior Friboi - até então PSB - ao PMDB de Iris Rezende, comprova isto.
A junção Friboi/PMDB representa uma associação inequívoca entre capital político (Iris) e capital financeiro (Friboi). Esta composição agrega valores a ambos os lados e mexe com todo o cenário pré- projetado para 2014.
Os anseios dos protagonistas desta união são claros: um deseja ser governador e o outro deseja derrotar o atual governador. Como farão isto, juntos, é que ficará em suspenso, provavelmente até o início do próximo ano.
Outro ponto relevante proporcionado por esta filiação é a diversidade de sentimentos e perspectivas que foram alteradas, em vários atores políticos que tentavam organizar suas trajetórias em direção ao próximo pleito. Estes, possivelmente, precisarão reavaliar suas estratégias e pretensões.
Havia até então uma dúvida sobre a manutenção da fraternidade PT/PMDB em 2014. Ambos alardeavam o lançamento de candidaturas majoritárias, mas nada ainda era concreto. Definitivamente este impasse toma outros contornos. Caberá ao PT assumir a postura de vice, caso o PMDB assim aceite.  Particularmente, pela movimentação da sigla estrelada e pelo próprio momento político, não acredito que isto deva acontecer.
É importante avaliarmos que esta migração do empresário/político para o tradicional partido irista não deve ser recebida apenas com flores e carinhos. Afinal, existem sob o manto do movimento democrático brasileiro vários correligionários almejando há tempos ascender ao posto de protagonista no partido. Não deve estar sendo, pelo menos por enquanto, completamente palatável para os famintos pelo poder o gosto deste estratagema proporcionado pela alta cúpula do partido. Apesar disto, todos sabem que precisam, individualmente e em nível partidário, da nutrição que será proporcionada pelo farto pasto pertencente ao homem acostumado a negociar em arrobas.
Invariavelmente esta movimentação no tabuleiro político goiano obrigará aos outros jogadores interessados nas eleições vindouras  reavaliar suas estratégias. Certamente, até ao atual dono da bola - o governador Marconi Perillo - que até então figurava, mesmo que pela incerteza e falta de nomes opositores, como o mais forte candidato ao certame.
Os próximos movimentos, nas peças dispostas para o embate eleitoral do subsequente ano, cabem às outras correntes partidárias. A situação buscará se fortalecer, terceiras vias tentarão se consolidar, o PT reavaliará suas posturas e opções, e os partidos menos expressivos procurarão aproximar-se dos lados que entenderem com potenciais vitoriosos.
Como sempre, o povo permanecerá assistindo suas novelas, polemizando sobre o preço dos legumes e a orientação sexual das celebridades. Tangidos pela mídia e alimentados com o pão e circo que lhes garantem os assuntos nas rodas e redes de bate papo, os eleitores deixarão para o ano que vem o pensar nisto! Mas só depois da Copa.
Marcos Marinho
Professor e consultor político
Twitter: @mmarinhomkt

sábado, 13 de abril de 2013

Iris Rezende: ele ou ela?



Se existe um ponto pacífico entre os opositores ao governo Marconi Perillo é de que o nome Iris Rezende será definitivo para o alcance de suas pretensões em 2014. Encabeçando chapa ou não, todos reconhecem o peso desta marca para agregação de partidos e reunião de condições para disputa.
Porém um fato passou a inquietar-me de uns tempos pra cá. Passei a perceber uma movimentação nas fileiras Iristas, que até então não havia cogitado: Ele pode ser Ela.
Partindo de conjecturas pessoais e análises da plêiade opositora, pouco combativa, presente em nosso estado, me ocorreu este questionamento: poderia em 2014 o grande general PMDBista Iris Rezende lançar mão de um expediente diferente do que se espera, e projetar a senhora Iris de Araújo à disputa pelo Palácio das Esmeraldas?
É fato que ela não é despreparada para esta empreitada. Com um histórico de vitórias nas urnas e muito envolvimento com a política goiana e nacional, Dona Iris pode ser uma cartada adequada para surpreender a todos no próximo embate Iris vs. Marconi. Se depender de suas últimas exposições midiáticas, esta teoria pode tornar-se real.
Empunhando a bandeira da oposição atuante e destemida, Dona Iris tem puxado orelhas e exortado o levante dos acomodados opositores ao governo. Declarando publicamente que fará a caravana da oposição, mesmo que sozinha, a deputada tem se mostrado firme e disposta a enfrentar o arquirrival de seu marido, em praça pública.
Pelo viés do marketing, vejo nesta estratégia um bom potencial. Teremos em 2014 uma mulher com alto índice de aprovação buscando sua reeleição, Dilma. Este fato pode ser bem utilizado para quebrar paradigmas e resistências dos eleitores goianos mais tradicionais, trazendo na esteira da presidente, a candidata goiana. Teríamos a primeira mulher governadora do estado, ladeada pela primeira presidente mulher do Brasil (duas vezes aprovada pelo povo). Digo isso embasado nas tendências registradas nas últimas pesquisas divulgadas.
Ressalto as variáveis envolvidas nesta proposição: a reconhecida marca Iris Rezende, a possibilidade da primeira mulher no comando do estado, o momento propício e a assumida expectativa do povo por novidade. Adiciono ainda a forte movimentação de Dona Iris, o recuo de seu esposo, e também a possível adesão de JR Friboi que, em minha opinião, pode negociar muito bem sua invasão às terras pouco produtivas do PMDB. Teríamos a junção de muito dinheiro com bom capital político, fatores essenciais para uma boa campanha.
É claro que não posso descartar a possibilidade de Dona Iris estar apenas cozinhando todo mundo, e preparando a ceia para seu general Iris Resende. Mas, de qualquer forma, é interessante observar que mesmo com muitos soldados jovens entrincheirados, a força do exército oposicionista ainda se concentra nas habilidades e estratégias das velhas raposas goianas (em sentido nada pejorativo!).
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político
Twitter: @mmarinhomkt

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Estamos em Passárgada, mas não somos amigos do rei.



Entre tantas referências que compuseram minha formação intelectual, “Vou-me Embora pra Passárgada” de Manuel Bandeira, ocorreu-me quando li uma matéria publicada recentemente na imprensa goiana que falava sobre o paraíso que a ALEGO (Assembleia Legislativa de Goiás) é para os “bem relacionados”.
Ao descobrir que, por força de relacionamentos bem construídos, existem diretores recebendo salários de até R$44 mil, recorri ao célebre autor para entender o quanto ser amigo do rei pode favorecer uma pessoa. Até então, apenas achava o poema do citado imortal uma utopia fantástica.
Ao ler que os nobres ocupantes da casa de leis estaduais aprovaram a criação de novos cargos de diretoria, com salários de fazer inveja aos melhores executivos de grandes empresas nacionais, percebi o valor das “amizades”.
No jogo dos desentendidos, alguns deputados tentaram se esquivar das responsabilidades pela anuência a essa indecência. Mas, em minha cética opinião, deixaram as coisas em um nível ainda pior, pois alegaram não terem visto a votação, lido o projeto. Se não leem os projetos, fazem o quê nas tribunas e mesas do plenário? Que tipo de representação estão prestando aos seus eleitores?
Em um lugar onde tudo o que tange aos cofres, benesses e mordomias dos ocupantes do legislativo, é secreto, vemos a já aprovada Lei de Acesso à informação (LAI Nº12.527) e o Ministério Público relegados ao limbo da desinformação. É ou não um estado dos sonhos para os amigos do rei?
O fato mais importante é que nós, os súditos, continuamos levando nossos tributos - advindos de árduas e mal pagas jornadas de trabalho - aos cofres administrados pelos amigos e conselheiros da corte.
Como não fazemos parte da realeza “ALEGOriana”, o que nos resta é cobrar o pedágio destes que vão se instalar na Passárgada do legislativo em 2014. Devemos lembrar com faixas e cartazes, se preciso for, que no próximo ano todos eles deverão passar por nós para voltarem, ou chegarem, ao paraíso aludido por Bandeira. Vamos deixá-los passar?

Marcos Marinho
Professor e consultor político
Twitter: @mmarinhomkt
e-mail: marcos@mmarinhomkt.com.br