Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Estamos no caminho certo.

Todos nós acompanhamos recorrentes manchetes jornalísticas dando ciência à população de crimes cometidos por elementos públicos, políticos, com mandato ou sem, que utilizaram de seus cargos e poder para corromper, usurpar, dilapidar e formar quadrilhas que lhes permitissem dar vazão à sua sanha por dinheiro e poder.

Ultimamente tornou-se corriqueiro vermos prefeitos, vereadores, deputados, governadores, secretários de várias pastas e até presidentes tendo que dar esclarecimentos à justiça, sendo presos ou conduzidos coercitivamente para prestar depoimento sobre acusações promovidas pelas polícias e Ministério Público.
E aqui preciso chamar sua atenção, leitor. Quando disse no parágrafo acima “ultimamente”, é porque efetivamente os escândalos envolvendo elementos do cenário político passaram a ser amplamente noticiados recentemente. Isso não quer dizer que não existissem antes e, sim que, possivelmente nós, cidadãos, é que nunca fomos informados.

Tenho procurado questionar se estamos realmente descendo ladeira abaixo no âmbito da política nacional, ou se apenas estamos tendo condições de tomar conhecimento de uma realidade que já acontecia nos bastidores do poder há muito tempo.

Com a evolução tecnológica dos meios de comunicação, a dinamicidade do trânsito de informações e o acesso à produção livre de conteúdos informativos, os espaços obscuros da sociedade onde as tramoias e patifarias aconteciam desde que o homem juntou-se em sociedade está diminuindo. Hoje existem milhões de olhos e ouvidos dispostos a flagrar os “mal feitos” dos homens públicos e denunciá-los ao mundo. Antigamente não havia muitas formas de fazê-lo - de expor os podres do poder, por ser o próprio poder o principal mediador da comunicação.

Não sou utópico a ponto de crer que já não existam os bunkers de segredos sórdidos das altas cúpulas do poder político. Mas acredito que a luz há de se espalhar cada vez mais sobre os assuntos que impactam na vida do povo, simplesmente porque parte do povo passou a fiscalizar e vigiar aqueles que deveriam representá-lo com lisura.

Outra ressalva que faço sobre a melhora do cenário político deste país é a atuação forte e assertiva do Ministério Público, respaldada pelas marchas do mês de junho que disseram não à PEC37. Com autonomia e fortalecido pelo aval da sociedade, o MP tem investigado e exposto à sociedade o soturno mundo do poder político.

Toda essa sequência de escândalos também serviu para deixar claro que não existem siglas partidárias que representem a “liga da justiça” ou a “legião do mal”, fazendo uma analogia aos antigos desenhos animados, pois ficou claro que existem corruptos infiltrados, se não em todas, na maioria das legendas políticas. O que nos obriga a conhecer, pesquisar e investigar ainda mais o histórico daqueles que nos pedem o voto.

É fato que o desânimo tem se abatido sobre a sociedade que, de tão enojada pelos acontecimentos midiatizados, passa a renegar o processo político. Todavia, é importante refletirmos sobre um paradigma simples: O que os olhos não veem o coração, de fato, não sente?

A política é uma ciência que prima pelo bem estar da coletividade, a final sua essência é a equalização das diferenças em prol da manutenção da sociedade. Sendo assim, penso que devemos punir os culpados e estimular os inocentes. Estimular que homens e mulheres de bem assumam mandatos, votá-los e não afastá-los da responsabilidade de nos representar, por medo de que se contaminem. A doença não é a política, mas a ganância que está impregnada no homem que não entende ser ele também vítima, por viver nesta sociedade que espolia, do mal que promove ao seu próximo.
Marcos Marinho

Professor e Consultor político.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Pragmáticos ou programáticos, queremos resultados!

 
Está dada a largada para o pleito de 2014. Após o encerramento do prazo para filiações e transferências de partidos, quem tem interesses no próximo certame já se acomodou em algum barco embandeirado pela sigla que melhor lhe atende e, começou sua jornada.

Por certo que a legislação eleitoral apenas permite a campanha durante os três meses antecessores ao dia da votação, mas sabemos que muito há que se organizar, combinar, planejar e viabilizar até chegar o momento de “pôr o bloco na rua” e partir para a batalha pelo voto.

Outra situação determinada pelo avançar do calendário é a imutabilidade do processo eleitoral de 2014, aquele que deveria sofrer modificações apoiadas por uma reforma política consolidada por um plebiscito proposto pela presidente, mas que não saiu do papel, e se configurou em nada mais que bravata para acalmar certo furor que emanava das ruas no mês de junho de 2013.

Em meio ao rebuliço causado pelas idas e vindas de parlamentares que buscavam se escudar no partido que lhes assegurasse mais vantagens, muito se questionou sobre as motivações de algumas alianças. Penso que questionar afinidades ideológicas e programáticas em um sistema com 32 partidos políticos constituídos, que não passam, em sua essência, de mais do mesmo - e onde quase todos os seus agremiados já rezaram outras cartilhas - é demagogia.

Não sou a favor da desqualificação ideológica da política, tampouco defendo o jogo de poder que sobrepujou as causas sociais, mas também não tolero esse falso moralismo propalado por pseudos defensores da essência política. Os mesmos que fazem acordos por baixo dos panos, cooptam seus opositores com dinheiro e benesses, apertam mãos outrora amaldiçoadas em troca de exposição televisiva, e ainda posam de vestais frente aos humildes e carentes de politização.

Não sei se os fins justificarão os meios, mas acredito que só teremos um país digno e com uma política efetiva, no tocante a equalizar as diferenças e produzir satisfação coletiva, com representantes à altura de nossas demandas e sonhos, quando irrompermos essa cortina de fumaça posta pelos senhores feudais do executivo e legislativo, que dominam as casas do povo por décadas a fio.

Devemos promover uma revolução de caras, pensamentos e atitudes. Precisamos quebrar o círculo vicioso do poder, que nos subjuga e oprime, dando início ao círculo virtuoso que trará o povo para o debate politizado, produtivo e verdadeiramente ideológico.

Pragmáticos ou programáticos, o que a população precisa é de atenção, proteção e respeito, não só discurso.
Marcos Marinho

Professor e Consultor Político.