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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

2014 - O ano do Brasil

Estamos em 2014, o ano do Brasil. Decidi abrir este texto com tal frase porque ela realmente representa a maior verdade que poderia escrever sobre o ano corrente.

Certamente alguns leitores já projetaram em suas mentes a imagem da camisa verde e amarela da Seleção que disputará a Copa do Mundo. Digo que não é este o motivo de ser 2014 o ano do Brasil. Simplesmente porque o Brasil a que me refiro não se restringe a um time esportivo, com integrantes que não representam o povo brasileiro, senão nos sonhos de meninos de pés descalços espalhados em campinhos de terra, e que acreditam ser o futebol o único caminho para uma “vida boa”.

Estamos no ano do Brasil, o ano em que poderemos exercer nosso poder, enquanto cidadãos, para decidirmos o futuro desta nação. O maior evento deste ano não é a Copa, mas as eleições.

Nesta disputa o prêmio principal, em lugar de uma taça, são as vidas de 198,7 milhões de pessoas, e todo esforço, trabalho e sonhos que com elas residem, durante, pelo menos, quatro anos.

De que adianta uma taça de ouro, se milhões de pessoas continuam vivendo com medo da violência, sofrendo com transportes públicos indecentes, serviços de saúde indignos, sem escolas e condições de ter uma educação real? Vivem sem perspectivas de evolução e desenvolvimento social. De que adianta gritos de gol, se vivemos presos no trânsito das cidades mal planejadas, se não podemos desfrutar da paga por nossos esforços, pois grande parte do que recebemos é dragado pelos governos para alimentar suas negociatas e joguinhos de toma lá, dá cá?

Não serão os dribles dos jogadores-  absurdamente bem pagos para isso - que acabarão com a corrupção, a dilapidação do erário, a falta de coragem e caráter dos mandatários desta nação, que abandonaram suas funções de representantes do povo para refestelarem-se em banquetes, enquanto pessoas morrem nas ruas cheias de marginais, e marginais morrem nas cadeias cheias de imperadores do crime que nada respeitam e continuam a exercer seu poder paralelo.

Tenho escutado pessoas descrentes do sistema político, alegando que não sabem em quem votar neste ano, afirmando que votarão nulo, ou que nem votarão. Alguns acreditam que ao anular o voto estarão fazendo um protesto que ecoará entre as hierarquias do poder e, de certa forma, ofenderá os políticos bandidos. Ledo engano! O voto nulo não é computado como voto válido, e assim não tem efeito sobre o resultado da eleição. Sobre ser um protesto capaz de mostrar a indignação popular e avexar os políticos que serão eleitos com poucos votos, infelizmente lhes digo que também não surtirá efeito. O mau político, aquele que realmente não merece seu voto, não se importará de ser eleito apenas com um voto, o seu próprio.

Este é o ano do Brasil. É o ano em que podemos decidir se vamos realmente vencer o jogo contra esta realidade insuportável que está nos massacrando, tomando decisões mais coerentes, avaliando melhor na hora de votar, não nos iludindo por fantasias midiatizadas ou meia dúzia de dinheiros. O ano de 2014 está à nossa frente, não para sermos espectadores de campeonatos de futebol, de festas carnavalescas ou qualquer outro tipo de circo usado para nos tirar a atenção daquilo que é importante. Este é o ano em que cada brasileiro deverá fazer uma escolha: se omitir, se corromper, ou partir para guerra contra os estelionatários da nação.
Marcos Marinho

Professor e Consultor político