Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Metonímias – Qual parte você escolhe para representar o seu todo?


Metonímias – Qual parte você escolhe para representar o seu todo?

Definitivamente somos seres metonímicos! É nosso hábito mais trivial medirmos o todo pela parte, mais especificamente pela parte que não nos é favorável.
Ouvimos desde cedo que “todos os homens são iguais”, “todas as mulheres são iguais”, “todas as mães são iguais” e, no ápice da pejoração, “que todos os políticos são iguais”! Interessante avaliarmos que essas expressões nunca são usadas para elogiar positivamente algum desses grupos, não repetimos essa frase quando queremos ressaltar uma característica extremamente positiva de um deles, mas sim com ironia, buscando uma forma de confortar nosso descontentamento frente a alguém, ou alguma situação, onde não tivemos nossos desejos aceitos e atendidos.
É interessante perceber como reagimos frente a nossa atuação metonímica. Geralmente quando esse tipo de figura de linguagem é utilizado pela massa, inconsciente ou pseudo-consciente de seu real propósito, estamos frente a alguma situação de submissão ou desistência. Quando ouvimos que “político é tudo igual”, na verdade estamos ouvindo a declaração de uma pessoa que não está mais disposta a se envolver no processo político, que não quer se aprofundar e conhecer as pessoas que estão envolvidas na política, e não quer se sentir responsável por suas escolhas, feitas com ausência crítica, e desta forma prefere afirmar que não existem bons políticos, boas propostas, e que votar não é um ato reflexivo e demandante de consciência.
Culpar o todo pela parte é assumir que também somos a banda podre da equação! A dicotomia da vida impele que todos estejamos ora de um lado, ora de outro da situação. Em todo momento nos dividimos em agentes ativos ou passivos das circunstâncias que impregnam nossas vidas. Desta forma fica claro que um lado não pode existir sem o outro, e assim tudo que existe de negativo se mantém vivo por haver o positivo de mesma força, tamanho e intensidade lhe contrapondo. O corrupto é resultado da equação corruptível mais corruptor. O mau político que ocupa um cargo eletivo é resultado da soma da falta de critério ao votar e falta de caráter do votado, elementos acrescidos na maioria das vezes por “venda do voto” ou “falta de envolvimento do votante”. Essa equação se torna clara a cada pleito, onde muitas pessoas se abstêm de participar das decisões, outras se corrompem por promessas e agrados, muitos são influenciados por artifícios midiáticos e falta de informação, e por uma pequena parte de cidadãos capazes e conscientes de seu papel dentro do sistema democrático.
Ouvi de amigos próximos algumas metáforas que se contrapõem, com maestria, a essa cultura metonímica que prega a desistência frente aos descontentamentos. Seguem: “Não se joga um computador fora só porque ele está com vírus” e “Não se descarta um violão só por estar desafinado”, contribuições de Douglas Valério e Marcelo Barra. Faço coro a estas frases, e busco na raiz do meu aprendizado, o qual trago das dificuldades vividas, a afirmação de que devemos consertar as coisas quando elas estragam!
Se somos todos iguais, o somos nas qualidades e capacidades, na desimportância da cor da pele, nos direitos e nas responsabilidades por nossos atos. Não são os políticos todos iguais por serem corruptos, nem todas as mães por serem preocupadas, nem as esposas e maridos por terem ciúmes. Todos são iguais por terem em si a oportunidade e capacidade de cuidar do seu próximo, de contribuir para um mundo melhor, de tomar decisões em prol do bem comum e não apenas partindo do egoísmo.
A única parte que deve ser tomada pelo todo, em qualquer situação, é aquela onde fazemos o melhor que podemos, sem nos impedirmos por pensamentos mesquinhos e desejos de retribuição!

Marcos Marinho
twitter: @mmarinhomkt

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sim, é você o responsável por tudo isso – Uma visão bilateral da relação político/eleitor.


 Está sendo dada a largada oficial para o pleito 2012, onde serão eleitos ou reeleitos prefeitos e vereadores por todo país. A partir de 06 de julho as campanhas majoritárias e proporcionais tomam as ruas em busca de votos.
Certamente que, carregados pela enxurrada de material publicitário-político, teremos velhos e conhecidos rostos, com biografias conhecidas e, em muitos casos, maquiadas. É infantil da parte do eleitor acreditar que aquele político, ao qual concedeu seu voto nas últimas eleições e que desapareceu nos últimos quatro anos, esteja novamente lhe procurando com a solução dos seus problemas, e que precisa de mais tempo para executar tudo o que prometeu.
Quando falo em meus textos ou no rádio sobre a importância de conhecer bem o histórico e as propostas dos candidatos antes de confiar-lhes o voto, é simplesmente para alertar a sociedade sobre a cara-de-pau que muitos políticos ostentam quando colocam “seu bloco na rua”. Fico mais indignado com o eleitor do que com o político, quando escuto as reclamações de pessoas que desacreditam a “política” e vociferam maldições sobre os candidatos, mas se esquecem de que muitas vezes estes candidatos já estão em seu terceiro ou quarto mandatos. Quem os colocou lá? Quem os manteve lá?
Sinceramente não acredito em ingenuidade crônica, portanto não posso culpar apenas os candidatos e lhes atribuir o mérito de hipnotizar os eleitores a cada quatro anos, para roubar-lhes o voto. Caso não houvesse a reeleição constante de figuras políticas execráveis, como Paulo Maluf, José Sarney, entre tantos outros que vira e mexe estão arrolados em escândalos e inquéritos e ainda assim não deixam de renovar suas cadeiras em alguma eleição, poderia até considerar a teoria do “engodo profissionalizado”, em que vários candidatos conseguiriam enganar o eleitorado por tempo suficiente para subtrair-lhes o sufrágio.
É de praxe o brasileiro incluir-se fora das responsabilidades pelas bandalheiras, roubalheiras, corrupção e violência que assolam nossas cidades. Aparentemente acreditamos que todo mal é unilateral e surge das profundas dos infernos para assolar os pobres mortais. Não avaliamos que tudo neste contexto ocorre devido à relação causa/efeito, e que só existe o corrupto se existir o corruptor, só ocorrem bandalheiras e roubalheiras no âmbito político porque os elegemos e reelegemos sem critérios, só há tanta violência devido ao descaso com que tratamos nosso próximo, suas necessidades e aspirações, focando-nos na manutenção e aquisição do bem pessoal, muitas vezes em detrimento do bem coletivo!
Quando o homem decidiu-se por viver em sociedade, o fez pela satisfação de suas necessidades, pelas vantagens provenientes dessa conjugação de esforços em prol do bem comum. Mal sabia que estava gerando assim a semente para destruição da própria humanidade, onde os mais fortes sobrepujariam os mais fracos, seja pela força física, econômica ou “divina”, criando assim uma relação conturbada de dependência entre dominantes e dominados.
Mas alguma coisa mudou de lá para cá, e agora todos possuem meios para modificar as relações de domínio. Alguns se valem da agressividade, outros do dinheiro, uns da religião e os mais inteligentes da outorga de poder que lhes é concedida pelas maiorias através do sufrágio universal, e que lhes dá direito de legislar e governar sobre “todas” as coisas. Deste modo, excluir-se das responsabilidades sobre o que acontece em nosso país, abdicando do direito de decidir conscientemente sobre quem ostentará esse poder, anulando sua vontade ou vendendo-a por “meia dúzia de dinheiros”, é o mesmo que assumir o papel de “Demóstenes”, ostentando discursos indignados e contrapondo-os com atos espúrios e lacaios.
Assuma seu papel e descida conscientemente sobre quem merece o direito de te representar! Caso não encontre no cenário atual alguém digno, e você se considere honesto, justo e capaz o suficiente para assumir este posto, lance-se ao embate e faça jus à sua indignação! Seja coerente com seu discurso, com sua descrença nos que te pedem o voto, com seu desejo de viver uma sociedade melhor.
Finalizo com uma frase de Edmund Burke, que merece ecoar em sua mente mesmo após ter terminado este texto. Segue: - “All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing.” (Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que os bons homens não façam nada.)
Marcos Marinho
Consultor e Professor de Marketing político
twitter: @mmarinhomkt