Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Mataram o “por quê?”

Entendo como salutar para a evolução pessoal, e social, questionarmos as realidades que entremeiam nossas vidas e direcionam nossas ações e reações. Somos seres guiados por opiniões e percepções, que muitas vezes nos são introjetadas sem nossa consciente anuência.
Vivemos em um mundo de informações que circulam e se chocam com nossos olhos e ouvidos a uma velocidade cada vez mais rápida. Sem termos, muitas vezes, condição de identificar a placa da informação que nos atropelou, temos incorporado às nossas convicções vários paradigmas que não são por nós questionados antes de serem postos na direção de nosso comportamento cotidiano.
A reflexão e o questionamento são os maiores benfeitores da humanidade. O homem apenas alcançou o estágio atual de evolução social e tecnológico em que vivemos por ter, em algum momento, questionado os parâmetros e convicções vigentes em seu tempo, a ponto de confrontá-los e vencê-los. A não aceitação de conceitos e, ainda pior, pré-conceitos, associada à coragem de desconstruir as “verdades” que os detentores do poder usavam para doutrinar, foi preponderante para que a humanidade superasse diversas amarras que lhe coibia a evolução.
Trago neste texto minha angústia por constatar a ausência de reflexão e questionamento entre as pessoas desta geração. Analisando a atitude dos jovens presentes em minhas salas de aula, bem como o comportamento de vários outros grupos sociais em interações mediadas pela internet e suas redes sociais, e também reproduzido em conversas ouvidas nas ruas, filas e demais ambientes públicos, constato a morte do “Por quê?”.
Atribuo grande parte da culpa deste homicídio ao sistema educacional que bitola nossas crianças. Sim, está mais do que comprovado que nosso sistema não estimula a investigação, o questionamento, o desenvolvimento de alternativas e inovações. Colhemos isso nas faculdades e no mercado de trabalho, onde vemos a marcha uníssona de trabalhadores pasteurizados e limitados ao programa que lhes é inserido. Como nos disseram há tempos: “just a brick in the wall”.
Aliada ao despreparo produzido pela educação que nos é posta, temos a alienação fornecida e fomentada pelos governos que, com suas suntuosas verbas de comunicação, direcionam e reproduzem suas verdades de modo que ocupem cada vez mais espaço nas mentes dos eleitores/cidadãos, iludindo-os e convencendo-os a não questionarem, sequer, a possibilidade das coisas serem feitas de outra forma, a possibilidade de termos uma vida melhor, mais justa e digna para todos.
Trago neste texto, também, o pedido para que você duvide de tudo o que transcrevi nas linhas acima. Peço a você que inicie um processo que questionamento sobre todos os paradigmas que moldam e guiam sua vida. Rompa o silêncio dos seus pensamentos, retire os óculos que lhe foram colocados durante sua formação social, examine os dogmas que te proíbem de ser diferente. Ao final, o que espero, é que várias coisas sejam confirmadas e continuadas simplesmente por te fazer feliz. Mas também espero, com maior paixão, que suas dúvidas te convidem para uma nova jornada onde as descobertas o guiarão para a vida que você merece viver.
Marcos Marinho

Professor e Analista político

domingo, 17 de novembro de 2013

O que representa o Poder Legislativo?

Quando Montesquieu propôs a tripartição do poder em legislativo, executivo e judiciário, acreditava que a concentração de poder em uma única mão, de forma alguma, seria bom para a comunidade. Obviamente estava certo.

No entanto decidi oferecer este texto aos seus olhos críticos, caro leitor, por perceber que vivenciamos uma relação de uso e concessão desses poderes, que muito me parece equivocada.

Não falarei sobre o poder Judiciário, pois este anda em alta conta com a sociedade após sua atuação no caso polêmico do “Mensalão”. Muitos tomaram ciência deste poder, e seu alcance, justamente a partir deste fato. Elegeu-se até um “herói nacional”, o ministro do STF, Joaquim Barbosa. Não farei juízo de valor disto agora.

Quanto ao poder Executivo, representado pelos prefeitos, governadores e presidente, suscitarei uma análise mais apurada de sua parte, leitor, por entender que boa parcela dos representantes deste funcional poder agem como se fossem reis, monocráticos, mandando e desmandando. Não se limitando à sua função de executores de projetos e gestores da coisa pública, exercem sobre os demais poderes uma tutela maniqueísta, em prol de fomentar sua sede de poder.

Enfatizarei o poder Legislativo por entender ser ele o que está mais próximo de nós, cidadãos. Composto por homens e mulheres eleitos diretamente por parcelas do eleitorado, já que conquistaram suas cadeiras nas casas de leis a partir da proporcionalidade do total de votos válidos, deveríamos entender que representam parcelas da sociedade que coadunam com seus pensamentos, ideologias e projetos.

Aparentemente os legisladores não têm correspondido aos anseios dos seus eleitores, propondo leis que regulem e parametrizem a sociedade. E fiscalizando a atuação e execução das leis, que ficam a cargo dos gestores municipais, estaduais e federal. Minha voz não é a única que questiona isso, afinal o grito de “não me representa” foi entoado por milhares, nas manifestações de junho de 2013.

O legislador - seja ele vereador, deputado ou senador - tem por obrigação estar próximo do seu eleitorado, ouvindo suas demandas e prestando contas de sua atuação, suas conquistas e derrotas. Votado geralmente por uma região de sua cidade ou estado, o legislador tem pleno conhecimento de onde está seu eleitor, em quais condições vive e quais os canais deveria utilizar para manter o diálogo com ele. Não o faz por descaso!

O poder Legislativo, acima de qualquer outro, deveria ser por excelência a voz do povo direcionando as ações dos governos, defendendo o saneamento das carências da sociedade, monitorando e comunicando as ações do Executivo para aprovação ou não de seus concidadãos. Infelizmente não é o que vemos. Temos câmaras e assembleias ajoelhadas aos pés de prefeitos, governadores e presidentes, distantes do povo, fechadas para o povo, imersas na obscuridade de tramoias e conchavos que em nada visam corresponder aos votos que receberam dos vizinhos e “amigos” que procuraram na época das eleições.

O poder Legislativo se afastou do povo que deveria representar. Representa hoje casas cheias de “tias velhas e gordas” que vivem chorando pelo seu próprio pão e seu conforto egoísta. Cheios de carros de luxo, viagens caras, banquetes e regalias que em nada lembram as condições em que vivem seus representados.

A você, cidadão que credenciou os atuais legisladores, que ocupam as cadeiras que deveriam propagar a sua voz, defender suas demandas e direitos, e impedir que todo o dinheiro que lhe é confiscado pela máquina pesada e ineficaz do governo acabe nos ralos da corrupção, pergunto: quem te representa?

Marcos Marinho

Professor e consultor político.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

(In)Segurança.

Dentre todas as obrigações de um governo, penso que prover segurança aos seus governados deva ser prioridade. O artigo 144 de nossa Constituição Federal é imperativo ao dizer que a segurança pública é dever do Estado, afirma até ser um direito e responsabilidade de todos. Mas a palavra “direito”, a meu ver, não tem correspondido ao que temos visto no dia-a-dia em nossas cidades.
Não há um único dia em que deixemos de ser impactados por notícias de crimes e violência contra o cidadão. Por mais que haja propagandas laureando ações dos governos - afirmando o progresso no atendimento às demandas populares - no mundo real, aquele que não se restringe às mídias utilizadas para convencer o eleitor de que tudo está lindo, vemos estampado na face de toda sociedade o medo. O medo dos pobres, que convivem com a criminalidade em suas portas, o medo da classe média, que vê lhe ser tirado tudo o que passou décadas aspirando possuir, o medo dos ricos, que passaram a viver entrincheirados em condomínios de luxo com altos muros e vigias armados, em situação análoga aos presidiários em seus cárceres.
Somos todos vítimas da omissão e incompetência gestora do Estado. O próprio Estado é vítima de si mesmo, pois a violência impacta em todas as áreas sociais e econômicas. Não é difícil ver empresários desistindo de seus comércios por não suportarem mais serem assaltados, por ter seus funcionários apavorados pedindo demissão e lhes gerando despesas com novas contratações e treinamentos. Vemos uma percentual de clientes que já não levam seu dinheiro aos bares e restaurantes das cidades, por medo de arrastões e furtos. É impossível trabalhar, produzir, estudar e se divertir na integralidade quando estamos com medo, apavorados com a possibilidade de sermos roubados ou mortos.
O povo sofre com a violência nas ruas, nos ônibus e terminais, no trânsito, em suas casas, até nos shoppings que possuem seus esquemas próprios de segurança. Afirmo que essa violência exacerbada não pode ser creditada à falta de atuação das forças policiais. Temos uma polícia atuante, que prende, mas que não possui amparo na legislação, que solta. Temos uma polícia que atua diuturnamente, ainda que em condições muito piores que as dos marginais que enfrentam nas ruas, bandidos melhores armados e equipados.
Vivemos o caos na segurança pública! Nossas leis, descontextualizadas, inverteram direitos e deveres, e colocaram o povo atrás das grades e os marginais nas ruas. Nosso sistema penal é dominado de dentro para fora. As cadeias servem como universidades do crime, e só não estouram porque os bandidos entenderam que vale a pena viver amparados pelo Estado. Sabemos que dentro dos presídios não há, em sua maioria, privação de drogas, celulares, prostituição, chegando ao ponto de haver “centros de lazer”, com confraternizações que são expostas via redes sociais.
É fato que estamos com medo, e o medo é um dos sentimentos mais fortes dentre as motivações humanas. O medo pode nos paralisar, mas também pode provocar reações violentas em defesa da sobrevivência.
Estamos nos aproximando do momento onde a sociedade amedrontada tenderá a duas ações: entregar suas vidas nas mãos de um “salvador da pátria” que lhes faça justiça, e isso é o abre-alas para um novo ditador, ou colocará ela mesma as mãos em armas para se defender, o que independe de estatuto do desarmamento, pois será este o nível da descrença geral no Estado.
Marcos Marinho

Professor e Consultor político.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Estamos no caminho certo.

Todos nós acompanhamos recorrentes manchetes jornalísticas dando ciência à população de crimes cometidos por elementos públicos, políticos, com mandato ou sem, que utilizaram de seus cargos e poder para corromper, usurpar, dilapidar e formar quadrilhas que lhes permitissem dar vazão à sua sanha por dinheiro e poder.

Ultimamente tornou-se corriqueiro vermos prefeitos, vereadores, deputados, governadores, secretários de várias pastas e até presidentes tendo que dar esclarecimentos à justiça, sendo presos ou conduzidos coercitivamente para prestar depoimento sobre acusações promovidas pelas polícias e Ministério Público.
E aqui preciso chamar sua atenção, leitor. Quando disse no parágrafo acima “ultimamente”, é porque efetivamente os escândalos envolvendo elementos do cenário político passaram a ser amplamente noticiados recentemente. Isso não quer dizer que não existissem antes e, sim que, possivelmente nós, cidadãos, é que nunca fomos informados.

Tenho procurado questionar se estamos realmente descendo ladeira abaixo no âmbito da política nacional, ou se apenas estamos tendo condições de tomar conhecimento de uma realidade que já acontecia nos bastidores do poder há muito tempo.

Com a evolução tecnológica dos meios de comunicação, a dinamicidade do trânsito de informações e o acesso à produção livre de conteúdos informativos, os espaços obscuros da sociedade onde as tramoias e patifarias aconteciam desde que o homem juntou-se em sociedade está diminuindo. Hoje existem milhões de olhos e ouvidos dispostos a flagrar os “mal feitos” dos homens públicos e denunciá-los ao mundo. Antigamente não havia muitas formas de fazê-lo - de expor os podres do poder, por ser o próprio poder o principal mediador da comunicação.

Não sou utópico a ponto de crer que já não existam os bunkers de segredos sórdidos das altas cúpulas do poder político. Mas acredito que a luz há de se espalhar cada vez mais sobre os assuntos que impactam na vida do povo, simplesmente porque parte do povo passou a fiscalizar e vigiar aqueles que deveriam representá-lo com lisura.

Outra ressalva que faço sobre a melhora do cenário político deste país é a atuação forte e assertiva do Ministério Público, respaldada pelas marchas do mês de junho que disseram não à PEC37. Com autonomia e fortalecido pelo aval da sociedade, o MP tem investigado e exposto à sociedade o soturno mundo do poder político.

Toda essa sequência de escândalos também serviu para deixar claro que não existem siglas partidárias que representem a “liga da justiça” ou a “legião do mal”, fazendo uma analogia aos antigos desenhos animados, pois ficou claro que existem corruptos infiltrados, se não em todas, na maioria das legendas políticas. O que nos obriga a conhecer, pesquisar e investigar ainda mais o histórico daqueles que nos pedem o voto.

É fato que o desânimo tem se abatido sobre a sociedade que, de tão enojada pelos acontecimentos midiatizados, passa a renegar o processo político. Todavia, é importante refletirmos sobre um paradigma simples: O que os olhos não veem o coração, de fato, não sente?

A política é uma ciência que prima pelo bem estar da coletividade, a final sua essência é a equalização das diferenças em prol da manutenção da sociedade. Sendo assim, penso que devemos punir os culpados e estimular os inocentes. Estimular que homens e mulheres de bem assumam mandatos, votá-los e não afastá-los da responsabilidade de nos representar, por medo de que se contaminem. A doença não é a política, mas a ganância que está impregnada no homem que não entende ser ele também vítima, por viver nesta sociedade que espolia, do mal que promove ao seu próximo.
Marcos Marinho

Professor e Consultor político.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Pragmáticos ou programáticos, queremos resultados!

 
Está dada a largada para o pleito de 2014. Após o encerramento do prazo para filiações e transferências de partidos, quem tem interesses no próximo certame já se acomodou em algum barco embandeirado pela sigla que melhor lhe atende e, começou sua jornada.

Por certo que a legislação eleitoral apenas permite a campanha durante os três meses antecessores ao dia da votação, mas sabemos que muito há que se organizar, combinar, planejar e viabilizar até chegar o momento de “pôr o bloco na rua” e partir para a batalha pelo voto.

Outra situação determinada pelo avançar do calendário é a imutabilidade do processo eleitoral de 2014, aquele que deveria sofrer modificações apoiadas por uma reforma política consolidada por um plebiscito proposto pela presidente, mas que não saiu do papel, e se configurou em nada mais que bravata para acalmar certo furor que emanava das ruas no mês de junho de 2013.

Em meio ao rebuliço causado pelas idas e vindas de parlamentares que buscavam se escudar no partido que lhes assegurasse mais vantagens, muito se questionou sobre as motivações de algumas alianças. Penso que questionar afinidades ideológicas e programáticas em um sistema com 32 partidos políticos constituídos, que não passam, em sua essência, de mais do mesmo - e onde quase todos os seus agremiados já rezaram outras cartilhas - é demagogia.

Não sou a favor da desqualificação ideológica da política, tampouco defendo o jogo de poder que sobrepujou as causas sociais, mas também não tolero esse falso moralismo propalado por pseudos defensores da essência política. Os mesmos que fazem acordos por baixo dos panos, cooptam seus opositores com dinheiro e benesses, apertam mãos outrora amaldiçoadas em troca de exposição televisiva, e ainda posam de vestais frente aos humildes e carentes de politização.

Não sei se os fins justificarão os meios, mas acredito que só teremos um país digno e com uma política efetiva, no tocante a equalizar as diferenças e produzir satisfação coletiva, com representantes à altura de nossas demandas e sonhos, quando irrompermos essa cortina de fumaça posta pelos senhores feudais do executivo e legislativo, que dominam as casas do povo por décadas a fio.

Devemos promover uma revolução de caras, pensamentos e atitudes. Precisamos quebrar o círculo vicioso do poder, que nos subjuga e oprime, dando início ao círculo virtuoso que trará o povo para o debate politizado, produtivo e verdadeiramente ideológico.

Pragmáticos ou programáticos, o que a população precisa é de atenção, proteção e respeito, não só discurso.
Marcos Marinho

Professor e Consultor Político.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O gigante não voltou a dormir, perdeu-se.

A expectativa é um dos sentimentos humanos mais difíceis de lidar, pois depois de alcançado um referencial, nada abaixo dele será considerado satisfatório e, desta forma, sempre estaremos em busca de sensações que superem as experiências anteriores.

O dia 07 de setembro de 2013 passou carregado de expectativas, em sua maioria, frustradas. Precedido por momentos históricos, onde todas as vozes foram manifestadas nos milhares de cartazes pelas ruas do país em junho, o dia da Independência não ouviu os gritos que esperava.

Já surgiram aqueles que decretaram o retorno do “gigante” ao seu berço esplêndido, e assim apregoam o descrédito no povo brasileiro que não lhes correspondeu às expectativas por não tomarem novamente as ruas com toda fúria e entusiasmo, não superando as imagens veiculadas há três meses pela mídia internacional.

Abstraindo as expectativas românticas e pouco lógicas, avalio que o “gigante” não voltou a dormir, mas está completamente perdido. Aparentemente não ficou claro para aqueles que exigem uma postura mais ativa e engajada do povo brasileiro, que este não assistiu às aulas politizadas das academias ou às reuniões ideológicas dos partidos e movimentos sociais. Sua motivação ainda é difusa, mas suas carências são claras.

As manifestações de junho contaram com anos de acúmulo de frustrações e angústias, associadas a um catalizador econômico que atuou como imã atraindo as pessoas para as ruas. Movimentos desordenados, desorganizados e acéfalos, mas com pelo menos um ponto em comum que os mantiveram unidos nas ruas: a necessidade de extravasar e aliviar a pressão. Todos foram contemplados por esta demanda.

De junho a setembro, os brasileiros foram bombardeados com mais uma série de decepções e escândalos, com corporativismos políticos que beneficiaram bandidos, e com o costumeiro paralisar das ações em benefício do povo. Porém uma coisa não aconteceu neste ínterim: nem políticos, nem líderes, nem entidades surgiram para assumir o papel de novos catalizadores dos motivos populares.

A acefalia de junho pôde ser compensada por fatores que suplantaram a importância de um guia comum, os próprios sentimentos e carências fizeram este papel. No entanto, estes motivadores jamais seriam suficientes para repetir as cenas daquela jornada. Como falamos no início deste texto, as expectativas só se superam por sentimentos mais fortes e impactantes que os anteriores.

Sem direcionamento, liderança e educação disseminados entre todas as fileiras dispostas a mudar este país, ainda que ele não adormeça, ficará sem rumo, perdido em meio a um campo que nunca lhe foi apresentado da maneira devida. O povo mantem os mesmos anseios e carências de antes, mas não sabe se o caminho das ruas é suficiente para saná-los.

Marcos Marinho

Professor e consultor político.

domingo, 8 de setembro de 2013

Friboi, de piranha.

A administração pública carece de gestores mais competentes. A função executiva deve ser exercida com mais critério, pois tem como principal atribuição gerir os recursos de seu município, estado ou país em prol de atender às demandas populares. Acredito que a experiência adquirida por um empresário, que consegue obter sucesso a despeito de todas as dificuldades impostas pelo nosso sistema político e econômico, teria muito a contribuir.

Porém a política possui uma dinâmica que a diferencia muito do meio empresarial. Nesta seara não basta a verve gestora, é preciso habilidades e estratégias capazes de viabilizar os projetos que, invariavelmente, dependem da adesão e/ou concessão de muitos outros personagens.

O PMDB goiano está sendo palco de uma cizânia causada pela oposição de dois personagens: um representando a habilidade gestora, comprovada por uma história de sucesso empresarial, e outro a habilidade política, comprovada por uma história construída com vitórias e derrotas nas urnas e, principalmente, muitas horas de articulação e debate político.

Adotando estratégias condizentes com seus perfis, Iris Rezende e Júnior Friboi protagonizam um dos maiores embates pré-eleitorais da política goiana. Representando, ambos, parcelas importantes do partido, utilizam de expedientes que não são tão facilmente compreendidos pela população que os assiste.

Friboi, com sua ousadia e agressividade, tão pertinentes ao mundo dos negócios, trabalha às claras pela viabilização de seu nome para ostentar a bandeira do partido em 2014. Calçado por atuações de bastidores, que vem de muito tempo e investimento em campanhas alheias, o empresário tenta ampliar seu número de apoiadores internos, cacifando-o com o capital político que lhe é caro.

Iris Rezende, por sua vez, mantem-se no “jogo do quieto”, se negando a uma antecipação de candidatura. O experiente político se permite jogar com o tempo e as expectativas dos outros interessados no processo. Detentor do maior montante de capital político, e uma história que se confunde com a própria história do partido e da política goiana, não sucumbe às investidas do desembestado aliado/oponente, e tampouco às pressões da mídia e dos outros possíveis concorrentes ao páreo do próximo ano.

Vítima de suas escolhas e ciente da necessidade de maximizar sua imagem política antes mesmo do próximo pleito, Júnior caminha por uma estrada ainda não pavimentada em direção às urnas. Além de tocar seu berrante para arrebanhar partidários dispostos a formar sua tropa, necessita ainda da benção do líder-mor do partido e, coisa que percebo estar esquecida, da criação e consolidação de uma imagem política na mente dos goianos, a fim de que estes o percebam como o líder certo para o momento vindouro.

Senhor de suas escolhas, e das escolhas de muitos companheiros posicionados sob suas asas, Iris Rezende joga primorosamente seu xadrez político. Sem movimentos abruptos que o coloquem em desvantagem contra inimigos declarados e disfarçados, continua se esquivando das reivindicações de respostas, bem como da exposição antecipada de suas pretensões que, certamente, ficariam na mira daqueles que não o querem nos palanques de 2014.

O certo é que o cenário político goiano continuará, ainda por um bom tempo, sem definições. Aqueles que contam com o tempo ao seu favor farão uso dele, já os que correm contra ele, deverão ser cada vez mais incisivos em suas investidas. Chamo atenção para um fato que outrora já serviu de fala para o personagem Capitão Nascimento, representado pelo grande ator Wagner Moura: “o sistema entrega a mão para salvar o braço”.


Marcos Marinho

Professor e consultor político.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Moço, esse candidato é Friboi?

Entre as noticias do meio político, veiculadas pela mídia e redes sociais, frequentemente está o nome José Batista Júnior. Figurando como um dos declarados pré-candidatos ao Palácio das Esmeraldas, em 2014, Júnior do Friboi é o único que ainda não possui validação nas urnas de sua imagem política. Fato este que o transforma em uma incógnita política.

Independente dos milhões investidos em diversas campanhas por todo estado de Goiás, em apoio a vários políticos em pleitos anteriores, seu nome ainda não passou por este crivo, não foi aprovado ou rejeitado pelo voto popular, não lhe permitindo contar apenas com transferências de votos de seus apoiados eleitos.

Sendo JB Friboi um dos mais ávidos pré-candidatos ao governo goiano, seu comportamento vira-e-mexe é notícia nos meios de comunicação. Sobre este comportamento vemos e ouvimos, quase em uníssono, dizeres explicitando suas tentativas de conquistar apoio da maioria do PMDB, bem como uma declaração de desistência de Iris Rezende e, enfim, sua benção.

Mesmo concordando que sua candidatura não se sustenta sem o engajamento do líder maior do partido, Iris, acredito que manter tanta energia apenas canalizada na obtenção de declarações partidárias de apoio pode não ser o suficiente para a conquista do objetivo PMDBista, que é assentar um dos seus na cadeira mais importante do estado.

Uma pergunta que se faz necessária é: o povo goiano reconhece Júnior Friboi como líder político? Mesmo com muito trabalho para criar uma imagem de homem público engajado nas questões políticas, a distância entre o Júnior político e o Júnior empresário, na mente do goiano, é grande. Observando tanto esforço no âmbito partidário, questiono se seus estrategistas também estão distribuindo ações a fim de contemplar uma aproximação com o eleitor.

Enfrentando resistências dentro do partido que escolheu para viabilizar sua candidatura, Júnior se esquece de que sem densidade eleitoral não há vitória nas urnas, mesmo com toda trindade do partido rezando sua cartilha. Sem ter participado de eleições anteriores, o único caminho para o empresário-político é buscar aproximação com povo e conquistar-lhe o coração. Se o povo não enxergar em Júnior Friboi o líder que o guiará para longe dos problemas de segurança, saúde, educação e infraestrutura que o consome, não serão pelo mugir de seu berrante ou pela transferência de apoio de outros políticos que sua vitória será construída.

É fundamental que o pré-candidato José Batista Júnior reduza os comportamentos e atitudes de empresário, abandonando a imposição - mais aceitável no ambiente corporativo - passando a compreender a velocidade e articulação próprias do ambiente político.
É hora de fazer surgir a imagem do político Júnior Friboi, aproximando-a do povo que anseia por um novo líder, a fim de ter seu nome aclamado acima de qualquer estratagema partidário, pois nenhum partido ou político pode ignorar o clamor popular a caminho das urnas.

Marcos Marinho
Professor e consultor político

Twitter: @mmarinhomkt

domingo, 18 de agosto de 2013

Quem representa os “coxinhas”? – Política e a nova classe média.



Definitivamente a política brasileira não está preparada para o fenômeno de expansão da nova classe média brasileira. Aferida pela Fundação Getúlio Vargas, a sociedade brasileira já em 2008 passou a ser composta por 53,8% de pessoas acima da linha da pobreza, com bom poder de consumo e difusas aspirações individuais e coletivas. Este fato impacta fortemente as relações políticas do país.
Ainda mal interpretada pela classe política, e pelos próprios governos, esta classe média encontra-se desassistida e sem representação nas câmaras e assembleias. Não contemplada por planos e projetos, nem veiculada em propagandas partidárias e governamentais, a nova classe média segue experimentando a “dor e a delícia” de depender unicamente de seus proventos e limites de crédito, e arcar com os custos elevados dos serviços básicos e impostos.
Não sendo merecedora de bolsas e assistencialismos, a nova classe média passa por um processo de choque de realidade. Elevada ao céu do consumo financiado, incorpora em sua despesa mensal, além das novas aquisições tecnológicas, planos de saúde, escolas particulares, altas alíquotas de impostos, seguros, veículos e combustível. Passa a sentir na pele a ausência de políticas que beneficiem e fomente o empreendedorismo, a redução da carga tributária, a expansão e melhora de qualidade nos serviços públicos. Desta forma a nova classe média, assim como a classe média tradicional, confronta-se com a duplicidade de pagamentos de serviços que legalmente deveriam ser ofertados pelo governo.
Na esteira das aspirações de consumo da nova classe média, obviamente estão as novas preocupações sociais e políticas deste grupo, agora menos suscetível ao tipo de promessas e campanhas tradicionalmente feitas durante os pleitos majoritários e proporcionais.
Trago o questionamento sobre como os partidos e políticos estão se preparando para interagir com esta maioria de eleitores em processo de transformação. Transformação em suas aspirações pessoais, profissionais e sociais, todas permeadas pelas relações e decisões políticas.
Não podemos esquecer que essa promoção social foi ocasionada pelos governos que atuaram para estabilizar a economia, gerar empregos e oportunizar o consumo àqueles que anteriormente não dispunham dessas condições. Ironicamente podemos permitir uma analogia com um adágio antigo: “quem cria cobra acaba sendo picado”, ou seja, o governo fomentou uma ascensão social a uma grande parcela da população, porém não se preparou para atende-la em suas novas demandas.
Exemplo deste descontentamento da classe média vindo à tona foi a participação dos “coxinhas” nas manifestações de junho de 2013 - fenômeno amplamente debatido e questionado por militantes de esquerda, que não estavam acostumados a ver pessoas em roupas de marca e carros novos gritando contra o sistema.
Alguns grupos sociais, até mesmo dentro da academia, rotularam os manifestantes da classe média - exemplos do consumismo capitalista- de “coxinhas”, e passaram a questionar a legitimidade de seus gritos contra governos e propostas de emendas constitucionais. Porém os participantes desta discriminada classe se enxergam como inquisidores legítimos de seus direitos, e o são. Desta forma, mesmo que ridicularizados por uma parcela mais radical e esquerdista do processo político social, partidos e candidatos tem por obrigação se aproximar deste grupo e passar a compreendê-lo, sob pena de encontrar nos próximos pleitos 53,8% de eleitores que dirão em suas caras: “vocês não nos representam!”.

Marcos Marinho M. de Queiroz
 Consultor político membro da ABCOP. Professor de graduação e extensão da PUC-GO.

Twitter: @mmarinhomkt

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Por favor, seja meu candidato!


Vivemos recentemente um momento merecedor de muita reflexão, caracterizado pela onda de manifestações sociais apartidárias, acéfalas e plurais que percorreram grande parte das ruas deste país.
Movimentos sem bandeiras, mas cobertos por cartazes de todos os matizes e com todas as reivindicações que jaziam entaladas nas gargantas dos brasileiros oprimidos e relegados aos pixels de monitores televisivos e internéticos. Acreditava-se que estavam todos hipnotizados e entorpecidos demais para sentir desconforto impelido por centavos a mais ou menos de dilapidação.
Deste momento que, para desespero de alguns ainda não passou, emanou entre tantos gritos um que ecoa fortemente em minha mente, que diz: “eles não me representam!”.
Confirmada por pesquisas e divulgada em impressos e redes sociais, esta mensagem atua, ou deveria, como tapa na cara de todos os mandatários do executivo e legislativo deste território. Ouvir da tão falada “voz das ruas” que não deve considerar-se representante daqueles de quem provêm seu poder deve ser, no mínimo, temeroso.
A questão principal é: se os atuais partidos e políticos não os representam, quem representará? E também devemos ponderar se essa crise de representatividade deslegitima nosso processo eleitoral.
Não podemos pensar, em pleno século XXI, que conseguiremos viver em sociedade sem os fundamentos da política. Não havendo instituições políticas democráticas instaura-se o totalitarismo. Vivendo em sociedades ocupadas por milhares de desejos, necessidades e interesses individuais, se não organizarmos sistemas de concessão, abstração e reivindicação parametrizados por uma legislação, em pouco tempo ruiremos com o modo de vida em comunidade.
Dentre as possíveis formas de manutenção da sociedade, temos aquela onde delegamos funções e poderes para aqueles que julgamos serem aptos para representar nossos distintos grupos, formados pelos convergentes em ideologias e interesses.
O problema é que temos escolhido muito mal estes representantes. Inebriados por favores e jogos de luzes, nos mantemos atrelados às nossas intenções egoístas e abdicamos de avaliá-los pelas capacidades e ações em benefício da coletividade. Elegemos os reflexos de nossa corruptibilidade e agora acreditamos que eles não nos representam.
Se de tudo este momento de espasmo da consciência social nos fizer acordar e repensar nossa forma de escolher representantes, quem escolheremos nas próximas eleições?
Os partidos perderam credibilidade, os nomes postos às mesas das decisões políticas parecem não atrair seguidores, o horizonte de 2014 se aproxima sem baluartes ou catalizadores capazes de traduzir tantos anseios e decepções em um novo começo.
Tornando as coisas mais difíceis, vejo que os homens e mulheres dignos de confiança, capazes em instrução e moral, esquivam-se ou fogem desta missão tão carrasca. Talvez por verem nos olhos de seus pares a figura pustulenta que se tornarão caso decidam assumir este fardo e lançar-se ao pleito, pois veem que os ignorantes os tomam por contaminados, caso decidam declarar-se “políticos”.
Edmund Burke disse: “Para que o mal triunfe, basta que os bons nada façam”. Acreditando nisto venho aqui pedir aos homens e mulheres de bem que, por favor, sejam meus candidatos! Preciso ter alguém que me represente e que coadunam com meus sonhos de justiça, liberdade e dignidade para todos. Precisamos que nos representem e lutem para que este país não sucumba à sanha dos vilipendiadores.
Devemos assumir nosso papel neste projeto de transformação nacional. Devemos expulsar os ratos que corrompem nosso sistema e motivar os dignos a tomarem seus lugares. É nosso papel nos mantermos próximos e vigilantes contra os maus e firmes e apoiadores dos bons. Jamais virar as costas, jamais sucumbir, jamais deixar de se importar.
Independente de quem está lendo este texto, se você reúne as qualidades citadas nele, volto a pedir, por favor, seja meu candidato!

Marcos Marinho
Cidadão, professor e consultor político

Twitter: @mmarinhomkt

domingo, 30 de junho de 2013

Operação Cavalo de Troia.

Dentre as coisas que ficarão comprovadas pelas manifestações populares de 2013, a incapacidade gestora e legislativa dos políticos brasileiros é a mais gritante!

Para amenizar o impacto da crise social, perdem-se em atitudes intempestivas e populistas sem avaliar seus impactos futuros. Não há milagre econômico e político. Alardear fazer em poucos meses o que não fizeram e mais de 10 anos, é no mínimo desprezar a inteligência do cidadão.

Sem medidas estruturadas e sustentáveis o que acontecerá é a construção, entrega e endeusamento de um "Cavalo de Troia" que causará danos ainda maiores na frágil estrutura política e social do país.

Se o "GIGANTE" realmente acordou, espero que não seja cego ou se deixe seduzir por pirotecnia governamental e "mariolas" legislativas que intentam domá-lo.

O povo brasileiro está desperto, mas está consciente do que precisa e do que as forças políticas pretendem fazer?

Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Não sabemos protestar, mas sabemos o que queremos: respeito!

Difícil explicar tudo o que aconteceu em Goiânia no dia 20 de junho de 2013, confesso que ainda estou processando. Grosso modo, posso dizer que foi a maior manifestação política já presenciada por muitos daqueles que dividiam espaço comigo no asfalto do centro da cidade. Empiricamente deduzo que éramos mais de cinquenta mil.

Desorganizados e sem saber direito como protestar, pude ver toda miscelânea cultural de nossa sociedade entremeada por faixas, cartazes e gritos de ordem, marchando pelas principais ruas e avenidas que circundam as casas do poder em nossa cidade. Senti orgulho.

Agora surgem controladores entre a multidão, que assim como tias velhas e chatas criticam a incoerência inocente daqueles que não foram doutrinados em suas cartilhas de engajamento político. Reclamam que ali estavam pessoas que não conheciam as regras básicas dos protestos sociais e assim ficavam perambulando sem foco, ou pelo menos sem o foco que eles queriam dar à manifestação.

Como disse Castro Alves: “A praça é do povo! Como o céu é do condor”. E isso é o mais importante neste momento, ver que o povo ocupou seu espaço. Independente de bem treinados ou não, se doutores em protestos ou meros agitadores de cartazes cômicos, tenho certeza que este movimento cumpriu sua missão. Despertadas foram muitas mentes jovens que não sabiam existir vida fora das telas de computador, mentes idosas que viviam no saudosismo de suas passeatas contra a ditadura, mentes infantis que se quer sabiam o que significava tudo aquilo, mas entendiam a importância de participar.

Não é com uma passeata que mudaremos o país. Muito menos ficando em casa presos em um mundo de reclamações e banalidades virtuais. Precisamos educar a população. É dever dos mais politizados disseminar este tipo de conhecimento àqueles que dele carecem. Os que criticam a falta de seriedade e objetividade dos manifestantes de primeira viagem deveriam desenvolver projetos para contribuir com seu amadurecimento político, com sua evolução para o nível de cidadãos.

Os milhares que foram às ruas de Goiânia, mesmo sem saber como proceder são mais corajosos do que os pseudo-politizados que se escondem por detrás de máscaras, bandeiras e discursos raivosos. Estes com toda sua experiência de militantes aguerridos e coléricos se quer conseguem engajar meia dúzia de gatos pingados em suas fileiras. Não cientes de suas incongruências, preferem atacar aqueles que chamam de “sociedade fascista e burguesa da classe média”. São tão néscios que desconhecem a atual pirâmide social deste país, e sua estreita relação de dependência com esta classe que tentam agredir.

Foi dado um grande e importante passo em direção à redemocratização do Brasil. Essa força emergente dos desgostos populares, que foi alimentada pelo descaso e corrupção de alguns mandatários, definitivamente coloca toda classe política contra a parede e grita aos seus ouvidos: chega!

Governantes, legisladores, juristas, emissoras de TV, enfim, todas as esferas do poder não poderão mais nos tratar como zumbis alimentados por engôdos televisivos e bolsas “sei-lá-o-quê”.

É premente a este movimento prosseguir em direção às urnas de 2014. Mas para isso, precisamos chamar as pessoas que se dispuseram a marchar por motivos ainda difusos, e lhes colocar lentes capazes de maximizar suas visões políticas. Precisam entender que como diria Aristóteles, são “animais políticos”. E isso é o que lhes permite conviver em sociedade. Precisam conhecer nosso sistema político, a incumbência de cada um dos poderes que nos regem, a finalidade dos partidos e representantes políticos.

Falando em representantes, é bom que os mesmos saibam que estão colhendo o que plantaram. Toda descrença, desrespeito, desconfiança e repúdio foi cultivado pelos próprios, a cada pizzada nas CPIS do congresso, a cada escândalo motivado por corrupção e desvio de verbas, a cada brasileiro vitimado pela violência ou falta de assistência médica. Precisamos de um resgate de valores, credibilidade e legitimidade representativa urgente.

Ao povo a educação, aos governantes e legisladores a exortação, ao país nosso engajamento e certeza de que não mais nos prostraremos de joelhos frente àquilo que o prejudica e nos prejudica.

Viva o povo goiano, viva o povo brasileiro, viva os dias melhores que merecemos viver.

Marcos Marinho
Professor e Consultor político

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terça-feira, 18 de junho de 2013

“Facebookers” 2013 – Curtir, compartilhar, agir.


Muito se questionou sobre a utilidade prática das redes sociais no contexto político. Acredito que as respostas começaram a aparecer em alto e bom tom. Sem a integração virtual, e sua gigantesca capacidade de mobilização, as marchas sobre as ruas do país não teriam a quantidade de pés em rota que tiveram nestes últimos dias.


É fato que houve um salto importante na relação entre os jovens e suas redes sociais, que saíram da estática digitação para o engajamento móvel nas questões incômodas que afetam suas vidas. Ao romper a inércia que mantinha o país na catarse saudosista dos anos de ditadura, com seus aguerridos movimentos juvenis, vimos mobilizações exitosas e organizadas em prol de sacudir toda acomodação popular e jogar o povo nas ruas. Prefiro ignorar as turbas marginais, que tentaram avacalhar o movimento com sua depredação estúpida e sua violência vazia de ideologias positivas.



Imagens fantásticas correram o mundo ilustrando uma ação digna, justa e necessária em prol da moralização do país. Ainda que alguns tentem rotular o episódio como algo motivado por 20 centavos, sabemos que isto não passou de um estopim. Vinte centavos não pagam a roubalheira de dinheiro público a que somos impostos há tantos anos, não paga a saúde de péssima qualidade, a educação em frangalhos que oferecemos para nossas crianças e jovens, nem todo descaso com o qual o povo é tratado pelos governantes e legisladores que ocupam as casas do povo.



É honesto fazer um mea culpa neste ponto, pois estes biltres lá estão por incompetência nossa ao votar. Ainda que alguns se escondam no engodo aplicado pelos candidatos em época de eleição, é fato que muitos eleitores vendem-se, e a seus votos, por meia dúzia de dinheiros.



Não compactuo ou vejo coerência na depredação do patrimônio público infligida por animais travestidos de manifestantes. Esses estúpidos não entendem que público significa de todos, e não do governo. Quando vencermos as causas por nós pleiteadas viveremos em qual mundo: naquele que ajudamos a construir ou no que destruímos para legitimar nossas opiniões?



Quero o povo nas ruas gritando suas amarguras e decepções. Quero o povo marchando contra a bandalheira que nos está posta e que não mais nos manterá calados e submissos. Quero ver brotarem ideias para um país melhor, emergindo das mobilizações pacíficas. Quero ver os mesmos jovens que hoje balançam cartazes e bandeiras nas ruas de nosso país, dedicados ao conhecimento e desenvolvimento da política, que em sua essência são os assuntos relacionados às relações sociais entre os homens, a fim de criarmos uma forma melhor para governar e fazer crescer nosso Brasil.



Saímos do sofá e fomos para as ruas, devemos agora ir para as escolas, empresas e tribunas dialogar, propor, fiscalizar e construir o amanhã melhor!


Marcos Marinho
Professor e Consultor político

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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Goiás, Goiânia e os governos em 3D.

Aqueles que acompanham a política nacional há mais tempo já perceberam uma ampla e generalizada desideologização dos partidos e atores políticos. Observando o modus operandi de situação e oposição, seja em qualquer esfera de poder, não veremos antagonismos, senão pelo desejo de um em tomar o poder das mãos do outro.
Ao trazer para nossa seara, o estado de Goiás e a cidade de Goiânia, ambos em mãos de declarados opositores políticos (PSDB e PT), é possível aferir a afirmação acima, sobre a paridade de ações que independem das siglas e bandeiras ostentadas em campanhas, analisando nossos gestores estadual e municipal.
A gestão estadual apresenta-se ancorada nas técnicas midiáticas da publicidade, bem mais do que em projetos de governo capazes de melhorar a vida dos cidadãos. Com investimentos vultosos em comunicação, passando pela contratação de importante atriz do cenário nacional, a preocupação com a imagem do governo sobrepõe o interesse pelo bem estar da população, o que fatalmente deve ser confrontado pelos opositores na campanha de 2014.
Municipalmente temos uma situação bastante semelhante. Mergulhado em uma sequência de ações discrepantes em relação à sua principal bandeira de campanha, a sustentabilidade, o prefeito perdeu-se entre obrigações possivelmente contraídas durante a campanha e as demandas dos goianienses. Desconsiderou opiniões, desejos e expectativas de seus munícipes, a princípio suplantando qualquer expectativa de concorrer ao Palácio das Esmeraldas no próximo ano. Finalmente, seguindo a cartilha equivocada do governador, faz agora campanha publicitária usando um jornalista renomado nacionalmente para apresentar benesses que surgem como redentoras neste momento de decepção popular.
O fato é que a população se mostra muito insatisfeita com ambos os gestores. Veem-se milhões gastos em shows, publicidade e campos de futebol, enquanto as estradas e importantes obras no estado padecem a céu aberto. Em relação à cidade de Goiânia, os eleitores encontram hoje um prefeito que domina a câmara de vereadores, fazendo dali o lugar certo para aprovar suas contrapartidas aos que o apoiaram em momentos passados, patinando entre questões importantes como o transporte público, saúde e obras inacabadas escondidas detrás de novas obras iniciadas.
Percebo nossos mandatários acreditando que a televisão é suficiente para garantir capital político e votos. Talvez pensem que a tecnologia 3D, que traz para o espectador uma impressão de que as coisas saem da tela e tornam-se mais reais, seja capaz também de convencer aos eleitores-espectadores de que suas imagens tem profundidade e realismo. Ressalto apenas ser sine qua non para que a estratégia funcione em momento algum permitir que esses iludidos espectadores tirem as lentes que lhes são postas, pois aí a mágica acaba.
Marcos Marinho
Professor e consultor político

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Três semelhanças entre Paulo Garcia e Marconi Perillo.


A política goiana há muitos anos vive uma dicotomia que antagoniza PT/PMDB e PSDB/Aliados. Por tempos essa oposição se deu de forma ideológica, contrapondo planos de governo e poder. As imagens até então trabalhadas por ambos os lados buscavam distanciar-se umas das outras a fim de que os eleitores identificassem facilmente seus representantes legítimos.
 Pudemos ver um “tempo novo” surgindo e assumindo o status máximo no estado, mantendo-se direta e indiretamente no poder jazem quase 16 anos. Acompanhamos recentemente uma campanha pautada na “sustentabilidade”, opondo-se ao crescimento desordenado e degradante ao meio-ambiente, propondo ações coerentes, participativas e socialmente inclusivas em busca de uma cidade melhor. Até aqui poderíamos ver diferenças de discurso entre os dois representantes destas ideologias eleitorais. Porém, em análises recentes, pude perceber uma aproximação intrigante entre as imagens apresentadas pelos líderes dos governos municipal e estadual. Seguem:
Primeiro – Ambos parecem pautar seus governos mais em publicidade do que em ações práticas. A atuação midiática do governo estadual e da prefeitura de Goiânia apresenta ao público eleitor realidades fantásticas, que não condizem veramente com as características do local onde vivemos. São pródigos em apresentar estradas sem buracos, CAIS em perfeito funcionamento, intervenções que aperfeiçoam o trânsito e não prejudicam aos comerciantes, entre outras belas ações. Mimetizam as obras que estão paralisadas e os bilhões em “investimentos” que servirão para afundar o estado em dívidas. Parece-me que no tocante à publicidade ambos já leem a mesma cartilha, equivocada.
Segundo – A postura dos que não devem ou precisam se justificar para seus eleitores. Em momentos diversos podemos enxergar este modus operandi nas exposições veiculadas sobre os referidos políticos. Principalmente quando não se apresentam publicamente para justificar posições ou prestar contas e esclarecimentos sobre suas decisões, ainda que amplamente contestadas pelo povo, pelas raquíticas oposições e entidades civis.
Terceiro – Possivelmente o maior ponto de equalização entre Paulo Garcia e Marconi Perillo reside na cooptação de soldados dispostos a lhes defender os interesses. Seja na soturna ALEGO ou na ajoelhada Câmara Municipal de Goiânia podemos ver, a cada votação colocada em pauta, que os interesses dos generais palacianos sobrepujam quaisquer anseios dos pobres, iludidos e mal representados goianos. Independente de manifestações, silenciosas ou barulhentas, as decisões determinadas pelos principais executivos do cerrado são soberanas e encontram respaldo em seus submissos legisladores.
Quanto ao povo, que assiste a quase tudo pelas telas de tv, restam resignação, decepção, esquecimento e, claro, o tradicional pão e circo que ofertam-lhes diariamente a fim de mantê-los alienados e silenciados, aguardando a próxima atração.
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político
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