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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Goiás, Goiânia e os governos em 3D.

Aqueles que acompanham a política nacional há mais tempo já perceberam uma ampla e generalizada desideologização dos partidos e atores políticos. Observando o modus operandi de situação e oposição, seja em qualquer esfera de poder, não veremos antagonismos, senão pelo desejo de um em tomar o poder das mãos do outro.
Ao trazer para nossa seara, o estado de Goiás e a cidade de Goiânia, ambos em mãos de declarados opositores políticos (PSDB e PT), é possível aferir a afirmação acima, sobre a paridade de ações que independem das siglas e bandeiras ostentadas em campanhas, analisando nossos gestores estadual e municipal.
A gestão estadual apresenta-se ancorada nas técnicas midiáticas da publicidade, bem mais do que em projetos de governo capazes de melhorar a vida dos cidadãos. Com investimentos vultosos em comunicação, passando pela contratação de importante atriz do cenário nacional, a preocupação com a imagem do governo sobrepõe o interesse pelo bem estar da população, o que fatalmente deve ser confrontado pelos opositores na campanha de 2014.
Municipalmente temos uma situação bastante semelhante. Mergulhado em uma sequência de ações discrepantes em relação à sua principal bandeira de campanha, a sustentabilidade, o prefeito perdeu-se entre obrigações possivelmente contraídas durante a campanha e as demandas dos goianienses. Desconsiderou opiniões, desejos e expectativas de seus munícipes, a princípio suplantando qualquer expectativa de concorrer ao Palácio das Esmeraldas no próximo ano. Finalmente, seguindo a cartilha equivocada do governador, faz agora campanha publicitária usando um jornalista renomado nacionalmente para apresentar benesses que surgem como redentoras neste momento de decepção popular.
O fato é que a população se mostra muito insatisfeita com ambos os gestores. Veem-se milhões gastos em shows, publicidade e campos de futebol, enquanto as estradas e importantes obras no estado padecem a céu aberto. Em relação à cidade de Goiânia, os eleitores encontram hoje um prefeito que domina a câmara de vereadores, fazendo dali o lugar certo para aprovar suas contrapartidas aos que o apoiaram em momentos passados, patinando entre questões importantes como o transporte público, saúde e obras inacabadas escondidas detrás de novas obras iniciadas.
Percebo nossos mandatários acreditando que a televisão é suficiente para garantir capital político e votos. Talvez pensem que a tecnologia 3D, que traz para o espectador uma impressão de que as coisas saem da tela e tornam-se mais reais, seja capaz também de convencer aos eleitores-espectadores de que suas imagens tem profundidade e realismo. Ressalto apenas ser sine qua non para que a estratégia funcione em momento algum permitir que esses iludidos espectadores tirem as lentes que lhes são postas, pois aí a mágica acaba.
Marcos Marinho
Professor e consultor político

Twitter: @mmarinhomkt

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