Aqueles que acompanham
a política nacional há mais tempo já perceberam uma ampla e generalizada
desideologização dos partidos e atores políticos. Observando o modus operandi de situação e oposição,
seja em qualquer esfera de poder, não veremos antagonismos, senão pelo desejo
de um em tomar o poder das mãos do outro.
Ao trazer para nossa
seara, o estado de Goiás e a cidade de Goiânia, ambos em mãos de declarados opositores
políticos (PSDB e PT), é possível aferir a afirmação acima, sobre a paridade de
ações que independem das siglas e bandeiras ostentadas em campanhas, analisando
nossos gestores estadual e municipal.
A gestão estadual
apresenta-se ancorada nas técnicas midiáticas da publicidade, bem mais do que
em projetos de governo capazes de melhorar a vida dos cidadãos. Com
investimentos vultosos em comunicação, passando pela contratação de importante
atriz do cenário nacional, a preocupação com a imagem do governo sobrepõe o
interesse pelo bem estar da população, o que fatalmente deve ser confrontado
pelos opositores na campanha de 2014.
Municipalmente temos
uma situação bastante semelhante. Mergulhado em uma sequência de ações
discrepantes em relação à sua principal bandeira de campanha, a
sustentabilidade, o prefeito perdeu-se entre obrigações possivelmente
contraídas durante a campanha e as demandas dos goianienses. Desconsiderou
opiniões, desejos e expectativas de seus munícipes, a princípio suplantando
qualquer expectativa de concorrer ao Palácio das Esmeraldas no próximo ano.
Finalmente, seguindo a cartilha equivocada do governador, faz agora campanha
publicitária usando um jornalista renomado nacionalmente para apresentar
benesses que surgem como redentoras neste momento de decepção popular.
O fato é que a
população se mostra muito insatisfeita com ambos os gestores. Veem-se milhões
gastos em shows, publicidade e campos de futebol, enquanto as estradas e
importantes obras no estado padecem a céu aberto. Em relação à cidade de
Goiânia, os eleitores encontram hoje um prefeito que domina a câmara de
vereadores, fazendo dali o lugar certo para aprovar suas contrapartidas aos que
o apoiaram em momentos passados, patinando entre questões importantes como o
transporte público, saúde e obras inacabadas escondidas detrás de novas obras
iniciadas.
Percebo nossos
mandatários acreditando que a televisão é suficiente para garantir capital
político e votos. Talvez pensem que a tecnologia 3D, que traz para o espectador
uma impressão de que as coisas saem da tela e tornam-se mais reais, seja capaz
também de convencer aos eleitores-espectadores de que suas imagens tem
profundidade e realismo. Ressalto apenas ser sine qua non para que a estratégia funcione em momento algum permitir
que esses iludidos espectadores tirem as lentes que lhes são postas, pois aí a
mágica acaba.
Marcos Marinho
Professor e consultor político
Twitter: @mmarinhomkt
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