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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

(In)Segurança.

Dentre todas as obrigações de um governo, penso que prover segurança aos seus governados deva ser prioridade. O artigo 144 de nossa Constituição Federal é imperativo ao dizer que a segurança pública é dever do Estado, afirma até ser um direito e responsabilidade de todos. Mas a palavra “direito”, a meu ver, não tem correspondido ao que temos visto no dia-a-dia em nossas cidades.
Não há um único dia em que deixemos de ser impactados por notícias de crimes e violência contra o cidadão. Por mais que haja propagandas laureando ações dos governos - afirmando o progresso no atendimento às demandas populares - no mundo real, aquele que não se restringe às mídias utilizadas para convencer o eleitor de que tudo está lindo, vemos estampado na face de toda sociedade o medo. O medo dos pobres, que convivem com a criminalidade em suas portas, o medo da classe média, que vê lhe ser tirado tudo o que passou décadas aspirando possuir, o medo dos ricos, que passaram a viver entrincheirados em condomínios de luxo com altos muros e vigias armados, em situação análoga aos presidiários em seus cárceres.
Somos todos vítimas da omissão e incompetência gestora do Estado. O próprio Estado é vítima de si mesmo, pois a violência impacta em todas as áreas sociais e econômicas. Não é difícil ver empresários desistindo de seus comércios por não suportarem mais serem assaltados, por ter seus funcionários apavorados pedindo demissão e lhes gerando despesas com novas contratações e treinamentos. Vemos uma percentual de clientes que já não levam seu dinheiro aos bares e restaurantes das cidades, por medo de arrastões e furtos. É impossível trabalhar, produzir, estudar e se divertir na integralidade quando estamos com medo, apavorados com a possibilidade de sermos roubados ou mortos.
O povo sofre com a violência nas ruas, nos ônibus e terminais, no trânsito, em suas casas, até nos shoppings que possuem seus esquemas próprios de segurança. Afirmo que essa violência exacerbada não pode ser creditada à falta de atuação das forças policiais. Temos uma polícia atuante, que prende, mas que não possui amparo na legislação, que solta. Temos uma polícia que atua diuturnamente, ainda que em condições muito piores que as dos marginais que enfrentam nas ruas, bandidos melhores armados e equipados.
Vivemos o caos na segurança pública! Nossas leis, descontextualizadas, inverteram direitos e deveres, e colocaram o povo atrás das grades e os marginais nas ruas. Nosso sistema penal é dominado de dentro para fora. As cadeias servem como universidades do crime, e só não estouram porque os bandidos entenderam que vale a pena viver amparados pelo Estado. Sabemos que dentro dos presídios não há, em sua maioria, privação de drogas, celulares, prostituição, chegando ao ponto de haver “centros de lazer”, com confraternizações que são expostas via redes sociais.
É fato que estamos com medo, e o medo é um dos sentimentos mais fortes dentre as motivações humanas. O medo pode nos paralisar, mas também pode provocar reações violentas em defesa da sobrevivência.
Estamos nos aproximando do momento onde a sociedade amedrontada tenderá a duas ações: entregar suas vidas nas mãos de um “salvador da pátria” que lhes faça justiça, e isso é o abre-alas para um novo ditador, ou colocará ela mesma as mãos em armas para se defender, o que independe de estatuto do desarmamento, pois será este o nível da descrença geral no Estado.
Marcos Marinho

Professor e Consultor político.

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