A
administração pública carece de gestores mais competentes. A função executiva
deve ser exercida com mais critério, pois tem como principal atribuição gerir
os recursos de seu município, estado ou país em prol de atender às demandas populares.
Acredito que a experiência adquirida por um empresário, que consegue obter
sucesso a despeito de todas as dificuldades impostas pelo nosso sistema
político e econômico, teria muito a contribuir.
Porém
a política possui uma dinâmica que a diferencia muito do meio empresarial.
Nesta seara não basta a verve gestora, é preciso habilidades e estratégias capazes
de viabilizar os projetos que, invariavelmente, dependem da adesão e/ou
concessão de muitos outros personagens.
O
PMDB goiano está sendo palco de uma cizânia causada pela oposição de dois
personagens: um representando a habilidade gestora, comprovada por uma história
de sucesso empresarial, e outro a habilidade política, comprovada por uma história
construída com vitórias e derrotas nas urnas e, principalmente, muitas horas de
articulação e debate político.
Adotando
estratégias condizentes com seus perfis, Iris Rezende e Júnior Friboi
protagonizam um dos maiores embates pré-eleitorais da política goiana.
Representando, ambos, parcelas importantes do partido, utilizam de expedientes
que não são tão facilmente compreendidos pela população que os assiste.
Friboi,
com sua ousadia e agressividade, tão pertinentes ao mundo dos negócios,
trabalha às claras pela viabilização de seu nome para ostentar a bandeira do
partido em 2014. Calçado por atuações de bastidores, que vem de muito tempo e
investimento em campanhas alheias, o empresário tenta ampliar seu número de
apoiadores internos, cacifando-o com o capital político que lhe é caro.
Iris
Rezende, por sua vez, mantem-se no “jogo do quieto”, se negando a uma
antecipação de candidatura. O experiente político se permite jogar com o tempo
e as expectativas dos outros interessados no processo. Detentor do maior
montante de capital político, e uma história que se confunde com a própria
história do partido e da política goiana, não sucumbe às investidas do desembestado
aliado/oponente, e tampouco às pressões da mídia e dos outros possíveis concorrentes
ao páreo do próximo ano.
Vítima
de suas escolhas e ciente da necessidade de maximizar sua imagem política antes
mesmo do próximo pleito, Júnior caminha por uma estrada ainda não pavimentada
em direção às urnas. Além de tocar seu berrante para arrebanhar partidários
dispostos a formar sua tropa, necessita ainda da benção do líder-mor do partido
e, coisa que percebo estar esquecida, da criação e consolidação de uma imagem
política na mente dos goianos, a fim de que estes o percebam como o líder certo
para o momento vindouro.
Senhor
de suas escolhas, e das escolhas de muitos companheiros posicionados sob suas
asas, Iris Rezende joga primorosamente seu xadrez político. Sem movimentos
abruptos que o coloquem em desvantagem contra inimigos declarados e
disfarçados, continua se esquivando das reivindicações de respostas, bem como
da exposição antecipada de suas pretensões que, certamente, ficariam na mira
daqueles que não o querem nos palanques de 2014.
O
certo é que o cenário político goiano continuará, ainda por um bom tempo, sem
definições. Aqueles que contam com o tempo ao seu favor farão uso dele, já os
que correm contra ele, deverão ser cada vez mais incisivos em suas investidas.
Chamo atenção para um fato que outrora já serviu de fala para o personagem
Capitão Nascimento, representado pelo grande ator Wagner Moura: “o sistema entrega
a mão para salvar o braço”.
Marcos Marinho
Professor e consultor político.
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