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domingo, 22 de abril de 2012

Existe trigo sem joio? - como acabar com o mal infiltrado nas fileiras do bem.


Existe trigo sem joio? - Como acabar com o mal infiltrado nas fileiras do bem.


Observando nossa sociedade subdivido-a em vários segmentos, destaco: dos poderosos e oprimidos, dos corruptos, corruptores e corruptíveis, dos alienados e contestadores, dos atuantes e omissos, e mais alguns por aí. Acredito que, como prega a sociologia, todos representamos personagens, muitas vezes distintos, que transitam entre os grupos, desempenhando algumas vezes papéis antagônicos, de acordo com a necessidade e representatividade adquirida ou outorgada.
As participações dentro dos grupos são motivadas pelos impulsos pessoais, que impelem reações diante das situações vividas. Já foi constatado que o comportamento do homem, quando em grupo, altera-se, saindo do padrão normal de reação e partindo para uma sensação de poder e anônimidade capaz de permitir atos de “coragem”, que caminham em uma tênue linha que separa a legitimidade das ações da violência e do vandalismo. Torcidas organizadas, movimentos sociais, e aí abro um leque sem fim: Marcha contra corrupção, MST, Movimento fora Marconi, Marcha da maconha, Movimento ficha limpa, e todos que congregam um sem fim de ideologias. Aponto também os partidos políticos, funcionalismo público, instituições de ensino, igreja católica, igreja protestante, muçulmanos, judeus, enfim, qualquer grupo que congregue pessoas de diferentes idades, classes sociais, níveis de educação e formação ocultos em multidões de iguais, partilhando das mesmas funções. Quando, conjuntamente, as manifestações praticadas por algum desses grupos, manifestações legítimas advindas de grandes esforços de mobilização, objetivando subjugar desmandos ou simplesmente propagar sua crença ou torcer por seus afetos, são promovidas barbaridades, violências, preconceitos, vandalismo, crimes e contravenções. Vemos um batalhão de alheios ostentando discursos de extinção, propalando palavras que tendem a desmoralizar todo o movimento, toda a instituição, abalar todas as crenças. Surgem então as perguntas: Sacrifica-se o corpo que apresenta um câncer, ou extirpa-se o câncer e trata-se o corpo para que não haja recaídas? Elimina-se toda uma ideologia, uma paixão, uma instituição, ou expurgam-se os que mancham suas bandeiras?
Tratar o efeito em lugar da causa, em nenhuma circunstância, se revela a melhor estratégia, perder as esperanças frente aos desapontamentos, ás decepções ocasionadas por lobos travestidos de cordeiros que se infiltram nas fileiras dos bem intencionados, simplesmente enfraquece a oposição aos maus e corrobora com a desconstrução do melhor ideal comum. Além, é claro, de não resolver os problemas. Extinguir torcidas organizadas, acabar com as igrejas e religiões, prender todos os descontentes, deixar de votar ou, mais radicalmente, odiar a política, não resolve todos os desapontamentos que temos sofrido, que vemos estampando as mídias que nos chegam diariamente. Sem trabalhar a raiz dos problemas, sem cuidar da formação dos cidadãos que se sucedem na interpretação dos papéis sociais, envolvidos em tudo o que partilhamos enquanto sociedade, nada mudará.
Não sei se existe trigo sem joio, mas tenho certeza de que ambos podem ser separados mediante o trabalho árduo e algumas pancadas que servirão para desprender do nosso trigo - nossos sonhos, objetivos, crenças e paixões - toda erva daninha que tenta manchar nossas batalhas diárias. Conclamo aos leitores deste texto que propaguem de hoje em diante não apenas suas convicções, mas também uma certeza inconteste de que os maus não superarão os bons, de que o diálogo franco e envolvente é mais eficaz que as imposições e a violência, e de que a educação é o alicerce para um mundo melhor onde nunca calarão nossas vozes!  

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