Temos hoje como nossos
representantes em nível federal, 513 deputados e 81 senadores. Nas esferas
estaduais e municipais temos um sem número de legisladores que assumiram a
tarefa de representar o povo brasileiro e lhe defender os direitos. Decidi não
enumerar nossos executivos, mas acrescentem mais algumas centenas.
Digamos que cada
brasileiro tenha pelo menos 7 representantes diretos, escolhidos por si em meio
às urnas, que devem lhe proteger e cuidar, a fim de que este cidadão possa
produzir e contribuir para a manutenção do sistema. Aparentemente uma conta
excelente, pois teria cada brasileiro pelo menos sete pessoas gabaritadas e
interessadas no seu bem estar, atuando diuturnamente para lhe proporcionar
todos os meios necessários para que tenha uma vida boa, com saúde, educação,
segurança, cultura e lazer à disposição.
O fato real e
assustador é que verdadeiramente a conta não fecha. Podemos afirmar que, dessa
quase dezena de pessoas, apenas um ou dois estão realmente engajados na função
acima comentada. Certamente algum leitor deve estar discordando agora, e
falando que não há um se quer. Sou mais crédulo!
Por questões
partidárias na maioria das vezes, ou de interesses externos pertinentes a
grandes grupos econômicos, o que podemos acompanhar diariamente é uma
manifestação inequívoca da legislação em causa própria. Nas “casas do povo”,
onde o povo não participa da cozinha, da sala, do cafezinho, os expedientes são
carregados de jogatinas políticas, de entraves em processos de interesse
público, perpetrados por partidos e partidários que apenas objetivam o ganho de
poder, e em vários casos de dinheiro.
Acompanhando os 140
caracteres expressos pelo Dep. Federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) em uma rede
social, e observando as informações repassadas por órgãos de imprensa, pude criar
esta tese: Não há o bem comum, quando o bem partidário não é alcançado! Cito o
caso relatado pelo deputado na noite de quarta feira (12/12) onde a pauta sobre
a redução nas contas de energia foi derrubada, após horas e horas de acalorados
debates, e que por fim, não geraram benefícios para o povo.
Os jornais noticiam
cotidianamente os embates parlamentares, os esquemas para derrubar ou bloquear
pautas que deveriam ser votadas em datas previstas. Temos ciência de que os
acórdãos entre partidos não primam pelo bem popular, mas pelos interesses
representados por siglas e cifras que dominam a política nacional. É deveras
frustrante pensar que se aprovam rápido e facilmente proposições para aumento
dos próprios salários, dos benefícios infindáveis e da contratação sem concurso
de comissionados que atenderão seus comissionadores, mas que para melhorar a
saúde, a segurança, o meio ambiente ou qualquer outra coisa que beneficiará
milhões de pessoas, o rito é outro, lento e cheio de curvas, becos e ralos por
onde escoam o dinheiro pago pelos contribuintes.
Contrassensualmente
encontramos em quem deveria lutar pelo bem do povo, o comportamento mesquinho e
egoísta dos que trabalham movidos por interesses próprios na escalada do poder.
E isso tudo já não ocorre às escondidas. Jornais, revistas e, agora internet,
proporcionam um acesso aos julgamentos e votações das câmaras e plenários, capazes
de manter em constante desgosto o mais utópico eleitor. Temos olhos lá dentro,
ou pelo menos nas partes que ainda nos são permitidas enxergar. Vemos enuviado,
mas podemos olhar as caras demagogas e dissimuladas dos que blasfemam através
de microfones em tribunas.
Acredito que se não
houver um acompanhamento mais próximo pelo povo, um engajamento orquestrado em
movimentos de cobrança e pressão sobre os eleitos, não poderemos jamais
acreditar em uma sociedade melhor e mais igualitária. Devemos utilizar os
mecanismos de comunicação de maneira efetiva, envolvendo o máximo de pessoas
possível, trazendo luz às lúgubres sessões dos plenários, para evitar que o mal
continue sobressaindo enquanto os mandatos são renovados a cada pleito.
Faço votos de que cada
vez mais os “um ou dois” que ainda são dignos de ostentar os mandatos que o
povo lhes atribuiu entendam a necessidade de serem transparentes e envolventes
para terem ao seu lado a única força capaz de transformar este país, a
mobilização popular.
Marcos Marinho
Professor e consultor político
Membro da Ass. Brasileira de
Consultores Políticos – ABCOP
Twitter:
@mmarinhomkt
e-mail: marcos@mmarinhomkt.com.br