É findo o pleito de 2012, em
que as cidades brasileiras tiveram a oportunidade de realinharem-se,
renovarem-se e até manterem-se do mesmo jeito. O voto popular mais uma vez foi
o meio “pacífico” utilizado pela sociedade para manifestar suas opiniões,
frustrações e desejos.
Após três meses de campanhas
eleitorais, apoiadas em estratégias desenhadas por hábeis profissionais de
marketing, ou em alguns casos não tão hábeis assim, os vencedores foram
conhecidos no último dia 07 de outubro na grande maioria do nosso território.
Alguns embates ainda perduram, pois os candidatos que foram para o 2º turno terão
mais alguns dias para convencer a população que num primeiro momento não lhe confiou
seu apoio a concedê-lo em definitivo no dia 28 de outubro.
O que me chama a atenção é
justamente o que deixamos nas urnas eletrônicas neste ano. Em uma análise geral,
podemos perceber que registrados nas maquininhas ficaram não apenas os votos,
mas principalmente as impressões e tendências eleitorais que moveram nossos
cidadãos neste pleito. Com uma atenção especial para os quase 13 milhões de
votos brancos e nulos depositados nas urnas Brasil afora e, em especial aos
18,72% dos votos dos goianienses que foram depositados em branco ou anulados,
invalidando quase 140 mil votos que acabariam por formar, caso fossem dados a
um candidato, o segundo mais votado para a cadeira do executivo goiano.
Muito se falou durante o
período eleitoral sobre a apatia das campanhas e em conseguinte do eleitor que,
aparentemente não se engajou nas bandeiras levantadas e assim não engrossou
fileiras ao lado dos candidatos propositores. Situação que pode nos conduzir
por alguns vieses, me permitindo tecer certas conjecturas a respeito da
mensagem emanada das urnas de 2012.
Amplamente divulgado na
mídia nacional, o caso “Cachoeira” parece ter levado em sua correnteza não
apenas figuras célebres da política goiana, mas também a crença e esperança de
boa parte da população. Responsabilizada também, em partes, pela falta de
investimento nas campanhas municipais, o escândalo com o contraventor anapolino
forçou muitas mudanças de estratégia por parte dos envolvidos nas campanhas,
bem como deixou a população com um desejo de vingança que, de certa forma, foi
expresso pela suspensão do voto em figuras que tiveram manifestas relações com
o bicheiro.
Outro evento que também
serviu de munição em algumas campanhas foi o julgamento do “Mensalão”, o que
expôs sobremaneira as entranhas do Partido dos Trabalhadores, tornando réus, e
atualmente condenados, alguns dos principais nomes da sigla. No entanto este
fato irrompeu com impactos díspares nos segmentos da sociedade. Enquanto alguns
candidatos tentavam usar o fato para atacar os oponentes, a população o
interpretava de diferentes formas, passando pela absolvição do partido, mas
aceitando a condenação dos envolvidos, a uma tentativa de negação e imputação
de tudo a algum tipo de golpe midiático direitista. Chego a pensar que o povo,
em muitos casos, se entregou ao sentimento de redenção estampado nos mantos
pretos dos juízes do supremo, que condenavam indiscriminadamente os envolvidos,
abstraindo de siglas e regozijando-se na punição dos considerados culpados. Essa
última opção, a meu ver, traz em si uma dose de esperança que pode em muito transformar
o desânimo ressaltado em toda análise política feita ultimamente, desembocando
em vários desdobramentos futuros.
Em minha análise do pleito
de 2012, avalio que houve muitos erros de campanha, sendo por estratégias
equivocadas e/ou linhas de comunicação que não alcançaram o coração do eleitor.
Vivemos um momento econômico e social onde o acesso à informação tornou-se mais
fácil, nossa sociedade foi remodelada a partir dos padrões classistas,
expandindo-se dentro de um espaço onde lhe é permitido consumir e exigir formas
e conteúdos diferenciados.
É mister aos políticos e profissionais
que atuam na área reavaliar suas considerações sobre o comportamento dos
eleitores, suas necessidades, sua sensibilidade aos habituais canais de
propaganda política, bem como seu nível de ceticismo sobre o que lhes é
proposto e sua suscetibilidade à
opressão financeira ou moral.
Acredito que saímos deste
pleito melhores do que entramos!
Haverá um período de
realinhamento e articulações essenciais aos partidos e figuras políticas, para
que possam se preparar par enfrentar os novos eleitores que surgirão em 2014.
Teremos também neste entre pleitos uma evolução da sociedade que, mesmo ainda
não compreendendo toda sua força ou o efetivo reflexo de suas atitudes,
manifestou-se através do voto anulado ou branco de forma consciente, ainda que
não eficaz juridicamente e, por este motivo, não me parecer efetivo, a
manifestação dos desiludidos foi ouvida por todos os envolvidos na política e
desta forma será muito considerada na elaboração das estratégias para as
próximas campanhas.
Deixamos nas urnas de 2012
muitas esperanças e desesperanças, uma enorme e inconteste mensagem de que as
coisas precisam mudar neste país, uma sinalização de que o povo começa a se
movimentar em direção ao boicote eleitoral e por isso exige ser tratado com
mais ética, transparência e honestidade.
Espero que até as próximas
eleições não haja uma hibernação da consciência política do nosso eleitor, para
não deixar ao esquecimento o papel de balizador dos próximos resultados que
poderão de vez mudar nossa história.
Professor e Consultor
de Marketing
@mmarinhomkt
/www.mmarinhomkt.com.br
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