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sábado, 13 de outubro de 2012

Eleições 2012 – O que deixamos nas urnas?


É findo o pleito de 2012, em que as cidades brasileiras tiveram a oportunidade de realinharem-se, renovarem-se e até manterem-se do mesmo jeito. O voto popular mais uma vez foi o meio “pacífico” utilizado pela sociedade para manifestar suas opiniões, frustrações e desejos.
Após três meses de campanhas eleitorais, apoiadas em estratégias desenhadas por hábeis profissionais de marketing, ou em alguns casos não tão hábeis assim, os vencedores foram conhecidos no último dia 07 de outubro na grande maioria do nosso território. Alguns embates ainda perduram, pois os candidatos que foram para o 2º turno terão mais alguns dias para convencer a população que num primeiro momento não lhe confiou seu apoio a concedê-lo em definitivo no dia 28 de outubro.
O que me chama a atenção é justamente o que deixamos nas urnas eletrônicas neste ano. Em uma análise geral, podemos perceber que registrados nas maquininhas ficaram não apenas os votos, mas principalmente as impressões e tendências eleitorais que moveram nossos cidadãos neste pleito. Com uma atenção especial para os quase 13 milhões de votos brancos e nulos depositados nas urnas Brasil afora e, em especial aos 18,72% dos votos dos goianienses que foram depositados em branco ou anulados, invalidando quase 140 mil votos que acabariam por formar, caso fossem dados a um candidato, o segundo mais votado para a cadeira do executivo goiano.
Muito se falou durante o período eleitoral sobre a apatia das campanhas e em conseguinte do eleitor que, aparentemente não se engajou nas bandeiras levantadas e assim não engrossou fileiras ao lado dos candidatos propositores. Situação que pode nos conduzir por alguns vieses, me permitindo tecer certas conjecturas a respeito da mensagem emanada das urnas de 2012.
Amplamente divulgado na mídia nacional, o caso “Cachoeira” parece ter levado em sua correnteza não apenas figuras célebres da política goiana, mas também a crença e esperança de boa parte da população. Responsabilizada também, em partes, pela falta de investimento nas campanhas municipais, o escândalo com o contraventor anapolino forçou muitas mudanças de estratégia por parte dos envolvidos nas campanhas, bem como deixou a população com um desejo de vingança que, de certa forma, foi expresso pela suspensão do voto em figuras que tiveram manifestas relações com o bicheiro.
Outro evento que também serviu de munição em algumas campanhas foi o julgamento do “Mensalão”, o que expôs sobremaneira as entranhas do Partido dos Trabalhadores, tornando réus, e atualmente condenados, alguns dos principais nomes da sigla. No entanto este fato irrompeu com impactos díspares nos segmentos da sociedade. Enquanto alguns candidatos tentavam usar o fato para atacar os oponentes, a população o interpretava de diferentes formas, passando pela absolvição do partido, mas aceitando a condenação dos envolvidos, a uma tentativa de negação e imputação de tudo a algum tipo de golpe midiático direitista. Chego a pensar que o povo, em muitos casos, se entregou ao sentimento de redenção estampado nos mantos pretos dos juízes do supremo, que condenavam indiscriminadamente os envolvidos, abstraindo de siglas e regozijando-se na punição dos considerados culpados. Essa última opção, a meu ver, traz em si uma dose de esperança que pode em muito transformar o desânimo ressaltado em toda análise política feita ultimamente, desembocando em vários desdobramentos futuros.
Em minha análise do pleito de 2012, avalio que houve muitos erros de campanha, sendo por estratégias equivocadas e/ou linhas de comunicação que não alcançaram o coração do eleitor. Vivemos um momento econômico e social onde o acesso à informação tornou-se mais fácil, nossa sociedade foi remodelada a partir dos padrões classistas, expandindo-se dentro de um espaço onde lhe é permitido consumir e exigir formas e conteúdos diferenciados.
É mister aos políticos e profissionais que atuam na área reavaliar suas considerações sobre o comportamento dos eleitores, suas necessidades, sua sensibilidade aos habituais canais de propaganda política, bem como seu nível de ceticismo sobre o que lhes é proposto e  sua suscetibilidade à opressão financeira ou moral.
Acredito que saímos deste pleito melhores do que entramos!
Haverá um período de realinhamento e articulações essenciais aos partidos e figuras políticas, para que possam se preparar par enfrentar os novos eleitores que surgirão em 2014. Teremos também neste entre pleitos uma evolução da sociedade que, mesmo ainda não compreendendo toda sua força ou o efetivo reflexo de suas atitudes, manifestou-se através do voto anulado ou branco de forma consciente, ainda que não eficaz juridicamente e, por este motivo, não me parecer efetivo, a manifestação dos desiludidos foi ouvida por todos os envolvidos na política e desta forma será muito considerada na elaboração das estratégias para as próximas campanhas.
Deixamos nas urnas de 2012 muitas esperanças e desesperanças, uma enorme e inconteste mensagem de que as coisas precisam mudar neste país, uma sinalização de que o povo começa a se movimentar em direção ao boicote eleitoral e por isso exige ser tratado com mais ética, transparência e honestidade.
Espero que até as próximas eleições não haja uma hibernação da consciência política do nosso eleitor, para não deixar ao esquecimento o papel de balizador dos próximos resultados que poderão de vez mudar nossa história.
Marcos Marinho
Professor e Consultor de Marketing
@mmarinhomkt /www.mmarinhomkt.com.br

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