Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
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domingo, 21 de outubro de 2012

O que vou ser quando crescer?



Tenho questionado algumas coisas no comportamento de nossa juventude: atitudes ou, na maioria das vezes, falta de atitudes que são preponderantes para o desenvolvimento pessoal e profissional dentro desta sociedade. Tais atitudes, a mim sinalizam, com elevado grau de acerto, como será o amanhã de nosso país, visto que o passar de gerações é inerente à própria vida.
Em minha experiência em salas de aula, conversando com minha esposa que também milita neste front, além de diálogos com amigos e colegas de cátedra, tenho percebido que existe uma distorção perigosa nas “expectativas” demonstradas pelos alunos. Ao falar de expectativas não adentro o mundo das paixões e sonhos românticos, pois acredito serem deveras íntimos e pessoais, tornando-se um campo próprio para os devaneios, erros e acertos. Inquieta-me, e também aos colegas com quem tenho dialogado, os níveis das expectativas que nossos pupilos demostram sobre suas aspirações profissionais. Também incomoda a falta de expectativa com a carreira aparentemente escolhida, que é demonstrada por outra parcela dos discentes.
São comuns as declarações do tipo: “quero ser gerente!” ou “quero ser diretor!”, bem como as tradicionais perspectivas salariais equivocadas: “quero um salário de R$5.000,00 no mínimo!”. Nada contra o “almejar” uma colocação de destaque ou uma remuneração interessante, porém é preciso que os objetivos estejam pautados em metas claras e planos de ação que sejam postos em prática para conquistar estes ideais.
Nesse ponto é que reside minha frustração! Geralmente estas frases, aparentemente otimistas e determinadas, são acompanhadas de comportamentos que as contrapõem. Ao serem questionados sobre seu nível de conhecimento em relação aos mercados em que querem atuar, ou aos requisitos necessários para ocupar o cargo almejado, as respostas são vagas ou nulas. É isso: querem ganhar bem e comandar, mas sem passar pelas etapas que os conduzirão ao status pretendido. Querem ser reconhecidos como diferenciados e especiais, mas sem galgar os degraus que separam o sonho da conquista.
É preciso expor nossos alunos à realidade! De forma alguma frustrá-los os sonhos, mas darmos-lhes as ferramentas e o conhecimento compatíveis com o que encontrarão pela frente ao deixarem os bancos da academia. É imprescindível que entendam como funciona a dinâmica dos mercados, como é importante a humildade e capacidade de se relacionar, a inteligência interpessoal que lhes permitirá iniciar seu networking já nas cadeiras da faculdade, expandindo suas relações por caminhos que certamente lhes serão úteis nas carreiras.
Não podemos considerar normal a apatia frente aos exercícios propostos, as reclamações sobre os trabalhos que lhes são passados, a falta de habilidade para se organizarem em grupos, deixando prevalecer sentimentos menores e que, no “mundo real”, nas empresas onde buscarão seus sustentos, não encontrarão eco, pois terão que conviver com as diferenças de forma compulsória.
Futuros profissionais que não se permitem realizar estágios, por considerarem indigno o valor da bolsa, ou muito distante o local de trabalho, ou por não estarem dispostos a prescindir dos feriados emendados e de seus sábados pela manhã, sem avaliar os ganhos em níveis de experiências e exposição de suas habilidades, demonstram não entender que os caminhos naturais para o sucesso passam pelo esforço, trabalho e dedicação. Ignorando estes fatos, surgem com afirmações do tipo que relacionei no terceiro parágrafo deste texto, muitas vezes apoiados por pais permissivos ou castradores, e/ou ancorados em sobrenomes ou pseudoposição social.
Serve-me ainda de base esta reflexão para expandí-la sobre a atuação de nossos jovens frente à política e às questões sociais, onde pudemos recentemente perceber que também “não estão a fim” de falar disso. Mais uma pena, se avaliarmos que desta geração sairão os futuros profissionais de mercado, gestores, pais e mães, educadores, políticos e executores de todas as funções que dependem da renovação natural.
Admiro profundamente o estudante que coloca seu aprendizado como meta para alcançar seus sonhos, que luta para conquistar seu espaço de forma independente e aguerrida. Acredito nas pessoas que buscam o aprimoramento de forma engajada, participando dos processos e experiências das mais variadas, sem melindres, cheios do desejo de adquirir know-how, e se colocam aptos às oportunidades vindouras.
Entendo que apenas uma pequena parte da real formação de uma pessoa cabe ao professor, boa parte cabe aos seus pais e, nesse momento, faço um a apelo aos pais e mães que lerão este texto: “acreditem, apoiem e eduquem, seus filhos!”. Acredito que todos, independentemente das vantagens ou desvantagens que recebem da vida, temos responsabilidade por nossos atos, por nossas vitórias ou fracassos, não podendo assim franquiar nossos sonhos ou desilusões aos outros.
Sendo assim, faço um último apelo aos jovens que estão lendo estas linhas: “Descubram o que lhes motiva, aceitem as dificuldades inerentes ao percurso, invistam em ser quem sonham ser, mas, principalmente, ajam enquanto é tempo!
Marcos Marinho
Professor e Consultor de Marketing
twitter: @mmarinhomkt
www.mmarinhomkt.com.br

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