Tenho questionado algumas
coisas no comportamento de nossa juventude: atitudes ou, na maioria das vezes,
falta de atitudes que são preponderantes para o desenvolvimento pessoal e
profissional dentro desta sociedade. Tais atitudes, a mim sinalizam, com
elevado grau de acerto, como será o amanhã de nosso país, visto que o passar de
gerações é inerente à própria vida.
Em minha experiência em salas
de aula, conversando com minha esposa que também milita neste front, além de diálogos
com amigos e colegas de cátedra, tenho percebido que existe uma distorção
perigosa nas “expectativas” demonstradas pelos alunos. Ao falar de expectativas
não adentro o mundo das paixões e sonhos românticos, pois acredito serem
deveras íntimos e pessoais, tornando-se um campo próprio para os devaneios,
erros e acertos. Inquieta-me, e também aos colegas com quem tenho dialogado, os
níveis das expectativas que nossos pupilos demostram sobre suas aspirações
profissionais. Também incomoda a falta de expectativa com a carreira
aparentemente escolhida, que é demonstrada por outra parcela dos discentes.
São comuns as declarações do
tipo: “quero ser gerente!” ou “quero ser diretor!”, bem como as tradicionais
perspectivas salariais equivocadas: “quero um salário de R$5.000,00 no
mínimo!”. Nada contra o “almejar” uma colocação de destaque ou uma remuneração
interessante, porém é preciso que os objetivos estejam pautados em metas claras
e planos de ação que sejam postos em prática para conquistar estes ideais.
Nesse ponto é que reside
minha frustração! Geralmente estas frases, aparentemente otimistas e
determinadas, são acompanhadas de comportamentos que as contrapõem. Ao serem
questionados sobre seu nível de conhecimento em relação aos mercados em que
querem atuar, ou aos requisitos necessários para ocupar o cargo almejado, as
respostas são vagas ou nulas. É isso: querem ganhar bem e comandar, mas sem
passar pelas etapas que os conduzirão ao status pretendido. Querem ser
reconhecidos como diferenciados e especiais, mas sem galgar os degraus que
separam o sonho da conquista.
É preciso expor nossos
alunos à realidade! De forma alguma frustrá-los os sonhos, mas darmos-lhes as
ferramentas e o conhecimento compatíveis com o que encontrarão pela frente ao
deixarem os bancos da academia. É imprescindível que entendam como funciona a
dinâmica dos mercados, como é importante a humildade e capacidade de se
relacionar, a inteligência interpessoal que lhes permitirá iniciar seu
networking já nas cadeiras da faculdade, expandindo suas relações por caminhos
que certamente lhes serão úteis nas carreiras.
Não podemos considerar
normal a apatia frente aos exercícios propostos, as reclamações sobre os
trabalhos que lhes são passados, a falta de habilidade para se organizarem em
grupos, deixando prevalecer sentimentos menores e que, no “mundo real”, nas
empresas onde buscarão seus sustentos, não encontrarão eco, pois terão que
conviver com as diferenças de forma compulsória.
Futuros profissionais que
não se permitem realizar estágios, por considerarem indigno o valor da bolsa,
ou muito distante o local de trabalho, ou por não estarem dispostos a
prescindir dos feriados emendados e de seus sábados pela manhã, sem avaliar os
ganhos em níveis de experiências e exposição de suas habilidades, demonstram
não entender que os caminhos naturais para o sucesso passam pelo esforço,
trabalho e dedicação. Ignorando estes fatos, surgem com afirmações do tipo que
relacionei no terceiro parágrafo deste texto, muitas vezes apoiados por pais
permissivos ou castradores, e/ou ancorados em sobrenomes ou pseudoposição
social.
Serve-me ainda de base esta
reflexão para expandí-la sobre a atuação de nossos jovens frente à política e às
questões sociais, onde pudemos recentemente perceber que também “não estão a fim”
de falar disso. Mais uma pena, se avaliarmos que desta geração sairão os
futuros profissionais de mercado, gestores, pais e mães, educadores, políticos
e executores de todas as funções que dependem da renovação natural.
Admiro profundamente o
estudante que coloca seu aprendizado como meta para alcançar seus sonhos, que
luta para conquistar seu espaço de forma independente e aguerrida. Acredito nas
pessoas que buscam o aprimoramento de forma engajada, participando dos
processos e experiências das mais variadas, sem melindres, cheios do desejo de
adquirir know-how, e se colocam aptos às oportunidades vindouras.
Entendo que apenas uma
pequena parte da real formação de uma pessoa cabe ao professor, boa parte cabe
aos seus pais e, nesse momento, faço um a apelo aos pais e mães que lerão este
texto: “acreditem, apoiem e eduquem, seus filhos!”. Acredito que todos,
independentemente das vantagens ou desvantagens que recebem da vida, temos
responsabilidade por nossos atos, por nossas vitórias ou fracassos, não podendo
assim franquiar nossos sonhos ou desilusões aos outros.
Sendo assim, faço um último
apelo aos jovens que estão lendo estas linhas: “Descubram o que lhes motiva,
aceitem as dificuldades inerentes ao percurso, invistam em ser quem sonham ser,
mas, principalmente, ajam enquanto é tempo!
Marcos Marinho
Professor e Consultor
de Marketing
twitter:
@mmarinhomkt
www.mmarinhomkt.com.br
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