A imagem dos políticos
brasileiros está bastante ruim aos olhos da sociedade. Com sucessões de
escândalos, denúncias, investigações, “CPI’s pizzaiolas” e um eterno “eu não
sabia de nada”, nossos representantes enfrentam um cenário cada vez pior em sua
luta pela manutenção do capital político.
Em uma avaliação
desapegada de exatidões estatísticas, podemos considerar este ano de 2012 como
sendo o mais recheado de momentos polêmicos no ambiente da política. E olha que
não tivemos um pleito tão conturbado como alguns de outrora! Então o que nos
resta é conjecturar que, neste ano, houve um aumento expressivo de maracutaias
e falcatruas - certamente a oposição aposta na amplificação desta imagem para
desconstruir o atual governo -, ou que estamos vendo uma atuação mais
apropriada da mídia e dos órgãos de investigação e justiça, que está colocando
luz sobre trevas que dominam grandes porções dos bastidores políticos de nosso
país há dezenas de anos.
Acredito que todo o
lixo que está emergindo dos bastidores do poder jazia ali acumulado há vários
mandatos, e fora alimentado por muitas siglas que hoje posam de paladinos da
moral. Também acredito que evocar a possível benção da ignorância não diminui a
responsabilidade dos líderes que se dizem traídos por lobos em pele de cordeiro.
Todos sabemos que não existem cordeiros neste pasto! Soa-me como o cúmulo da
incompetência, e por isso teria receio de usar deste expediente, um proeminente
líder político, aclamado como estrela maior do seu partido, a cada nova
acusação contra seus liderados, posar de vestal e eterno traído.
Olhando toda essa
profusão de denúncias, manifestações, acusações, retaliações e condenações impelidas
aos estadistas nacionais, se fosse um deles sentiria medo. Na verdade sentiria,
se na pele deles, um extremo pavor da tecnologia! Digo isso, pois considero que
a acessibilização aos meios de comunicação, em especial, à internet, trouxe
consigo uma ameaça à qual nossos políticos não estavam acostumados: a
manifestação imediata da “opinião pública”. Como já escreveu meu grande mestre
Carlos Manhanelli: “Sabemos que os meios de comunicação afetam
profundamente as atitudes da comunidade, as estruturas políticas e o estado
psicológico de todo um país, pois a alfabetização não é pré-requisito para
assimilação de conhecimentos provenientes do mundo eletrônico.”
Se, como muitos acreditam, os
governos que se sucederam não tiveram interesse em formar uma população
pensante, relegando a educação ao quinto plano na escala de prioridades, por
medo de gestar uma sociedade com um nível de crítica e articulação difícil de
ser manipulada, os meios de comunicação lhes deram uma rasteira. Sem
desconsiderar, como já relatei em artigos anteriores, a manipulação editorial
das informações, tenho que admitir que a ação coordenada entre governos e
mercado para transformar nossa sociedade em zumbis consumidores trouxe em si um
efeito deveras colateral. Mesmo não estimulando uma formação educacional
crítica e questionadora, dentro de nossa sociedade sempre existiram os
“subversivos intelectuais”, que disseminam suas análises políticas, fazem duras
críticas ao sistema e questionam tudo e todos, mas que até então ficavam
reservados a guetos elitistas ou esquerdistas, se é que ainda faz sentido
subdividir as ideologias políticas.
As manifestações de apoio e,
principalmente, descontentamento são cada vez maiores e mais articuladas
através das redes sociais. Vivemos um momento no mundo das comunicações onde as
pautas não são apenas geradas em escritórios burocratas ou gabinetes
parlamentares. Com a acessibilidade tecnológica aos meios de divulgação de
textos, sons e imagens, todo vivente que possui um simples smartphone passa a
ser produtor de conteúdo, o que, abstraindo irresponsabilidades e banalidades,
passa a ter uma relevância crescente nas editorias jornalísticas e gabinetes
políticos.
Com a velocidade de um click,
milhões de mensagens são compartilhadas nas ondas da web. Agindo de forma
viral, milhares de conteúdos se espalham pelo mundo e ecoam algumas vezes de
forma extremamente impactante nas sociedades. Uma declaração impensada, uma
medida impopular, uma ação destemperada ou uma simples medida de contenção de
despesas municipais, podem tomar proporções capazes de fazer ruir impérios. A
imagem construída em décadas de exposição midiática convencional, de empresas e
figuras públicas como artistas e principalmente políticos, se percebe ameaçada
em questão de segundos quando de forma negativa vai figurar entre os TT’s
(Trending Topics) do twitter.
Agindo de modo desenfreado e
de impossível contenção, pois o que cai na rede pertence à rede, as mensagens
de retaliação e repúdio a figuras políticas e suas declarações funcionam como
uma colônia de cupins que se instala em um grande e imponente móvel de luxo,
passando a devorá-lo por dentro e deixando, em pouco tempo, apenas a casca que
certamente ruirá.
Nosso políticos não estão
preparados para enfrentar as novas pautas noticiadas pelos milhões de novos
“editores” cibernéticos, assim como as empresas também não estão, e por isso
muitos ainda tentam se manter distantes das redes de www. Grande engano, pois,
definitivamente, mesmo não estando nas redes você estará! O nível de atenção ao
que se diz, ou ao que dizem que foi dito por figuras públicas, bem como a
monitoração da sua imagem virtual, deve ser ocupação primeira de assessorias e
assistentes parlamentares.
Muitas mudanças ainda
ocorrerão no mundo world wide web, muitas mudanças culturais e de hábitos
permearão nossa sociedade, muitas posturas e utilizações deverão ser revistas
sobre este tema. O Marco Civil Regulatório ( PL 2126/2011), aguarda considerações
e votações para ser implementado, fato que deve ser observado com muito
critério por toda sociedade, a fim de evitar cesuras e parametrizar seguranças
para seus usuários.
Finalizando, é sine qua
non ao desenvolvimento de nossa sociedade que a informação circule de maneira
livre entre todos. É extremamente importante a manifestação de opiniões, a
colocação de luz sobre os sombrios segredos dos bastidores da política nacional,
e o acompanhamento do desenrolar dos escândalos para que estes não se recolham
aos porões do esquecimento. Acredito na democratização da geração de conteúdo,
na internet como ferramenta de mobilização e contestação, nos meios digitais
como um modo de educar nosso povo e torná-lo mais engajado nas lutas por seus
direitos.
Marcos Marinho
Professor e
consultor político
Twitter: @mmarinhomkt
Contato:
marcos@mmarinhomkt.com.br
Brasileira está preocupado com carnaval. Acham que político não é problema dele.
ResponderExcluirPor isto acontece de tudo.
beijos!!