Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

domingo, 16 de dezembro de 2012

Legislando em causa própria.



Temos hoje como nossos representantes em nível federal, 513 deputados e 81 senadores. Nas esferas estaduais e municipais temos um sem número de legisladores que assumiram a tarefa de representar o povo brasileiro e lhe defender os direitos. Decidi não enumerar nossos executivos, mas acrescentem mais algumas centenas.
Digamos que cada brasileiro tenha pelo menos 7 representantes diretos, escolhidos por si em meio às urnas, que devem lhe proteger e cuidar, a fim de que este cidadão possa produzir e contribuir para a manutenção do sistema. Aparentemente uma conta excelente, pois teria cada brasileiro pelo menos sete pessoas gabaritadas e interessadas no seu bem estar, atuando diuturnamente para lhe proporcionar todos os meios necessários para que tenha uma vida boa, com saúde, educação, segurança, cultura e lazer à disposição.
O fato real e assustador é que verdadeiramente a conta não fecha. Podemos afirmar que, dessa quase dezena de pessoas, apenas um ou dois estão realmente engajados na função acima comentada. Certamente algum leitor deve estar discordando agora, e falando que não há um se quer. Sou mais crédulo!
Por questões partidárias na maioria das vezes, ou de interesses externos pertinentes a grandes grupos econômicos, o que podemos acompanhar diariamente é uma manifestação inequívoca da legislação em causa própria. Nas “casas do povo”, onde o povo não participa da cozinha, da sala, do cafezinho, os expedientes são carregados de jogatinas políticas, de entraves em processos de interesse público, perpetrados por partidos e partidários que apenas objetivam o ganho de poder, e em vários casos de dinheiro.
Acompanhando os 140 caracteres expressos pelo Dep. Federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) em uma rede social, e observando as informações repassadas por órgãos de imprensa, pude criar esta tese: Não há o bem comum, quando o bem partidário não é alcançado! Cito o caso relatado pelo deputado na noite de quarta feira (12/12) onde a pauta sobre a redução nas contas de energia foi derrubada, após horas e horas de acalorados debates, e que por fim, não geraram benefícios para o povo.
Os jornais noticiam cotidianamente os embates parlamentares, os esquemas para derrubar ou bloquear pautas que deveriam ser votadas em datas previstas. Temos ciência de que os acórdãos entre partidos não primam pelo bem popular, mas pelos interesses representados por siglas e cifras que dominam a política nacional. É deveras frustrante pensar que se aprovam rápido e facilmente proposições para aumento dos próprios salários, dos benefícios infindáveis e da contratação sem concurso de comissionados que atenderão seus comissionadores, mas que para melhorar a saúde, a segurança, o meio ambiente ou qualquer outra coisa que beneficiará milhões de pessoas, o rito é outro, lento e cheio de curvas, becos e ralos por onde escoam o dinheiro pago pelos contribuintes.
Contrassensualmente encontramos em quem deveria lutar pelo bem do povo, o comportamento mesquinho e egoísta dos que trabalham movidos por interesses próprios na escalada do poder. E isso tudo já não ocorre às escondidas. Jornais, revistas e, agora internet, proporcionam um acesso aos julgamentos e votações das câmaras e plenários, capazes de manter em constante desgosto o mais utópico eleitor. Temos olhos lá dentro, ou pelo menos nas partes que ainda nos são permitidas enxergar. Vemos enuviado, mas podemos olhar as caras demagogas e dissimuladas dos que blasfemam através de microfones em tribunas.
Acredito que se não houver um acompanhamento mais próximo pelo povo, um engajamento orquestrado em movimentos de cobrança e pressão sobre os eleitos, não poderemos jamais acreditar em uma sociedade melhor e mais igualitária. Devemos utilizar os mecanismos de comunicação de maneira efetiva, envolvendo o máximo de pessoas possível, trazendo luz às lúgubres sessões dos plenários, para evitar que o mal continue sobressaindo enquanto os mandatos são renovados a cada pleito.
Faço votos de que cada vez mais os “um ou dois” que ainda são dignos de ostentar os mandatos que o povo lhes atribuiu entendam a necessidade de serem transparentes e envolventes para terem ao seu lado a única força capaz de transformar este país, a mobilização popular.
Marcos Marinho
Professor e consultor político
Membro da Ass. Brasileira de Consultores Políticos – ABCOP
Twitter: @mmarinhomkt
e-mail: marcos@mmarinhomkt.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário