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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

O virar do calendário



Finalizamos o ano de 2012 com a cota de escândalos e decepções políticas mais do que cumprida - julgo até que tivemos o maior superávit dos últimos anos. Positivamente porém, pudemos observar também no finado ano algumas importantes mobilizações nacionais e locais em prol da moralidade, em apoio ao julgamento e condenação de corruptos, ao não auto-aumento de salários pelos parlamentares, à aplicação da “Lei da ficha limpa”, bem como outros movimentos que surpreenderam os homens e mulheres acostumados a “canetar” leis sem respeitar a opinião popular.
Tivemos também em 2012 um pleito político. Milhares de candidatos, de todos os matizes e correntes, em minha opinião pseudoideológicas, batalharam para conquistar os votos necessários que os levassem aos cargos almejados. Tivemos situações polêmicas que foram decididas nos tribunais, tivemos muita gente tentando ganhar visibilidade subindo no palanque alheio, vimos práticas arcaicas de se fazer política e vimos também novas e boas oportunidades para mudar este cenário completamente desacreditado pela sociedade. Sou crente no fato de que surgiram homens e mulheres honrados e honestos nestas eleições, que estão agora vivendo a mais difícil missão de suas vidas, continuarem assim no decorrer de mandato.
Escrevo este texto para rememorar alguns episódios polêmicos do ano passado, que ainda não foram esclarecidos, e que aparentemente caminham para o esquecimento. Onde foi parar o dinheiro do, já julgado, mensalão? Onde e com quem são os contratos milionários da Delta, que irrigaram este esquema? Vão devolver este recurso público? Quais são, efetivamente, as relações de Lula com os mensaleiros? Com a Rosemary? Como se desdobra o envolvimento de Marconi no esquema Cachoeira? Onde estão os vereadores e deputados envolvidos nas escutas da operação Monte Carlo? E todas as outras perguntas que ficaram sem resposta e agora, espero, começarem a voltar a sua mente, meu caro leitor.
Vivemos em uma sociedade imediatista, onde queremos tudo para o momento. Vivemos apenas o fugaz, o instantâneo, consumimos e descartamos os resíduos imediatamente. O problema é que estamos fazendo isto com tudo. Consumimos os escândalos e imediatamente já os descartamos, na maioria das vezes, insatisfeitos com o sabor, esperando pelo próximo. Não acompanhamos o desenrolar dos fatos, o fim dos processos. Não temos mais a habilidade de esgotar as coisas antes de substituí-las.
O ano de 2013, diferente do que os alienados tentam pregar, não começa do zero! Trouxemos na bagagem de 2012 todas as escolhas que fizemos ou deixamos de fazer, e vamos obrigatoriamente ter que conciliá-las com os projetos que se iniciam neste novo ano. Devemos parar com essa baboseira de “tudo novo”! O deixar morto o ano velho só é bom para quem tem dívidas não saldadas e quer se valer deste expediente para escapar de censuras, cobranças e condenações. Não digo que devemos viver no passado, digo que não podemos deixar que tudo sempre vire passado antes de ser resolvido. O ano novo traz oportunidades para esclarecer tudo o que não esclarecemos nos anos anteriores. Acho uma estupidez, e até uma leviandade, fazer apologia ao “começar do zero”, quando se tem um saldo tão negativo.
Estamos iniciando um ano que será carregado de oportunidades, decepções e conquistas motivadas pelo que fizermos a cada dia. Mas também impregnado por tudo aquilo que não resolvemos no ano passado, e nos anteriores, e agora fazem parte do saldo de nossa conta. As promessas de regime, mudar de emprego, de estilo de vida ou o que quer que seja, não apagam quem fomos, mas nos dizem como queremos ser. Sendo assim, tudo o que formos iniciar em 2013 invariavelmente estará impregnado e sofrerá influências dos erros e acertos passados. O início dos mandatos nas Câmaras e Prefeituras já estão demonstrando isso. Como exemplo trago o atual prefeito de Catalão, que expos em praça pública toda deterioração da frota deixada por seu antecessor, bem como as dívidas, a fim de se resguardar das eventuais cobranças populares e judiciais. Claro que ainda aproveitou para desgastar o capital político dos adversários.
Quero um 2013 muito melhor para todos! Quero uma sociedade mais justa e políticos mais dignos! Quero cidadãos mais conscientes e atuantes, e por isto escrevo a você. Não deixe que o apagar das luzes midiáticas sobre os escândalos irresolutos, motivado por interesses corporativos e financeiros, apague também sua memória, suas convicções, sua vontade de, assim como eu, ver estes desejos realizados.

Marcos Marinho
Professor e consultor político
Twitter: @mmarinhomkt

3 comentários:

  1. Se conseguirmos ir, melhores em 2014, tanto quanto desbravado foi do que ja aconteceu em 2013, poderiamos, alias, poderemos ver uma revolução, ah quem dera, mas sei que meus olhos ainda verão justiça e a política como nuca houve em nosso país!

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