O cenário político goiano se apresenta em 2012 de uma forma
ainda mais insossa do que em pleitos passados. Escuto em meu caminho cotidiano,
nas ruas e salas de aula, nas redes sociais e conversas online que estas
eleições carregam sobre si a marca do descrédito.
Formulo pelo menos dois ou três argumentos convincentes para
explicar esta relação desanimada e pouco receptiva entre eleitores e campanhas eleitorais.
A eliminação do “espetáculo eleitoral”, com supressão de showmícios, redução
das doações de campanha que possibilitavam o assédio ao eleitor, restrição dos
materiais de publicidade eleitoral e uma utilização equivocada das tecnologias
online deixam o interesse dos votantes ainda mais distante das mensagens dos
candidatos. Vale ressaltar o despreparo de grande parte dos candidatos que, em
muitos casos, buscam nas replicações equivocadas de modelos cômicos, utilizados
em pleitos passados, a tentativa de repetirem façanhas.
Porém, a possibilidade que me surge como mais autêntica é de
que nossa população entrou em um torpor fomentado pelo desânimo advindo da
decepção, da perda dos pseudo-heróis que bradavam suas palavras de ordem e repúdio
à corrupção e em favor da justiça. Acredito que a não indexação da imagem dos
atuais candidatos aos modelos de justiça e proteção que nossa sociedade tanto
espera encontrar em seus governantes afasta ainda mais o coração do eleitor de
sua missão democrática, votar consciente.
Após a derrocada do grande baluarte da justiça, o ex-senador,
a exposição dos tentáculos mafiosos que envolveram quase todas as esferas do
poder goiano - indo da boca do lixo aos salões palacianos e máquinas da
imprensa nacional - o eleitor se quedou apreensivo e frustrado. Este mesmo eleitor
ainda teve que assistir à indecisão dos partidos em lançar suas candidaturas
principais e foi impactado pela atitude nada estratégica de uma câmara de
vereadores que não soube esconder sua sanha por mais dinheiro público, votando na
surdina seu generoso aumento de 35%, o que serviu como estocada no coração
deste povo submetido a acréscimos ínfimos em seu salário mínimo anualmente.
Não podemos esquecer ainda da montanha russa de acusações e
ataques sofridos pelo governador do estado e pelos principais nomes da política
goiana, não importando suas siglas, seus atuais momentos políticos ou de saúde,
que mantém cinzento os céus goianos.
Cachoeira, Mensalão, Pizza, são palavras constantes no
dia-a-dia dos brasileiros, em especial dos goianos, e que ora apontam para a
tradicional pilha de escândalos passados e não resolvidos ora, mesmo que de
lampejo, apontam para justiça. Em falando de justiça, nossa “Liga da justiça”,
composta pelos “Excelentíssimos” de capas pretas, que atualmente polarizam as
expectativas dos eleitores quanto à execução da lei sobre boa parte dos
escarcéus que soterram a fé e a esperança democrática, não percebem o quanto
são responsáveis pelo sabor amargo que este pleito deixa nas milhares de bocas
espalhadas por este “rico chão brasileiro”.
Sem heróis nos palanques eleitorais, voltamos nossos olhos
aos salões da justiça, na esperança de ver emanar dali um elemento que nos
auxiliará a mudar a política nacional: o medo. Medo da punição, que deve ser
incrustrado no coração dos maus políticos, fazendo-os desaparecer das “casas do
povo”, dos palácios e palanques.
O pleito eleitoral deveria ser recebido com expectativa e
alegria pelos cidadãos. A possibilidade de influenciar os rumos de sua cidade,
estado e país deveriam ser, por si, motivadores de envolvimento, pesquisa,
debates sobre as melhores opções. Não vejo apenas na obrigatoriedade do
exercício de civismos o motivo pelo desgosto estampado nas caras dos eleitores
ao chegar o período eleitoral.
Responsabilizo a falta de educação, falta de ensinamentos
sobre o processo democrático, sobre direitos e deveres, sobre funções e poderes
que regem nossa política. Ademais culpo veementemente a mim e aos tantos outros
pertencentes às classes pseudo-intelectuais, formadores de opinião, condutores
da mídia, entidades de classe e religiosas, professores, jovens universitários
e movimentos sociais, que nos encolhemos frente à opressão sofrida por nosso
povo e não cumprimos nosso papel moral de preparar nossas crianças, nossos
jovens, para assumir o comando deste país, dando-lhes bons exemplos e
ensinamentos éticos.
É injusto, para com as futuras gerações, desacreditarmos a
democracia, a política e toda humanidade, já que usamos como referencial apenas
nossa própria covardia! Como disse Dalai Lama: “Seja a mudança que você quer
ver no mundo!”.
Marcos Marinho
Professor e consultor político
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