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terça-feira, 22 de maio de 2012

O que passou na TV – Um comentário sobre a vida e as mazelas midiatizadas


O que passou na TV – Um comentário sobre a vida e as mazelas midiatizadas

A espetacularização da vida é incontestavelmente uma repercussão de sua midiatização aliada à fogueira de vaidades fomentada por seus veículos. Objetivando estampar capas de jornais e revistas, além dos minutos vendidos a peso de ouro em rádios e tv’s, as pessoas expõem seus traumas, culpas, condutas e até seu silêncio para milhões de expectadores.
Os consumidores da mídia, bem como seus patrocinadores, vivem a banal expectativa pelo espetáculo pirotécnico que acompanha os escândalos, denúncias e tragédias. Muitas vezes a informação, característica nata do jornalismo, além de principal produto de muitas redes de comunicação, dá lugar aos comentários banais e vazios, ou aos escrachos que tentam satirizar situações que não lhes permitem tais manobras por audiência.
Questiono as principais “notícias” veiculadas à exaustão nesta semana de maio de 2012, onde um fato lastimável como o abuso de uma criança, toma um caráter dramático, não pelo ato em si, mas pelo abusado que, no auge do ostracismo de sua fama, decide jogar aos quatro ventos um passado que não lhe justifica o presente, mas comove e garante lágrimas saudosistas de baixinhos que não enxergam o andar inexorável do calendário. Reforço que meu julgamento não é pela denúncia, mas pelo tom que lhe coube, a formatação dada e, principalmente, por não enxergar na ação um intuito sincero de contribuir com as vítimas desta bestialidade, não perceber nisto algo que realmente fosse impactante para aqueles que precisam de porta-vozes contra esse crime, especialmente observo que, vindo de quem veio, pelo potencial midiático e econômico que representa, esperava algo mais abrangente e eficaz para proteção dos que padecem por este mal.
Outro momento indigno de ser comentado, mas necessário, é o jogo de faz-de-conta que nos é transmitido de Brasília, onde uma CPI apresenta a disputa de parlamentares que se revezam na tentativa de argüir, da maneira mais constrangedora possível, um inquirido mudo, que se esconde por detrás de uma cachoeira de recursos jurídicos e brechas da lei. Somando a esta CPI ainda temos: um julgamento moribundo de mensaleiros escondidos sob as saias do poder, a votação de uma PEC contra o trabalho escravo, em que os votantes se atém ao questionar da definição de “trabalho escravo”, me fazendo perceber que, de certo, fugiram das aulas de história ou se recusam a enxergar os trabalhadores como seus iguais, e, portanto, passíveis de cargas e formas de trabalho que os próprios parlamentares não aceitariam jamais.
Ainda no decurso da semana, fluem pílulas sobre artimanhas para blindar construtoras e governadores, trocas de mensagens “analfabéticas” entre relatores e acusados, presidentes de comissões que empregam fantasmas e mais um sem número de denúncias que se esvaem twitter afora.
Infelizmente preciso reconhecer que as principais fontes de informação de nossa sociedade estão, se não completamente, parcialmente impregnadas por interesses monetários, e lembro que estes interesses sobrepujam a necessidade social de informação clara, bem transmitida, completa e contextualizada, capaz de permitir a criação de conceitos,  de mobilizar em direção às urnas, em direção às ruas para marchas e protestos pacíficos em prol de mudanças, capaz de conduzir para uma sociedade melhor, capacitando esta sociedade a assumir as rédeas deste país.
Volto-me para um discurso recorrente em meus textos, recorrente nas falas de poucos senadores e atores sociais: invistamos na educação deste povo, participemos desta educação, não terceirizemos estes cérebros para a mídia lasciva, pois seremos obrigados a viver neste mundo da forma que o transformarmos, até o último suspiro que nos for permitido!

Marcos Marinho
twitter: @marinhomkt

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