CPI 2 – Hora de sermos
os botões vermelhos
Sejamos
francos: era exatamente isso que esperávamos! Esta frase, que deveria estar no
fim deste texto, foi trazida à primeira linha simplesmente para exaltar a
previsibilidade das atuações de nossas Comissões Parlamentares Mistas de
Inquérito.
Alheia
àquela esperança teimosa, iludida pela cólera vociferada dos políticos
participantes destas comissões que estampam as mídias como defensores do povo,
indignados com os desvios de seus pares, combativos aos novos escândalos ou aos
escândalos requentados, nossa lógica racional, a que nos mantêm vivos nos momentos
de perigo, sempre deixa uma luz vermelha acesa, piscando e dizendo: “Vai
acontecer de novo!”
Indigna-me
o modus operandi dos parlamentares encarregados de conduzir os trabalhos nas
comissões que, no primeiro momento interpretam os gladiadores dispostos a
cortar na própria carne em busca da prevalência da verdade e no momento seguinte, quando percebem a quantidade
de vasos, veias e artérias que estão por baixo destes futuros pedaços
dilacerados e descartados do próprio corpo, passam a bancar os bufões que
simplesmente entretém a massa, enquanto os oponentes caídos e enfraquecidos
retomam suas forças para voltar a ferir o povo, ou simplesmente empreender uma
fuga para as sombras do esquecimento midiático.
Sempre
inconscientemente conscientes do destino comum das CPI’s e CPMI’s assistimos ao
jogo de esconde-esconde oportunizado por deputados e senadores, sonhando
encontrar verdades e atuações dignas dos representantes do povo - e essa é a
parte inconsciente - sabendo que no fim das contas, ao terminar a brincadeira,
todos vão para suas casas, felizes e tranqüilos, já combinando a brincadeira de
amanhã. Sim, essa é a parte consciente!
Volto
a afirmar minha opinião quanto ao modo de tornar essas comissões menos
previsíveis, dizendo que deveriam contar com representantes indiretos do povo,
com fiscais advindos de ONG’s, setor industrial, comércio, entidades de classe
e outros grupos, que agiriam como um júri popular, acompanhando e avaliando
todos os passos, tanto dos acusados como dos acusadores, a fim de não deixar
que a frase inicial deste texto continue sendo a representação fiel do destino
deste legítimo instrumento da democracia brasileira!
Marcos Marinho
twitter: @marinhomkt
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