Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Mídia e seu papel na desinformação social. - Uma relação entre mídia e educação.


A Mídia e seu papel na desinformação social.

Estamos vivendo uma época incontestavelmente midiatizada, onde praticamente tudo circula em canais de informação, em veículos, que trafegam em velocidades distintas, em direções muitas vezes opostas, e com capacidade para mobilizar, desarticular ou simplesmente despistar todas as audiências.
Muitos ainda não se apercebem imersos em redes de conteúdos, editados, e atribuem suas escolhas e crenças meramente ao cotidiano. Aos olhos mais treinados ficam claros os emaranhados de canais que levam e trazem materiais elaborados para produzir reações premeditadas, traçando caminhos que permitem aos autores sociais, em especial aos políticos, trabalharem suas ideologias e artimanhas capazes de conquistar legiões de crentes eleitores, dispostos a doar seu tempo, confiança e, acima de tudo, seu voto.
Direcionados pelo ir e vir das informações que são entregues diuturnamente, os eleitores vão aglutinando suas impressões sobre os políticos e a política, “clusterizando” estas impressões de modo a elegerem, primeiramente no âmbito mental, seus escolhidos, seus candidatos, os homens e mulheres merecedores de sua atenção, além também de seus desafetos, aqueles que lhes causam asco e rancor. Cabe-nos aqui enfatizar o fato de que esses eleitores, cheios de suas certezas e seus julgamentos sobre os políticos e a política, formam seus argumentos internos a partir das versões que recebem, em grande parte subliminarmente, pelas mídias com as quais tem contato em seu cotidiano, dos canais sabidamente carregados de impressões e predisposições determinados pelos editores destes veículos.
Ao fornecer-se uma versão, oficializada pelo próprio meio em que é veiculada, a uma pessoa que na maioria das vezes não terá acesso a outra versão desta mesma “verdade”, exerce-se nela uma forma de controle tão sutil, no tocante a aceitação deste controle, que torna os meios de comunicação o principal mecanismo de manutenção do poder, disponível nas sociedades modernas. Ao munir o expectador com o pseudo direito de escolha sobre a informação que consumirá, através do acesso a todos os tipos de meios de comunicação, dando-lhe ainda, personificado em um objeto, o controle (remoto) sobre o que assistir e quando, faz-se aberta a porta que dá acesso às mentes dos cidadãos, e da maneira mais ardilosa faz-se com que a porta seja aberta por dentro.
Acessibilizar a informação, e neste caso me refiro ao acesso físico, e não oportunizar o acesso cognitivo, interpretativo e crítico advindos da educação, é o mesmo que, me perdoem a analogia, “colocar uma arma nas mãos de um macaco”. Entregar uma ferramenta capaz de produzir resultados desastrosos, nas mãos de um usuário que não compreende todo seu potencial só pode ser interessante para quem sabe como adestrar esse usuário, fazendo-o simplesmente imitar movimentos sem a consciência de seus resultados.
Não há outra forma para minorar os problemas sociais, os equívocos repetidamente manifestos nas urnas e lamentados pelos eleitores, a violência e pobreza que assolam nossa nação, que não seja a educação! Uma educação pensada para formar cidadãos, eleitores conscientes, decodificadores eficazes de todo e qualquer tipo de informação, brasileiros em condições de criar suas convicções após analisarem criteriosamente todos os fragmentos de verdades versionados pelos veículos midiáticos. Falo da educação que começa na base, no ensino fundamental, e se potencializa em todos os níveis da jornada escolar, agregando conhecimentos diversos, preparando verdadeiramente os alunos e alunas, não só para o acúmulo de diplomas, mas, primordialmente, para o acúmulo do conhecimento que os liberte dos títeres editoriais.
Marcos Marinho
@marinhomkt

3 comentários:

  1. Não sei porque mas todas as vezes que leio algo sobre Marketing me remeto ao "mito da caverna" e também a uma pergunta daquelas que move o mundo: "E se..?."
    Então meu caríssimo professor amigo e alma amiga desde já agradeço por brindar-me com sua eloqüência e esteja certo, sou dos que carregaria sua bolsa para que suas mãos estejam sempre livres para produzirem sempre mais.
    Gratulon Samideano!

    ResponderExcluir
  2. Grande Marcus Marinho, faço das palavras do Claudionor Sena as minhas. Uma característica que reparei de todos os seus artigos é que ele nos faz pensar fora da caixa. Alguns dias atrás estava comentando com minha namorada que seus textos são ótimos, porém com uma linguagem um pouco difícil de acompanhar. A medida que fui tornando-me um leitor mais assíduo de seu blog, as postagens tornam-se mais fáceis e agora a linguagem já não me incomoda mais. Resumindo, meus parabéns. Tudo o que eu disse acima não são só elogios, mas também a minha opinião sobre este artigo em particular. Como você disse no final, o caminho para não se tornar uma marionete da mídia é a educação, o habito da leitura. Infelizmente a maioria dos brasileiros aceitam o caminho da informação sem dor, ou seja, a televisão e nem sempre esta é a melhor forma de se manter atualizado. O Diário da Manhã acho que eu não preciso nem falar nada. VERGONHA com letra maiúscula. Mas como diz o Rosenwal Ferreira, ainda nos resta as conversas de bares e os bancos das praças. São nestes lugares onde as pessoas falam dos assuntos cotidianos e expressam seus sentimentos quanto ao nosso cenário político e quando uma opinião diverge das demais, já é possível perceber que a opinião nem sempre é comprada ou moldada e este personagem pode também moldar outras cabeças para também pensar fora da caixa. plim plim.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pelo comentário Douglas! O investimento em educação é primordial para construirmos um país melhor. Infelizmente essa não é a prioridade dos detentores do poder, que encontram na ignorância do povo o terreno fértil que precisam! Agora, não posso deixar de criticar também, os grupos intelectuais e a maioria dos movimentos sociais, que não executam essa ação educativa, a fim de tomar o lugar das ações manipulativas dos governos associados à mídia, contribuindo efetivamente para a conquista de seus próprios objetivos!

      Excluir