A Mídia e seu papel na desinformação social.
Estamos vivendo uma época
incontestavelmente midiatizada, onde praticamente tudo circula em canais de
informação, em veículos, que trafegam em velocidades distintas, em direções
muitas vezes opostas, e com capacidade para mobilizar, desarticular ou
simplesmente despistar todas as audiências.
Muitos ainda não se apercebem
imersos em redes de conteúdos, editados, e atribuem suas escolhas e crenças
meramente ao cotidiano. Aos olhos mais treinados ficam claros os emaranhados de
canais que levam e trazem materiais elaborados para produzir reações
premeditadas, traçando caminhos que permitem aos autores sociais, em especial aos
políticos, trabalharem suas ideologias e artimanhas capazes de conquistar
legiões de crentes eleitores, dispostos a doar seu tempo, confiança e, acima de
tudo, seu voto.
Direcionados pelo ir e vir das
informações que são entregues diuturnamente, os eleitores vão aglutinando suas
impressões sobre os políticos e a política, “clusterizando” estas impressões de
modo a elegerem, primeiramente no âmbito mental, seus escolhidos, seus
candidatos, os homens e mulheres merecedores de sua atenção, além também de
seus desafetos, aqueles que lhes causam asco e rancor. Cabe-nos aqui enfatizar
o fato de que esses eleitores, cheios de suas certezas e seus julgamentos sobre
os políticos e a política, formam seus argumentos internos a partir das versões
que recebem, em grande parte subliminarmente, pelas mídias com as quais tem
contato em seu cotidiano, dos canais sabidamente carregados de impressões e
predisposições determinados pelos editores destes veículos.
Ao fornecer-se uma versão,
oficializada pelo próprio meio em que é veiculada, a uma pessoa que na maioria
das vezes não terá acesso a outra versão desta mesma “verdade”, exerce-se nela
uma forma de controle tão sutil, no tocante a aceitação deste controle, que
torna os meios de comunicação o principal mecanismo de manutenção do poder,
disponível nas sociedades modernas. Ao munir o expectador com o pseudo direito
de escolha sobre a informação que consumirá, através do acesso a todos os tipos
de meios de comunicação, dando-lhe ainda, personificado em um objeto, o
controle (remoto) sobre o que assistir e quando, faz-se aberta a porta que dá
acesso às mentes dos cidadãos, e da maneira mais ardilosa faz-se com que a
porta seja aberta por dentro.
Acessibilizar a informação, e
neste caso me refiro ao acesso físico, e não oportunizar o acesso cognitivo,
interpretativo e crítico advindos da educação, é o mesmo que, me perdoem a
analogia, “colocar uma arma nas mãos de um macaco”. Entregar uma ferramenta
capaz de produzir resultados desastrosos, nas mãos de um usuário que não
compreende todo seu potencial só pode ser interessante para quem sabe como
adestrar esse usuário, fazendo-o simplesmente imitar movimentos sem a
consciência de seus resultados.
Não há outra forma para minorar
os problemas sociais, os equívocos repetidamente manifestos nas urnas e
lamentados pelos eleitores, a violência e pobreza que assolam nossa nação, que
não seja a educação! Uma educação pensada para formar cidadãos, eleitores
conscientes, decodificadores eficazes de todo e qualquer tipo de informação,
brasileiros em condições de criar suas convicções após analisarem
criteriosamente todos os fragmentos de verdades versionados pelos veículos
midiáticos. Falo da educação que começa na base, no ensino fundamental, e se
potencializa em todos os níveis da jornada escolar, agregando conhecimentos
diversos, preparando verdadeiramente os alunos e alunas, não só para o acúmulo
de diplomas, mas, primordialmente, para o acúmulo do conhecimento que os
liberte dos títeres editoriais.
Marcos Marinho
@marinhomkt
Não sei porque mas todas as vezes que leio algo sobre Marketing me remeto ao "mito da caverna" e também a uma pergunta daquelas que move o mundo: "E se..?."
ResponderExcluirEntão meu caríssimo professor amigo e alma amiga desde já agradeço por brindar-me com sua eloqüência e esteja certo, sou dos que carregaria sua bolsa para que suas mãos estejam sempre livres para produzirem sempre mais.
Gratulon Samideano!
Grande Marcus Marinho, faço das palavras do Claudionor Sena as minhas. Uma característica que reparei de todos os seus artigos é que ele nos faz pensar fora da caixa. Alguns dias atrás estava comentando com minha namorada que seus textos são ótimos, porém com uma linguagem um pouco difícil de acompanhar. A medida que fui tornando-me um leitor mais assíduo de seu blog, as postagens tornam-se mais fáceis e agora a linguagem já não me incomoda mais. Resumindo, meus parabéns. Tudo o que eu disse acima não são só elogios, mas também a minha opinião sobre este artigo em particular. Como você disse no final, o caminho para não se tornar uma marionete da mídia é a educação, o habito da leitura. Infelizmente a maioria dos brasileiros aceitam o caminho da informação sem dor, ou seja, a televisão e nem sempre esta é a melhor forma de se manter atualizado. O Diário da Manhã acho que eu não preciso nem falar nada. VERGONHA com letra maiúscula. Mas como diz o Rosenwal Ferreira, ainda nos resta as conversas de bares e os bancos das praças. São nestes lugares onde as pessoas falam dos assuntos cotidianos e expressam seus sentimentos quanto ao nosso cenário político e quando uma opinião diverge das demais, já é possível perceber que a opinião nem sempre é comprada ou moldada e este personagem pode também moldar outras cabeças para também pensar fora da caixa. plim plim.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário Douglas! O investimento em educação é primordial para construirmos um país melhor. Infelizmente essa não é a prioridade dos detentores do poder, que encontram na ignorância do povo o terreno fértil que precisam! Agora, não posso deixar de criticar também, os grupos intelectuais e a maioria dos movimentos sociais, que não executam essa ação educativa, a fim de tomar o lugar das ações manipulativas dos governos associados à mídia, contribuindo efetivamente para a conquista de seus próprios objetivos!
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