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terça-feira, 30 de setembro de 2014

O candidato ideal


Chegamos à reta final das eleições 2014, aparentemente no velho ritmo da inércia que se abateu sobre a política goiana há tempos. Povo de um lado, candidatos do outro, propaganda fraca, eventos mirrados e nada de “novo”.

Mais uma vez o povo ficou à espera do candidato capaz de captar-lhe os anseios, capaz de se comunicar e apresentar alguma forma de mudar essa realidade desagradável que está posta. Mas aí reside um problema: será que o povo tem alguma ideia de como se parece esse candidato? Sem saber como ele é, como o identificar quando o vir?

Trago esse questionamento em confronto direto àqueles que dizem que anularão o voto por não ter “alguém que preste”. Afronto também os que afirmam serem os políticos todos iguais. São iguais a quê, em que, a quem?

A atividade política vem sendo pervertida ao longo do tempo, afastando-se totalmente do que deveria ser. O professor Clóvis de Barros Filho nos apresenta um conceito de política muito interessante, que diz: “a política é o debate sobre compatibilizar interesses contraditórios no sentido da melhor convivência possível”.

É fato que viver em sociedade requer habilidades relacionais, pois são muitos desejos diferentes coexistindo no mesmo ambiente e dependendo dos mesmos recursos. Àqueles que se propõem mediar relações sociais, papel principal dos mandatários políticos, é fundamental que essa habilidade prepondere sobre todas as outras. Saber negociar em prol do atendimento dos interesses dos que lhe votaram, não apenas de seus próprios, deve ser o principal norteador de sua atividade enquanto representante escolhido pelo povo.

Mas será que esse critério sobressairá entre os que serão usados pelos eleitores para definir o voto no próximo dia 05 de Outubro? Caso não seja o balizador, quando a campanha passar lá estará novamente o eleitor sem quem trabalhe para compatibilizar seu interesse com uma vida melhor.

Suponho não ser aquele que distribui mais gasolina, ou meia dúzia de dinheiro, ou cavaletes nas ruas, santinhos pelas calçadas, sorrisos em fotos e vídeos, que ostente essa capacidade de lutar pelos interesses de quem lhe confiou o voto. Estes que se baseiam na encenação pura, na comercialização de apoios e sufrágios, certamente não titubearão em votar uma matéria, uma lei, um projeto que possa prejudicar o povo, desde que ganhem seu quinhão.

O verdadeiro político exerce sua atividade todos os dias de sua vida, com ou sem mandato. Ele está sempre disposto a lutar pelos interesses dos que lhe necessitam de apoio e ação. O resto, que pulula no horário eleitoral, são apenas “atores de campanha” em busca de um troféu, um emprego com boa remuneração e poder para dar voz aos seus desejos. Aparecem, somem e reaparecem durante as eleições e, ganhando ou perdendo, passam quase quatro anos sem olhar o eleitor nos olhos ou responder suas indagações.

Não se deve confundir a política e os políticos com a guerra de interesses particulares e “atores de campanha”. Também não é inteligente a afirmação de que “a política é sempre assim”, pois estaria confirmando que somos, todos que não agimos ou concordamos com isso, massa indefesa de manobra.

Admito que sejamos, na maioria, lenientes e preguiçosos quando o assunto é política. O que é um equívoco imperdoável, visto a violência e carestia do mundo em que vivemos. Mas não somos agentes passivos neste processo! Podemos mudar tudo, de uma vez, caso assim desejemos e para isso nos empenhemos.

Espero que antes de tomar sua decisão no dia 5 de Outubro haja reflexão e ponderação quanto ao que está realmente em jogo no momento do voto. Não simplesmente a propaganda, os sorrisos, as promessas devem ser seu guia para escolher o candidato certo. Pesquise, conheça, questione quem for pedir seu voto, obrigue-os a fazer por merecer te representar nos próximos quatro anos. Lembre-se: sem um bom representante seus interesses sempre serão derrotados, na luta diária pela felicidade.

Marcos Marinho
Professor e analista político

Apresentador do programa CONTRADITÓRIO

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