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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Chega de promessas

Estamos a praticamente 60 dias do período eleitoral de 2014, época que infelizmente não é merecedora de grandes e boas expectativas por parte dos eleitores. Em pesquisa recente publicada pela CNT (Confederação Nacional dos Transportes), encomendada ao Instituto MDA (SP), foi detectado que 30,7% dos brasileiros dizem ter pouco interesse pelas eleições e 27,5% afirmam ter nenhum interesse pelo pleito presidencial.

Existem vários fatores que podem ser responsabilizados por esta ampla demonstração de desinteresse por nosso processo democrático e popular da manifestação de opinião sobre os rumos que queremos para nosso país: falta de educação política, excesso de escândalos envolvendo políticos, inabilidade dos mandatários e seus partidos em manter relacionamento com os eleitores, dentre outros.

Todo desinteresse pelo processo eleitoral manifestado pela população, obviamente, impactará nas urnas. Seja pelo aumento de votos brancos, nulos e abstenções - o que em nada recomendo por ser simplesmente um mecanismo que favorece a manutenção no poder de quem já o detém - ou pela maior dificuldade que os candidatos terão para acessar os eleitores e conquistar-lhes o voto. É muito difícil vender um “produto” que as pessoas não tem interesse nem de ouvir a propaganda.

Neste contexto podemos perceber também uma séria dificuldade por parte dos atuais pré-candidatos em afinar um discurso que ganhe eco entre a população. Neste momento, tenham certeza, muitas cabeças estão fervilhando atrás de ideias e argumentos que chamem a atenção desta grande maioria de desinteressados. Mas o que prometer? Como adivinhar o “novo” modelo político que este povo deseja? Estas respostas valem muito dinheiro.

Gratuitamente deixarei neste espaço uma dica que considero valiosa: chega de promessas! Nestas eleições, não será a capacidade mirabolante de alguns prometedores que encantará aos eleitores. A população não quer mais ouvir sobre novos hospitais, novas escolas e creches, novas obras ou qualquer outra novidade. É fato que precisam de muitas coisas que ainda não possuem, mas principalmente desejam que o que está ao seu dispor funcione.

O eleitor já tem noção da enormidade de dinheiro que os governos captam através dos impostos que ele paga e, mais ainda, sente na pele o quanto isso é inverso à qualidade dos serviços que recebe em troca. Não são as novas promessas que vão atrair os votos - de promessas esse votante está cansado - mas sim a possibilidade de reconhecer em algum candidato a capacidade real de resolver os problemas             que lhe afligem, o caráter gestor capaz de fazer funcionar de modo eficaz o que não está a contento, ou seja, tudo.

Senhores pré-candidatos, percam menos tempo confabulando junto a pseudos-profissionais da consultoria política em busca de novas promessas e dediquem-se a apresentar suas credenciais de gestores eficientes. Chega de promessas. O que se deseja é a execução, a explanação do como e quando as coisas vão de fato acontecer.

O brasileiro se cansou de viver no “país do futuro”, dirigido por criativos prometedores eleitorais. Resta alguma dúvida?
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

@mmarinhomkt

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