Somos
um povo acostumado a torcer pelo mocinho contra o bandido nos filmes e novelas
que fazem parte ativa de nosso processo de “educação”. Recebemos as fábulas
televisivas e cinematográficas, e as decodificamos como modelos de conduta,
muito mais do que meras obras de ficção. Também por sermos um país religioso,
acreditamos na dicotomia “Deus e Diabo”, o que reforça nossa necessidade de
entender as oposições claras em toda e qualquer situação em que haja dois
lados.
Talvez
pelos motivos acima seja tão complicado entender o universo político e suas
alianças. Quando vemos, através da mídia, acalorados embates entre figuras
políticas - que não apenas nos pleitos se digladiam, mas fazem clara oposição
uns aos outros no dia-a-dia - tendemos a buscar um dos lados e atribuir-lhe a
“verdade”, fazendo do lado oposto, naturalmente, o “mal e a mentira”.
Por
sermos crédulos na “boa vontade” humana, em sentimentos como amizade, lealdade
e respeito, sentimo-nos afrontados ao observar uniões, alianças, apoios,
apadrinhamentos e acordões entre políticos e partidos em momentos de aperto. Quando acompanhamos as articulações
eleitoreiras, os apaniguamentos salvadores nas Comissões Parlamentares de Inquérito,
as trocas de favores e entregas de cargos ocorrendo entre antigos desafetos,
somos acometidos por um torpor que suspende o raciocínio lógico que nos
permitia conviver com as relações sociais e políticas.
Quando
grandes ícones da política, negativos ou positivos, que desferiam entre si
duros golpes verbais em palanques passados, passam a militar na mesma “causa”,
ostentando uma bandeira comum, “ideais” oportunos e palanques eleitorais, nós,
os eleitores, ficamos como se traídos, como se novamente enganados. Tudo bem
acreditarmos em perdão, em mudanças de opinião, mas aceitar estratagemas
claramente maquiavélicos, orientados por interesses alheios ao bem social, não
pode ser acolhido por nós, decisores do processo eleitoral, como normal e corriqueiro.
Quando
um eleitor decide apoiar um candidato, o faz por quê? Será que essa indagação
encontra resposta nas mentes dos brasileiros? Sem estas definições, talvez
fique coerente o pensamento dos escroques que acreditam serem capazes de
manipular resultados de campanhas, pelo simples empoleirar-se em ombro alheio (o
que fazem em troca de migalhas e cabides onde acomodarão paletós durante mais 4
anos). Em um cenário onde claramente torna-se ausente a outrora cultuada
“ideologia partidária”, se não a crença pessoal naquele que se apresenta como
opção de mudança e batalha, o que atrairia o voto de um cidadão? Vota-se em
pessoas, em homens e mulheres que conseguem expor-se de forma a conquistar a
crença daquele que apertará o botão verde no dia do julgamento.
Portanto,
gostaria que este texto levasse dois recados. O primeiro, direciono aos “homens
daquilo roxo”, aos que “roubam, mas fazem”,
aos “bigodudos maranhenses”, àqueles que “almoçam e jantam em Paris” às
escondidas, a todos os políticos que deixaram qualquer resquício de dignidade
em prol da manutenção de suas benesses e poder, lhes digo: há de se levantar
uma geração que os elegerão ao limbo, ao esquecimento eterno, ao mais dantesco
dos lugares para onde possam purgar suas más intenções.
O
segundo recado envio ao leitor coerente e consciente que chegou até esta linha
com todo sentimento de indignação que partilho, e alguma esperança neste país
continental, de gente honesta e trabalhadora, digo: a solução está em suas
mãos, ou dedos, para ser mais explícito!
Prof.
Marcos Marinho
@mmarinhomkt
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