Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!
terça-feira, 26 de junho de 2012
domingo, 24 de junho de 2012
Eleições 2012 – A hora decisiva precedida de uma acertada decisão
Estamos a praticamente duas
semanas do início da corrida eleitoral 2012. Dias finais e definitivos para os
partidos confirmarem seus candidatos e coligações, e para os candidatos
definirem suas estratégias e plataformas de campanha. Para grande parte dos
eleitores estamos a praticamente duas semanas do inferno!
A inadequação de forma e conteúdo
das mensagens eleitorais, a má utilização dos veículos de comunicação, o
desrespeito e despreocupação com os hábitos do eleitor, bem como seus gostos e
costumes, transformam as campanhas eleitorais em um período de sacrifícios para
aqueles que não dispõem de tv a cabo e/ou internet. Sem propostas convincentes,
campanhas estruturadas, comunicação integrada e treinamento midiático, o que
candidatos tentam passar aos eleitores não consegue ultrapassar os filtros mentais
que estes usam para se proteger de baboseiras, mentiras e intromissões.
Devemos ressaltar que neste
ano a campanha feita de qualquer forma, sem compreensão das necessidades do
eleitor, das demandas do município e das rejeições dos cidadãos, não obterá o espaço
de outrora. Velhas técnicas e procedimentos eleitoreiros não encontrarão mais
aquele eleitor despreparado, oprimido por cabrestos, passivo frente à
truculência e incompetência comunicacional de aspirantes ou velhos políticos. Se
em algumas cidades estes comportamentos ainda são frequentes, uma boa parte da
população já está liberta e consciente destas práticas arcaicas.
Considerando as últimas enchentes,
providas por águas caudalosas e sujas derramadas por uma cachoeira de
escândalos que desconstruiu todo cenário político goiano, teremos nestes meses
que antecederão as eleições uma demonstração extraordinária de esforços inócuos
e dinheiro desperdiçado, por partidos e candidatos que terão como único
objetivo reconquistar a crença dos eleitores em suas propostas e posicionamentos,
sem, no entanto, se equiparem com o ferramental estratégico adequado.
Obviamente que a
proporcionalidade dos esforços demandados será de acordo com fatores prévios
apresentados pelos pleiteadores de votos: histórico e postura, ausência de
envolvimento direto em escândalos, ficha limpíssima e aliados certos. Destaco
também, como fator preponderante, a necessidade de uma comunicação e exposição
adequadas. Mais do que simplesmente falar, o candidato deve falar a coisa certa
e da forma adequada ao seu público! Mais do que aparecer, o candidato precisa
definir, estrategicamente, onde e quando aparecer, e ao lado de quem é
conveniente aparecer!
O político que intenta um
cargo executivo ou legislativo em 2012 deverá atender aos requisitos exigidos
pelo povo, além de estar bem assessorado por profissionais que farão, por meio de
técnicas, a adequação da mensagem e do posicionamento do candidato à
compreensão, aceitação e adesão dos eleitores.
Marcos Marinho
Consultor e Professor
de Marketing Político
twitter: @mmarinhomkt
domingo, 17 de junho de 2012
Diga-me com quem andas – Acordão, tramoias e palanques.
Somos
um povo acostumado a torcer pelo mocinho contra o bandido nos filmes e novelas
que fazem parte ativa de nosso processo de “educação”. Recebemos as fábulas
televisivas e cinematográficas, e as decodificamos como modelos de conduta,
muito mais do que meras obras de ficção. Também por sermos um país religioso,
acreditamos na dicotomia “Deus e Diabo”, o que reforça nossa necessidade de
entender as oposições claras em toda e qualquer situação em que haja dois
lados.
Talvez
pelos motivos acima seja tão complicado entender o universo político e suas
alianças. Quando vemos, através da mídia, acalorados embates entre figuras
políticas - que não apenas nos pleitos se digladiam, mas fazem clara oposição
uns aos outros no dia-a-dia - tendemos a buscar um dos lados e atribuir-lhe a
“verdade”, fazendo do lado oposto, naturalmente, o “mal e a mentira”.
Por
sermos crédulos na “boa vontade” humana, em sentimentos como amizade, lealdade
e respeito, sentimo-nos afrontados ao observar uniões, alianças, apoios,
apadrinhamentos e acordões entre políticos e partidos em momentos de aperto. Quando acompanhamos as articulações
eleitoreiras, os apaniguamentos salvadores nas Comissões Parlamentares de Inquérito,
as trocas de favores e entregas de cargos ocorrendo entre antigos desafetos,
somos acometidos por um torpor que suspende o raciocínio lógico que nos
permitia conviver com as relações sociais e políticas.
Quando
grandes ícones da política, negativos ou positivos, que desferiam entre si
duros golpes verbais em palanques passados, passam a militar na mesma “causa”,
ostentando uma bandeira comum, “ideais” oportunos e palanques eleitorais, nós,
os eleitores, ficamos como se traídos, como se novamente enganados. Tudo bem
acreditarmos em perdão, em mudanças de opinião, mas aceitar estratagemas
claramente maquiavélicos, orientados por interesses alheios ao bem social, não
pode ser acolhido por nós, decisores do processo eleitoral, como normal e corriqueiro.
Quando
um eleitor decide apoiar um candidato, o faz por quê? Será que essa indagação
encontra resposta nas mentes dos brasileiros? Sem estas definições, talvez
fique coerente o pensamento dos escroques que acreditam serem capazes de
manipular resultados de campanhas, pelo simples empoleirar-se em ombro alheio (o
que fazem em troca de migalhas e cabides onde acomodarão paletós durante mais 4
anos). Em um cenário onde claramente torna-se ausente a outrora cultuada
“ideologia partidária”, se não a crença pessoal naquele que se apresenta como
opção de mudança e batalha, o que atrairia o voto de um cidadão? Vota-se em
pessoas, em homens e mulheres que conseguem expor-se de forma a conquistar a
crença daquele que apertará o botão verde no dia do julgamento.
Portanto,
gostaria que este texto levasse dois recados. O primeiro, direciono aos “homens
daquilo roxo”, aos que “roubam, mas fazem”,
aos “bigodudos maranhenses”, àqueles que “almoçam e jantam em Paris” às
escondidas, a todos os políticos que deixaram qualquer resquício de dignidade
em prol da manutenção de suas benesses e poder, lhes digo: há de se levantar
uma geração que os elegerão ao limbo, ao esquecimento eterno, ao mais dantesco
dos lugares para onde possam purgar suas más intenções.
O
segundo recado envio ao leitor coerente e consciente que chegou até esta linha
com todo sentimento de indignação que partilho, e alguma esperança neste país
continental, de gente honesta e trabalhadora, digo: a solução está em suas
mãos, ou dedos, para ser mais explícito!
Prof.
Marcos Marinho
@mmarinhomkt
domingo, 3 de junho de 2012
Luiz Brasileiro – Do homem simples ao Rei Sol
Onipotência, capacidade até
então atribuída a Deus, dado seu poder supremo sobre todas as coisas. Sem
apelar para a religiosidade, apresento minha descrença pessoal em todo aquele
que julga a si mesmo detentor de alguma forma de poder que sobrepuje os demais
mortais.
Mantenho minha posição
descrente frente a qualquer manifestação humana de onipotência, seja ela financeira,
bélica, midiática ou até carismática, sendo essa última muito peculiar aos que
estiveram em algum momento nos “braços do povo” - e por este feito acreditam
que seus retratos ainda estampem paredes de casebres populares e entidades
calcadas no assistencialismo. Entendo que ninguém é capaz de vencer todo tipo
de adversidade que lhe venha sobre os objetivos, principalmente na dependência exclusiva
de sua força.
Julgo contrassensual um
político que se utilizou sabiamente do modelo do “Common Man”, do “homem
simples” que, segundo o escritor Roger-Gérard Schwartzenberg, é uma das
possíveis imagens que a população pode fazer de um político, transmutar-se para
a imagem do Rei Sol, o qual propalava ser ele o estado. Se para alcançar o
posto mais alto da hierarquia executiva de nosso país, vestir-se de humildade
foi a roupa que melhor lhe apresentava, assumir agora uma postura soberba e agressiva
frente ao processo eleitoral brasileiro, afrontando sorrateiramente sua
legislação e, pior ainda, se colocando como capaz de “proibir” uma sucessão democrática
ao governo da nação, me suscita questionamentos: “crise de identidade?” ou “simples
substituição de papel?”
Como já sabia Marx, “toda
hegemonia traz em si sua contra-hegemonia”, e desta forma penso que propalar-se
decisor supremo dos destinos da nação, capaz de escolher quem lhe sucede e
precede, engessando todo processo evolutivo de um país para que fique de acordo
com sua visão unilateral do bem comum é gerar nas entranhas do sistema uma prole
que cedo ou tarde requererá seu direito de lutar contra o regime que conhece
por situação.
Manter-se presente no
cenário político é mister aos que vivem de sua atividade pública, lutar por sua
representatividade junto à sociedade faz parte da estratégia dos que almejam o
poder, no entanto posicionar-se com força exacerbada, caricata, arrogante ou
demagógica contribui para desconstruir a “boa” imagem que outrora representava seu
nome, sua presença. Repintar o retrato fixado nas mentes de seus seguidores com
tintas demasiadamente fortes pode causar-lhes desconforto e repulsa.
Ademais, afirmo que apontar
armas aos quatro ventos, acreditando na blindagem popular adquirida por feitos
passados, soa-me desinteligente e absurdo, principalmente em se tratando de um
povo conhecido por sua falta de memória, que sobre as demandas coletivas sempre
atua em prol das benesses individuais.
Marcos Marinho
Twitter: @mmarinhomkt
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