As religiões são, em
minha opinião, um importante parametrizador das ações humanas em sociedade.
Pregando condutas baseadas no amor, caridade, respeito, humildade e resignação,
as religiões são parte ativa nas mais diferenciadas culturas e atuam para
doutrinar os homens, amenizando-lhes os instintos selvagens que lhes são natos.
Não me cabe julgar qual
religião é melhor ou pior. Em tese, acredito que todas possuem em si tudo de
bom e tudo de ruim, para seus fiéis. É importante que lembremos sempre que
todas as religiões são lideradas, pregadas e difundidas por homens, e estes
certamente carregam em si a marca da humanidade, o erro.
Sim, o erro é uma marca
humana. Se não o fosse, será que recorreríamos tanto a Deus? Tenho uma formação
cristã e, por isto, falo mais apropriadamente das religiões desta matriz.
Tenho uma grande preocupação
não em relação às religiões, mas em relação aos representantes humanos que se
empoderam da fé de outrem em benefício próprio. Estes estão em todas! Quando a
crença de muitos é manipulada e direcionada para atender aos interesses
daqueles que os pastoreiam, os preceitos até então disseminados e embasados nos
ensinamentos de Cristo se dissipam, e os fiéis deixam de caminhar em direção ao
Pai, e seguem em direção aos padrastos interesseiros que desejam dominar mentes
e carteiras alheias.
Pessoalmente penso ser
salutar a relação humana com o sagrado. Minhas dúvidas são em relação aos
intermediários que se apresentam travestidos em ternos, batinas e outras
indumentárias, com palavras de excessiva prosperidade ou permanente penitência.
De modo geral, estes profetas não partilham das mesmas condições de seus fieis,
tampouco lhes socorrem pessoalmente nos momentos de crises financeiras ou
espirituais.
A exploração da miséria
humana é alvo de maus elementos desde que o mundo é mundo. Valer-se de momentos
de dor e necessidade do próximo vem sendo a forma que os falsos profetas tem se
utilizado para alcançar o seu próprio céu. Pela minha fé, e isso independe de
intermediários, creio que serão em algum momento cobrados por seus atos.
Condeno o generalismo
que insiste em culpabilizar todos os líderes religiosos e todas as religiões
pelos erros cometidos por aqueles que se desviaram do bom caminho. Assim como
em todos os segmentos existem os bons e os ruins, e esse é o única generalização
que aceito. Não podemos condenar o todo pela parte podre.
A interpretação do que
é atribuído a Deus e ao seu filho Jesus muitas vezes perverte-se, geralmente
para legitimar opiniões pessoais e interesses particulares, e acaba tornando
algo que deveria existir para o auxílio do ser humano, em sua busca por uma
vida melhor, uma espécie de seleção onde quem não se adequa ao modelo
instituído torna-se um degradado.
Primo pelo respeito ao
próximo, à sua liberdade de expressão e culto. Penso que não podemos desprezar
as boas contribuições que as religiões fazem à sociedade, como também não
podemos ignorar os atos falhos que alguns líderes religiosos cometem, independente
de seus status e poderes econômicos. Mesmo havendo a punição divina, deve
existir uma apuração e condenação humana sobre toda e qualquer ação que lese a
boa fé das pessoas.
Pastores milionários
contrapondo-se a fiéis pobres, uma Igreja bilionária opondo-se às paróquias e
romeiros miseráveis, concentrações de poder e dinheiro em poucas mãos enquanto
os seguidores perseguem “bênçãos” e milagres que os prosperem, purificação,
perdão e/ou redenção. Geralmente são estes semideuses das religiões que incitam
os preconceitos, alimentam ódios, alienam e antagonizam os irmãos que deveriam
se amar, não por serem iguais, mas por serem próximos.
Marcos Marinho
Professor e
Consultor Político
Twitter: @mmarinhomkt
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