Nos últimos dias fomos
brindados com duas informações extremamente impactantes nos bolsos dos
brasileiros: a redução na conta de energia elétrica e o aumento no preço da
gasolina. Uma com direito a pronunciamento em cadeia nacional, preparado e
carregado com simbolismos capazes de fazer corar os mais experientes
profissionais do marketing político. A outra terceirizada e abafada, como quem
quisesse se desprender da responsabilidade.
Não é surpresa que os
pronunciamentos oficiais sejam usados, também, como grandes propagandas
eleitorais. Faz parte do processo político. A inclusão de símbolos e ícones, a
linguagem utilizada deve cumprir sua finalidade de comunicar muito mais do que
as frases feitas.
O que considero
importante é levantar questionamentos racionais sobre os impactos efetivos
destas ações governamentais. Não que os debates deixem de ocorrer. Eles
acontecem nas esferas mais intelectualizadas, geralmente com linguagens
rebuscadas e termos incompreensíveis para os que simplesmente assistiram na TV
um pronunciamento feito para sua exclusiva cooptação. Desejo que as explicações
sejam palatáveis, também, para a massa desacostumada ao contraditório.
Apesar de não ser
expert em economia, e sim mais um dos brasileiros que terão os bolsos revirados
após estas medidas, decidi fazer uma conta simples, burra, tomando por base uma
situação não fictícia. Acompanhem:
Um casal que gasta, em
média, R$150,00/mês com energia elétrica, terá uma redução de R$27,00 na conta,
sentidos daqui a pelo menos 2meses, com os 18% de desconto do governo. Este
mesmo casal tem um gasto médio de R$500,00/mês com combustível e terá um
aumento de R$20,00 nas despesas. Isto gera uma "economia" de R$7,00
para este casal. Motivo que deveria garantir uma alegria imensa e os votos para
reeleição. O problema é que tudo será impactado pelo aumento dos combustíveis,
em escala muito maior do que o impacto da redução das tarifas de eletricidade.
Imediatamente, como de
costume, após o anúncio do aumento dos combustíveis as bombas dos postos já
passaram a marcar os novos preços do diesel e da gasolina. Essa alteração, em
fração de tempo, deverá ser assimilada por todos os produtos e serviços que
fazem parte do cotidiano do povo brasileiro. Alimentos que dependem do
transporte rodoviário para serem escoados, transporte público, serviços, enfim,
tudo.
Neste momento alguns
leitores devem estar dizendo: “Mas a redução de 18% no preço da energia
elétrica deve compensar estes aumentos!”. Com estes conversarei em breve, daqui
a três ou quatro meses, quando tudo tiver se acomodado e nossos bolsos
continuarem vazios.
Não existe mágica! Sem
uma redução nos gastos governamentais, no desperdício do dinheiro público, nos
desvios fomentados pela corrupção, o povo continuará sobrevivendo por
intermédio de medidas pirotécnicas e publicitárias que, efetivamente, não
resolvem o problema. Atualmente o que acontece é a reedição da velha história
do “desvestir um santo para vestir o outro” - como bem dizia minha vó!
Marcos Marinho
Professor e
Consultor Político
Twitter:
@mmarinhomkt
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