O ano de 2013 tem-se
mostrado bastante movimentado na esfera política. Com alguns políticos tentando
enterrar de vez escândalos de 2012, e outros ignorando os escândalos recentes
deste ano, todos parecem estar apenas interessados em pavimentar seus caminhos
para 2014.
Os grandes partidos já
apresentaram suas credenciais ao novo ano e tentam demarcar seus territórios. O
PMDB nacional, mesmo sob forte reprimenda social, deixou claro que sua numerosa
bancada é mais relevante do que a opinião pública, e enfiou goela abaixo dos
eleitores os indiciados Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves, nas
presidências do senado e da câmara, respectivamente. O pseudo partido de
oposição, PSDB, já alardeia seu suposto escolhido para a disputa presidencial
do próximo ano, o Senador Aécio Neves, pondo-o em marcha atrás de apoios. Enquanto
o atual “dono da bola”, o PT, apresenta seu apoio à reeleição da presidente, me
recuso gramaticalmente a chamá-la “presidenta”, Dilma Rousseff. Não
desconsideremos a relevância do ex-presidente e atual “entidade” política, Lula
da Silva, que corre parelho à candidatura de Dilma, articulando apoios para
esta, mas deixando sempre no ar uma possibilidade de retorno.
Temos também em plena
articulação política e social, já que se apresentam midiaticamente como futuros
candidatos ao Planalto, Marina Silva e o Governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB). Marina, que atualmente está em forte mobilização para a criação do
próprio partido, saiu do pleito de 2010 com uma musculatura relevante, mas que
atrofiou de lá pra cá motivada pela falta de definição e atuação em prol da
manutenção de seu capital político. Ainda assim, penso que não deva ser
ignorada, como aparentemente tem sido pela grande mídia. Vale lembrar que sua
votação em 2010 prescindiu do apoio midiático e alcançou respaldo nas redes
sociais.
Eduardo Campos tem sido
visto como “a noiva cobiçada”. Muito assediado pelo PT, tem sido objeto da
tentativa de catequese do ex-presidente Lula, que o deseja como vice na chapa
PTista de 2014. Muito hábil, o governador de Pernambuco está capitalizando ao
máximo sua imagem e tornando-se, além de uma pedra no sapato da situação, uma
pedra que pode estar no caminho da oposição. Eduardo pode ser motivo de dissenso
nos votos nordestinos, favorecendo a candidatura da oposição, caso seja
realmente candidato ao cargo principal, ou um grande agregador em favor de
Dilma. Sem dúvidas, munido de habilidade e bom assessoramento, Eduardo Campos
sairá como vencedor deste pleito seja com uma vice-presidência ou capitalizando
uma “anabolização” de sua musculatura política - já que dificilmente seria
eleito presidente, se tomarmos por base o cenário atual.
Paralelo às
movimentações dos grandes partidos e seus comensais, aqueles partidos menores
que vivem em volta barganhando cargos e participações, existe uma aparente
multiplicação desenfreada de novos partidos políticos, que buscam um lugar ao
sol de 2014. Aproximadamente 30 novos partidos estão em processo de fundação.
Necessitando seguir as determinações da legislação e acompanhados pelo TSE,
estes novos partidos estão tentando se viabilizar, motivados por interesses que
vão de A a Z. Dissidências, oportunismos, ressurreições e uma série de
interesses particulares e coletivos são o combustível para essa corrida contra
o tempo, em prol do registro destas siglas a fim de disputarem o pleito
vindouro. Os novos partidos têm até outubro deste ano para cumprir os trâmites
e procederem aos seus registros, caso almejem participar de 2014.
É comum ver as aproximações
e dissensões entre partidos, alheias às ideologias e pautadas no pragmatismo
político, e/ou no puro interesse econômico. Situação que tende a nos direcionar
para uma percepção de desideologização dos partidos. Direita e esquerda já não
são referenciais muito claros quando se tenta analisar os comportamentos
políticos das siglas e seus filiados.
Partindo desta
consideração faço os seguintes questionamentos: O que pregam e representam
esses mais de 30 novos partidos? O que tem a oferecer ao povo brasileiro, tão
cansado e declaradamente desacreditado deste modelo político representado pelos
já instalados partidos? Relembro que há pouco tempo foi divulgada uma pesquisa
onde mais de 50% da população, em níveis estatísticos, se declara apartidária,
ou seja, sem predileção por alguma sigla.
Vejo licitude, e apoio
a iniciativa dos descontentes, em se agremiarem e ostentarem uma bandeira que
corresponda aos seus anseios e propostas. Desde que existam anseios e propostas
que partam da premissa de beneficiar o coletivo em detrimento, caso se
contrastem, dos interesses individuais. Sou radicalmente contra a formação de
mais partidos de barganha, partidos comensais que simplesmente querem se
avolumar junto aos grandes a fim de coletar sobras que lhes mantenham ricos e
próximos ao poder.
Entendo a “apartidarização”
do brasileiro, sou um desses. Acredito na personalização do voto, onde o
candidato se torna “maior” que o partido, e apoiado, em seu carisma, atuação,
postura e posicionamento atrai seus eleitores. No entanto, nosso sistema
eleitoral é partidarista, forçando-nos a conviver com bandeiras empoeiradas,
desgastadas ou mortas, gravadas com siglas que já não dizem o que queriam
dizer. Precisamos de novas? Precisamos de revitalização das atuais? Precisamos
de novos políticos? Precisamos de mais consciência e cidadania por parte de
políticos e eleitores?
Pelo visto o ano de
2013 será “patrolado” pelos interesses focados em 2014. Sejam os interesses
políticos, sejam os interesses futebolísticos, o que me parece é que neste ano
teremos muito mais intenção do que ação, e ficaremos, nós, brasileiros, como
sempre, esperando pelas cenas dos próximos capítulos.
Marcos
Marinho
Professor e
Consultor Político
Twitter:
@mmarinhomkt