Esta última semana foi
de grande exposição para os goianos nas redes sociais e na mídia tradicional.
Infelizmente, de forma negativa. Situação que, em minha análise, tem se tornado
comum ultimamente. Nós, goianos, não temos sido manchete senão por notícias de
crimes, escândalos ou impropérios proferidos por “personalidades”.
Sádicos adeptos da
zoofilia, preconceituosos generalizadores (não tatuados) e bicheiros são alguns
estereótipos que repercutiram nos últimos tempos nas redes sociais, jornais e
televisão, fazendo com que a representação dos goianos ficasse ainda mais
distante da realidade. Sabemos que, em muitos lugares, ainda somos vistos como
“caipiras”, “povo do sertanejo”, “roça” e mais alguns “adjetivos” que atribuam
atraso, despreparo e menor capacidade intelectual. Coloquei os termos entre
aspas para que fique claro que, analisados em seu contexto original em nada são
desmerecedores, mas com a entonação que os utilizam ao se referirem a nós
adotam forma pejorativa.
Sou goiano e tenho
orgulho disto! Mas, como professor e estudioso de comunicação, preciso avaliar
de maneira isenta de sentimentalismos o que pode estar acontecendo com a imagem
que estamos construindo sobre nós mesmos. O preconceito é algo que deriva das
influências culturais que uma pessoa recebe em seu processo de formação. A
imagem que passamos é algo que depende de nosso comportamento e nossas
atitudes. Portanto, não vou falar se sofremos ou não preconceito, porque isto
não depende de nossos esforços. A imagem que estamos passando sim!
Quando uma pessoa
assume o status de “figura pública”, seja por sua atuação política ou artística,
ela também assume papéis que lhe atribuem uma representatividade muito maior do
que a sua própria função. Ao receber em si os holofotes, esta pessoa que, até
então possuía direitos e deveres comuns a todo cidadão, passa a ocupar um
patamar onde, muitas vezes, seus direitos e deveres são drasticamente
potencializados.
Um ator que está no auge
do sucesso midiático não é apenas um cidadão envolvido na representação
artística de personagens, mas sim uma figura que desperta sentimentos que, na
maioria das vezes, se confundem com seu objeto de representação, e que lhe
atribuem o poder de disseminar opinião, conquistar adeptos e seguidores, os
quais lhe tomarão como modelo. Assim ocorre com o cidadão que ocupa um cargo
importante na esfera do poder político, pois passa também a representar os
anseios de todo povo que lhe confia, mais do que votos, apoio.
Em ambos os casos, a
admiração popular traz em sua esteira a censura e as expectativas inerentes ao
que pensam os seguidores e admiradores destes personagens. Sendo assim,
qualquer ato, positivo ou negativo, toma uma proporção além do seu intento.
Fatalmente os aplausos virão com mais facilidade, mesmo ao se executar algo
corriqueiro e inerente à função. No entanto, o peso da crítica é para estes
mesmos “heróis” muito mais destrutivo e maldoso do que seria para um indivíduo
pertencente à classe dos comuns.
Trago estas alusões
para chamar a atenção de nossos representantes, no âmbito político, artístico,
empresarial e intelectual, para a importância de ponderar suas atitudes, suas
falas, suas “tuitadas”, suas ações parlamentares, suas omissões parlamentares,
e tudo o que eles sabem servir para formar a imagem que estão construindo ante
suas audiências.
É obvio que os
protagonistas das últimas manchetes negativas que iluminaram nosso Estado e
nossa gente frente aos olhos do país não nos representam a todos. Sinceramente,
nestes casos acredito não representem nem a si mesmos. Foram apenas desastrados
em suas exposições. Já até se desculparam.
Mas aproveito os exemplos
deles para inquietar vários outros “personagens” goianos que andam por aí
fazendo coisas dignas de vergonha e desprezo. Se fossem eles mesmos os alvos
desta vergonha, eu nada falaria. A questão é que, quando nossos políticos, bem
como as outras “celebridades”, agem de forma incorreta, quando se omitem frente
às demandas da população, quando atuam apenas atrás de mais dinheiro e benesses
para si, quando dizem coisas imbecis ou tentam apresentar nosso povo como algo
caricato e débil, essas coisas me afetam e afetam ao povo que tanto respeito.
Vivemos no Estado que,
por motivos logísticos e produtivos, é a “bola-da-vez” para a economia do país.
Possuímos recursos e belezas ímpares no contexto nacional. Temos um povo capaz,
trabalhador, digno, carismático, humilde (em sua maioria), inteligente e
disposto a construir um futuro melhor. Não podemos aceitar que nossa imagem
seja outra senão essa!
Para isto é necessário
que os bons se manifestem e sobrepujem os maus, que os honestos se unam para
demover do poder, seja legítimo ou paralelo, os bandidos que ali estão, e que
os corajosos se ponham a falar as verdades que os covardes teimam em omitir.
Temos ferramentas capazes de maximizar nossas vozes e jogar luz sobre trevas
intencionadas pelos mal-intencionados. Não podemos deixar que nos representem
como não somos, assim como não podemos deixar que nos apresentem como o que
ainda não somos. Só publicidade não constrói uma realidade melhor, mas a
publicidade negativa pode transformar nossa realidade naquilo que não queremos.
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político
Twitter:
@mmarinhomkt
www.mmarinhomkt.com.br