Metonímias
– Qual parte você escolhe para representar o seu todo?
Definitivamente somos seres
metonímicos! É nosso hábito mais trivial medirmos o todo pela parte, mais
especificamente pela parte que não nos é favorável.
Ouvimos desde cedo que
“todos os homens são iguais”, “todas as mulheres são iguais”, “todas as mães
são iguais” e, no ápice da pejoração, “que todos os políticos são iguais”!
Interessante avaliarmos que essas expressões nunca são usadas para elogiar positivamente
algum desses grupos, não repetimos essa frase quando queremos ressaltar uma
característica extremamente positiva de um deles, mas sim com ironia, buscando
uma forma de confortar nosso descontentamento frente a alguém, ou alguma
situação, onde não tivemos nossos desejos aceitos e atendidos.
É interessante perceber como
reagimos frente a nossa atuação metonímica. Geralmente quando esse tipo de
figura de linguagem é utilizado pela massa, inconsciente ou pseudo-consciente
de seu real propósito, estamos frente a alguma situação de submissão ou
desistência. Quando ouvimos que “político é tudo igual”, na verdade estamos
ouvindo a declaração de uma pessoa que não está mais disposta a se envolver no
processo político, que não quer se aprofundar e conhecer as pessoas que estão
envolvidas na política, e não quer se sentir responsável por suas escolhas,
feitas com ausência crítica, e desta forma prefere afirmar que não existem bons
políticos, boas propostas, e que votar não é um ato reflexivo e demandante de
consciência.
Culpar o todo pela parte é
assumir que também somos a banda podre da equação! A dicotomia da vida impele
que todos estejamos ora de um lado, ora de outro da situação. Em todo momento
nos dividimos em agentes ativos ou passivos das circunstâncias que impregnam
nossas vidas. Desta forma fica claro que um lado não pode existir sem o outro,
e assim tudo que existe de negativo se mantém vivo por haver o positivo de
mesma força, tamanho e intensidade lhe contrapondo. O corrupto é resultado da
equação corruptível mais corruptor. O mau político que ocupa um cargo eletivo é
resultado da soma da falta de critério ao votar e falta de caráter do votado,
elementos acrescidos na maioria das vezes por “venda do voto” ou “falta de
envolvimento do votante”. Essa equação se torna clara a cada pleito, onde
muitas pessoas se abstêm de participar das decisões, outras se corrompem por
promessas e agrados, muitos são influenciados por artifícios midiáticos e falta
de informação, e por uma pequena parte de cidadãos capazes e conscientes de seu
papel dentro do sistema democrático.
Ouvi de amigos próximos
algumas metáforas que se contrapõem, com maestria, a essa cultura metonímica
que prega a desistência frente aos descontentamentos. Seguem: “Não se joga um
computador fora só porque ele está com vírus” e “Não se descarta um violão só
por estar desafinado”, contribuições de Douglas Valério e Marcelo Barra. Faço
coro a estas frases, e busco na raiz do meu aprendizado, o qual trago das
dificuldades vividas, a afirmação de que devemos consertar as coisas quando
elas estragam!
Se somos todos iguais, o
somos nas qualidades e capacidades, na desimportância da cor da pele, nos
direitos e nas responsabilidades por nossos atos. Não são os políticos todos
iguais por serem corruptos, nem todas as mães por serem preocupadas, nem as
esposas e maridos por terem ciúmes. Todos são iguais por terem em si a oportunidade
e capacidade de cuidar do seu próximo, de contribuir para um mundo melhor, de
tomar decisões em prol do bem comum e não apenas partindo do egoísmo.
A única parte que deve ser
tomada pelo todo, em qualquer situação, é aquela onde fazemos o melhor que
podemos, sem nos impedirmos por pensamentos mesquinhos e desejos de
retribuição!
Marcos Marinho
twitter: @mmarinhomkt
Belo texto! Parabéns Marcos. Sábias palavras. Façamos com que este texto atinja o maior número de pessoas possíveis para que elas reflitam acerca da importância de ver as pequenas coisas e atitudes que fazem a diferença, principalmente na política!
ResponderExcluirExcelente artigo Marinho! Antes de mais nada, obrigado pela citação em seu texto mas não vou ficar com toda glória. Antes de cursar suas aulas, eu era uma pessoa totalmente metonímia. Se minha opinião sobre política mudou, é porque você e suas aulas me fizeram mudar, me fizeram enxergar o fato de que desistir de entender ou me envolver só iria me fazer ser dominado por pessoas que gostam e se envolvem. O aprendizado que tive em cursando as aulas de Marketing Político eu vou levar para a vida toda. Então divido essa glória com você. Parabéns e muito obrigado!
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