Espaço destinado ao registro das percepções críticas de um cidadão brasileiro sobre política, comunicação, comportamento e demais assuntos pertinentes à sociedade contemporânea.
Uma visão técnica do ponto de vista do marketing e apaixonada do ponto de vista humano. Leia, critique e replique à vontade!

segunda-feira, 24 de março de 2014

Se me perguntassem

Eu poderia dizer que tudo de ruim que estamos vivendo atualmente faz parte de uma conspiração das oposições, que teimam em querer o lugar daqueles que ocupam as cadeiras mandatárias e são denominados situação. Mas em algum momento minhas palavras perderiam a validade, já que situação e oposição se alternam de quando em quando, e ainda assim os problemas que nos afligem continuam lá, nos observando e crescendo.

Talvez eu dissesse que realmente estamos vivendo em um lugar maravilhoso, terra de gente boa e feliz, que não sofre com a violência pavorosa dos que roubam e matam por nada. Diria até que temos todos os motivos para sorrir quando passeamos por nossas cidades limpas, arborizadas, entrecortadas por vias adequadas ao volume de carros e que sempre temos ao nosso dispor os transportes públicos de qualidade que nos motivam a deixar os carros em casa e, assim, diminuir a poluição que pode causar doenças. Mas aí eu estaria vivendo um “Show de Truman”, uma vida de faz de conta contada nas telas de televisão.

Se um dia algum mandatário - eleito pelo voto do povo - me perguntasse o que está acontecendo que faz com que sua aprovação popular seja pífia, e que faz ecoar nas ruas um grito de “não me representa”, poderia lhe dizer que seus ouvidos e olhos há muito se afastaram do seu povo. Talvez até lhe informasse que a publicidade não é suficiente para esconder a verdade, pelo menos não por todo o tempo. Seria viável esclarecer que as lutas egomaníacas por poder, que ignoram o desejo popular, não ajudam na integração do povo com os assuntos políticos, prestando um desserviço para a sociedade, que acaba por desacreditar a própria democracia.

Minha alegria seria completa se viesse o povo, os eleitores, e me perguntasse como deixamos as coisas chegarem a este ponto. Se quisesse saber o motivo de vivermos com medo, de não sermos atendidos pelo poder público, de estarmos descrentes do processo político e ainda dispostos a manter a inércia, a prostração na mediocridade política, isso eu gostaria de responder. Para este povo me esforçaria em elaborar uma resposta, pois são os únicos a quem vale a pena tentar dizer algo que faça sentido.

Se me perguntasse, esse povo do qual eu faço parte, responderia com toda a verdade que pode haver em uma teoria: A culpa é nossa!
Marcos Marinho
Professor e Consultor Político

(@mmarinhomkt)

Nenhum comentário:

Postar um comentário