Eu
poderia dizer que tudo de ruim que estamos vivendo atualmente faz parte de uma
conspiração das oposições, que teimam em querer o lugar daqueles que ocupam as
cadeiras mandatárias e são denominados situação. Mas em algum momento minhas
palavras perderiam a validade, já que situação e oposição se alternam de quando
em quando, e ainda assim os problemas que nos afligem continuam lá, nos observando
e crescendo.
Talvez
eu dissesse que realmente estamos vivendo em um lugar maravilhoso, terra de
gente boa e feliz, que não sofre com a violência pavorosa dos que roubam e matam
por nada. Diria até que temos todos os motivos para sorrir quando passeamos por
nossas cidades limpas, arborizadas, entrecortadas por vias adequadas ao volume
de carros e que sempre temos ao nosso dispor os transportes públicos de
qualidade que nos motivam a deixar os carros em casa e, assim, diminuir a
poluição que pode causar doenças. Mas aí eu estaria vivendo um “Show de
Truman”, uma vida de faz de conta contada nas telas de televisão.
Se
um dia algum mandatário - eleito pelo voto do povo - me perguntasse o que está
acontecendo que faz com que sua aprovação popular seja pífia, e que faz ecoar
nas ruas um grito de “não me representa”, poderia lhe dizer que seus ouvidos e
olhos há muito se afastaram do seu povo. Talvez até lhe informasse que a publicidade
não é suficiente para esconder a verdade, pelo menos não por todo o tempo. Seria
viável esclarecer que as lutas egomaníacas por poder, que ignoram o desejo
popular, não ajudam na integração do povo com os assuntos políticos, prestando
um desserviço para a sociedade, que acaba por desacreditar a própria
democracia.
Minha
alegria seria completa se viesse o povo, os eleitores, e me perguntasse como
deixamos as coisas chegarem a este ponto. Se quisesse saber o motivo de
vivermos com medo, de não sermos atendidos pelo poder público, de estarmos
descrentes do processo político e ainda dispostos a manter a inércia, a prostração
na mediocridade política, isso eu gostaria de responder. Para este povo me
esforçaria em elaborar uma resposta, pois são os únicos a
quem vale a pena tentar dizer algo que faça sentido.
Se
me perguntasse, esse povo do qual eu faço parte, responderia com toda a verdade
que pode haver em uma teoria: A culpa é nossa!
Marcos
Marinho
Professor
e Consultor Político
(@mmarinhomkt)