Todos
nós acompanhamos recorrentes manchetes jornalísticas dando ciência à população
de crimes cometidos por elementos públicos, políticos, com mandato ou sem, que
utilizaram de seus cargos e poder para corromper, usurpar, dilapidar e formar
quadrilhas que lhes permitissem dar vazão à sua sanha por dinheiro e poder.
Ultimamente
tornou-se corriqueiro vermos prefeitos, vereadores, deputados, governadores,
secretários de várias pastas e até presidentes tendo que dar esclarecimentos à justiça,
sendo presos ou conduzidos coercitivamente para prestar depoimento sobre
acusações promovidas pelas polícias e Ministério Público.
E
aqui preciso chamar sua atenção, leitor. Quando disse no parágrafo acima
“ultimamente”, é porque efetivamente os escândalos envolvendo elementos do
cenário político passaram a ser amplamente noticiados recentemente. Isso não
quer dizer que não existissem antes e, sim que, possivelmente nós, cidadãos, é
que nunca fomos informados.
Tenho
procurado questionar se estamos realmente descendo ladeira abaixo no âmbito da
política nacional, ou se apenas estamos tendo condições de tomar conhecimento
de uma realidade que já acontecia nos bastidores do poder há muito tempo.
Com
a evolução tecnológica dos meios de comunicação, a dinamicidade do trânsito de
informações e o acesso à produção livre de conteúdos informativos, os espaços
obscuros da sociedade onde as tramoias e patifarias aconteciam desde que o
homem juntou-se em sociedade está diminuindo. Hoje existem milhões de olhos e
ouvidos dispostos a flagrar os “mal feitos” dos homens públicos e denunciá-los
ao mundo. Antigamente não havia muitas formas de fazê-lo - de expor os podres
do poder, por ser o próprio poder o principal mediador da comunicação.
Não
sou utópico a ponto de crer que já não existam os bunkers de segredos sórdidos
das altas cúpulas do poder político. Mas acredito que a luz há de se espalhar
cada vez mais sobre os assuntos que impactam na vida do povo, simplesmente
porque parte do povo passou a fiscalizar e vigiar aqueles que deveriam
representá-lo com lisura.
Outra
ressalva que faço sobre a melhora do cenário político deste país é a atuação
forte e assertiva do Ministério Público, respaldada pelas marchas do mês de
junho que disseram não à PEC37. Com autonomia e fortalecido pelo aval da
sociedade, o MP tem investigado e exposto à sociedade o soturno mundo do poder
político.
Toda
essa sequência de escândalos também serviu para deixar claro que não existem
siglas partidárias que representem a “liga da justiça” ou a “legião do mal”,
fazendo uma analogia aos antigos desenhos animados, pois ficou claro que
existem corruptos infiltrados, se não em todas, na maioria das legendas
políticas. O que nos obriga a conhecer, pesquisar e investigar ainda mais o
histórico daqueles que nos pedem o voto.
É
fato que o desânimo tem se abatido sobre a sociedade que, de tão enojada pelos
acontecimentos midiatizados, passa a renegar o processo político. Todavia, é
importante refletirmos sobre um paradigma simples: O que os olhos não veem o
coração, de fato, não sente?
A
política é uma ciência que prima pelo bem estar da coletividade, a final sua
essência é a equalização das diferenças em prol da manutenção da sociedade.
Sendo assim, penso que devemos punir os culpados e estimular os inocentes.
Estimular que homens e mulheres de bem assumam mandatos, votá-los e não
afastá-los da responsabilidade de nos representar, por medo de que se
contaminem. A doença não é a política, mas a ganância que está impregnada no
homem que não entende ser ele também vítima, por viver nesta sociedade que
espolia, do mal que promove ao seu próximo.
Marcos
Marinho
Professor
e Consultor político.