Somos
uma sociedade midiatizada, penso não haver discordância sobre isto. Consumimos
as mídias, tradicionais e novas, de forma bastante voraz e com apetite
crescente.
As
evoluções tecnológicas potencializaram e democratizaram a comunicação. Hoje
somos todos produtores e editores de conteúdo, bastando apenas um Smartphone para iniciarmos nossos canais
de interação com as “massas”. O que, se analisado em escala global, demonstra certa
transformação nos padrões de consumo e aquiescência aos veículos midiáticos no
tocante à informação. A descentralização do poder da informação e a ampliação de
canais bilaterais de comunicação massiva, como a internet e suas redes sociais,
pautam as linhas editoriais, até então direcionadas por interesses privados e
políticos, impondo-lhes uma noticiação mais próxima dos fatos, na forma como ocorrem.
Observando
esta alteração no comportamento social, devemos aprofundar as reflexões sobre
seus impactos na política e analisar como esta sociedade, produtora de conteúdo
e aparelhada com artifícios capazes de lhe globalizar as opiniões, passará a
interagir com as ideologias e figuras políticas. Vale ressaltar que fomos
todos, em maior ou menor grau, doutrinados pela mídia durante nosso processo de
crescimento, porém não fomos politizados durante este mesmo processo. Sabemos
nos relacionar com os conteúdos midiáticos de uma forma mais desenvolta do que
com os temas políticos. Fato que traduz toda relevância da utilização das
ferramentas de marketing e publicidade na exposição dos conteúdos políticos.
De
forma alguma apregoo a substituição da essência política pela pirotecnia
“marqueteira”. Penso até que essa dicotomia não deveria existir. Afinal, para
ser palatável, a política não precisa deixar de ser densa e ideológica. Precede-lhe,
sim, uma adequação de linguagens e estratégias de distribuição das mensagens
que sigam ao encontro de nossa sociedade, considerando-lhe a capacidade
decodificadora e reflexiva. Do que valem os discursos carregados de ideologias
e retóricas que nada comunicam com o povo? Para o processo comunicacional,
educativo e pedagógico, valem as adaptações dos conteúdos aos níveis de
decodificação e análise de cada indivíduo. Reforço, não é a abstração do
conteúdo, mas sua formatação em códigos e linguagens que sejam mais bem
assimilados.
Questiona-se
o uso do marketing político, acusando-o de enganar o povo, mimetizando os maus,
fantasiando-os de bons. Contraponho esta teoria trazendo a seguinte provocação:
Nossa sociedade é mais versada em gêneros midiáticos e publicitários, ou em
temas e termos políticos e sociais? Educam-se as crianças com programas
televisivos e reclames publicitários, ou com debates filosóficos e estímulo ao
contraditório?
Tratar
o marketing político apenas como um engambelador social é desconsiderar todo
esforço realizado para prestar um serviço de adequação entre o tema mais importante
de nossa sociedade - pois afinal é o que nos parametriza no convívio social - e
os cidadãos que foram negligenciados em seu processo de formação da consciência
política.
É
inegável o poder da mídia na mudança de comportamentos sociais e padrões de
consumo. Esse poder é exercido não apenas pela abrangência dos veículos,
capazes de estar em todos os lares brasileiros, mas pela linguagem que é
utilizada em suas mensagens. Desta forma, abdicar dos conhecimentos do
marketing e da publicidade nos momentos de transmitir códigos tão complexos
como os políticos, parece-me simplesmente uma forma de manter o povo na
completa ignorância. Se não existe a preocupação com o recebimento,
entendimento e feedback gerados pelo povo ao receber a mensagem política, não
há de modo algum o interesse em se comunicar com este povo!
*Professor e
Consultor político. Membro da ABCOP. Pós-graduado em Gestão de Marketing e
Comunicação e graduado em Publicidade e Propaganda. Professor na graduação e
pós-graduação das faculdades Alfa(GO). Professor de graduação e extensão da PUC-GO.