O
pleito de 2014 se avizinha e os palanques eleitorais já começam a ser montados,
inicialmente em meio a grupos sociais, entidades de classe, instituições
públicas e, principalmente, templos religiosos.
A
batalha pela cooptação dos votos dos fieis é generalizada. Templos evangélicos
e igrejas católicas, cultos e missas, ternos e batinas são imiscuídos na
estratégia política de grupos de poder, a fim de favorecer seus escolhidos.
Mesmo
entendendo que os templos são locais apropriados para se falar sobre política -
falar sobre todos os assuntos que regem a polis,
a cidade, e nossa convivência enquanto sociedade - acredito que não devam ser
usados como palanque para politicagens e encabrestamento de eleitores.
Poucas
são as igrejas, católicas ou protestantes, que levantam bandeiras perenes em
prol dos seus cidadãos-fieis e dedicam-se a politizar seus membros a fim de não
deixá-los como ovelhas na presença dos lobos políticos - e não permitir que
sejam usados apenas para saciar a fome de poder e riqueza de alguns.
Avalio
que o título de pastor ou padre, por si só, não capacita alguém para ocupar uma
cadeira no legislativo ou executivo. A escolha da cúpula eclesiástica, ou mesmo
a decisão isolada e motivada por interesses particulares de padres e pastores,
não deve ser a base usada por um eleitor para tomar sua decisão de voto.
Reconheço
a necessidade das correntes religiosas terem seus representantes políticos, mas
condeno quando isso suprime o intelecto das pessoas e se calca apenas na
mística espiritual que levanta “ungidos” para receber votos, sem que este abençoado
consiga por ele mesmo, por suas propostas e condutas, conquistar a mente e o
coração dos eleitores fiéis.
Não
julgo as religiões, ou faço juízo de valor sobre rituais e crenças, porém não
posso calar-me frente a algumas práticas inescrupulosas que visam beneficiar
projetos particulares, sobrepujando pessoas e se valendo justamente do que lhes
é mais caro, sua própria fé.
O
livro sagrado traz em si a seguinte mensagem: “conheceis a verdade e a verdade
vos libertará” (João 8:32), sendo assim, espero que neste pleito os líderes
espirituais exerçam seus ministérios para expor a verdade sobre os interesses
políticos de seu grupo, a verdade sobre os candidatos que decidiram “ungir” e
não se valham de artifícios, mitos, medos, ameaças ou versículos com números
subliminares na tentativa de cooptar votos.
Seja
um eleitor fiel, mas seja fiel apenas à sua consciência, sua racionalização das
propostas e condutas daqueles que lhe pedirão o voto. Não diga amém ao líder
religioso que tenta lhe catequizar sem ao menos explicar os motivos que o
levaram a proclamar o escolhido. Seja livre para fazer suas escolhas e tenha
coragem para arcar com os resultados delas.
Marcos
Marinho
Professor
e consultor político