Estamos em 2014, o ano
do Brasil. Decidi abrir este texto com tal frase porque ela realmente representa
a maior verdade que poderia escrever sobre o ano corrente.
Certamente alguns
leitores já projetaram em suas mentes a imagem da camisa verde e amarela da
Seleção que disputará a Copa do Mundo. Digo que não é este o motivo de ser 2014
o ano do Brasil. Simplesmente porque o Brasil a que me refiro não se restringe
a um time esportivo, com integrantes que não representam o povo brasileiro,
senão nos sonhos de meninos de pés descalços espalhados em campinhos de terra,
e que acreditam ser o futebol o único caminho para uma “vida boa”.
Estamos no ano do
Brasil, o ano em que poderemos exercer nosso poder, enquanto cidadãos, para
decidirmos o futuro desta nação. O maior evento deste ano não é a Copa, mas as
eleições.
Nesta disputa o prêmio
principal, em lugar de uma taça, são as vidas de 198,7 milhões de pessoas, e
todo esforço, trabalho e sonhos que com elas residem, durante, pelo menos, quatro
anos.
De que adianta uma taça
de ouro, se milhões de pessoas continuam vivendo com medo da violência,
sofrendo com transportes públicos indecentes, serviços de saúde indignos, sem
escolas e condições de ter uma educação real? Vivem sem perspectivas de evolução
e desenvolvimento social. De que adianta gritos de gol, se vivemos presos no
trânsito das cidades mal planejadas, se não podemos desfrutar da paga por
nossos esforços, pois grande parte do que recebemos é dragado pelos governos
para alimentar suas negociatas e joguinhos de toma lá, dá cá?
Não serão os dribles
dos jogadores- absurdamente bem pagos
para isso - que acabarão com a corrupção, a dilapidação do erário, a falta de
coragem e caráter dos mandatários desta nação, que abandonaram suas funções de
representantes do povo para refestelarem-se em banquetes, enquanto pessoas morrem
nas ruas cheias de marginais, e marginais morrem nas cadeias cheias de
imperadores do crime que nada respeitam e continuam a exercer seu poder
paralelo.
Tenho escutado pessoas
descrentes do sistema político, alegando que não sabem em quem votar neste ano,
afirmando que votarão nulo, ou que nem votarão. Alguns acreditam que ao anular
o voto estarão fazendo um protesto que ecoará entre as hierarquias do poder e,
de certa forma, ofenderá os políticos bandidos. Ledo engano! O voto nulo não é
computado como voto válido, e assim não tem efeito sobre o resultado da
eleição. Sobre ser um protesto capaz de mostrar a indignação popular e avexar
os políticos que serão eleitos com poucos votos, infelizmente lhes digo que
também não surtirá efeito. O mau político, aquele que realmente não merece seu
voto, não se importará de ser eleito apenas com um voto, o seu próprio.
Este é o ano do Brasil.
É o ano em que podemos decidir se vamos realmente vencer o jogo contra esta
realidade insuportável que está nos massacrando, tomando decisões mais
coerentes, avaliando melhor na hora de votar, não nos iludindo por fantasias
midiatizadas ou meia dúzia de dinheiros. O ano de 2014 está à nossa frente, não
para sermos espectadores de campeonatos de futebol, de festas carnavalescas ou
qualquer outro tipo de circo usado para nos tirar a atenção daquilo que é
importante. Este é o ano em que cada brasileiro deverá fazer uma escolha: se
omitir, se corromper, ou partir para guerra contra os
estelionatários da nação.
Marcos Marinho
Professor e
Consultor político